Monday, December 26, 2005



Sobrevivi!

Lamentavelmente, em especial este ano, não estava imbuída do espírito natalício que por aí rondava.
Tive Natais muito felizes quando era criança. Natais com a família toda reunida e com muitos muitos presentes. Lembro-me até de fazer uma composição sobre o Natal, na 3ª ou 4ª Classe e de dizer que não compreendia por que é que o Menino Jesus (sim, que o Pai Natal é uma modernice) me enchia de coisas, sabendo que havia outros meninos que não tinham a mesma sorte que eu. A minha professora da primária, uma açoreana rija, mulher robusta e lutadora, que guardo no meu coração, alterou-me a nota da composição de «Bom Grande» para «Muito Bom» e eu, na minha inocência de criança, não percebi por quê...
Hoje em dia, o Natal é uma época festiva, mas que me custa. Os meus avós já faleceram e os meus olhos já não são de criança... Além disso, e como se não bastasse, só a ideia da consoada parecia um terror. O que já de si não é fácil piora quando sentimos a falta de alguém que quis seguir um outro caminho, mas que, talvez ao contrário do que esse alguém poderá pensar, nunca esquecemos. Nem uma estrela fui capaz de colocar na porta...
Bem, tivesse eu um Natal tipo Bridget Jones, com um primo jeitoso com um camisolão ridículo com uma rena espetada, que talvez fosse mais divertido...
De qualquer das formas, passei uns momentos agradáveis com a família e, entre outras utilidades, recebi um conjunto de malas de viagem, que é como quem diz, um troley com o necessaire a fazer pendant. Como já só falta mesmo é o vaucher, a todos os quiserem contribuir terei todo o gosto e facultar-vos o NIB via e-mail...
A todos que aqui passaram pelo «paraíso», agradeço e retribuo os carinhosos votos de Feliz Natal e de 2006 com tudo de bom!
Posso desde já garantir que vêm aí muitos, muitos posts! Espero que gostem!
Volto dia 2 de Janeiro


Monday, December 19, 2005



A descoberta da pólvora? Não me parece!
A generalidade das mulheres tem uma atracção pelo impossível. Por isso se costuma dizer que as mulheres preferem os «sacanas» aos «queridinhos». Não é facto de haver uma forte possibilidade de se ser maltratada ou de vir a sofrer. É o desafio irresistível de moldar alguém, do desafio que é transformar um enfant terrible num verdadeiro príncipe. É também a arrogância de querer mostrar ao mundo que as outras são as outras e que só a «eleita» é capaz de domar a fera, logo não se confunde com o resto da espécie. Talvez por isso, os homens que em relações anteriores mal trataram as parceiras arranjam facilmente uma idealista que se acha com capacidade de reabilitação do «pobre incompreendido». Afinal, o mal estava na outra, a culpa era dela, aquela oferecida…

Mas o tempo dos «feios, porcos e maus», se é que o houve, foi ultrapassado por um novo tipo de homem, e não estou a referir-me ao tipo metrossexual .

Não conheço metrossexuais em Portugal. De qualquer forma, o que poderia atrair mais determinadas mulheres do que a conversão de um giraço gay em «príncipe hetero»? É que mesmo sabendo que se trata de «mercados diferentes», e que um homem gay e uma mulher nunca serão concorrentes cada vez mais o público feminino olha com cobiça para esses jeitosos que andam por aí… Mas um gay só poderá ser correspondido por outro gay, nunca por uma mulher, uma vez que são mundos diferentes.

A televisão, como meio poderoso que é, se, por um lado dismistifica as preferências sexuais do ser humano, também enaltece as qualidades de alguns gays que são tomados como paradigma do «homem ideal». Se pensarmos no lado inverso, as lésbicas também são mostradas como um «sonho de mulher» sendo a fantasia masculina mais recorrente ter sexo com duas lésbicas, correcto? Já num outro sentido, os heterossexuais são apresentados como uns autênticos trogloditas, que vivem sem quaisquer cuidados com a sua aparência, a casa ou a sua vida social. É o perigo de se tomar a parte pelo todo.


A comunidade gay portuguesa anda delirante com o novo reality show, de seu nome original Queer Eye For The Straight Guy, formato lançado em 2003 pela NBC Universal Studios nos States. Sobre o programa em si não me pronuncio. Não sou espectadora de nenhuma das versões, a portuguesa exibida num canal generalista e a segunda num canal de TV por Cabo.


Pronuncio-me, sim, relativamente aos moços, pois são de uma forma geral, bem apessoados e interessantíssimos. Diria mesmo, autênticos poços de sabedoria dessas coisas de estilo, etiqueta e bom gosto.

Homens hetero de Portugal, abram os olhos, porque há muito espaço para melhorar. Não é preciso chegar-se ao cúmulo do metrossexualismo, mas, como se diz agora: «há mínimos!».

Mulheres portuguesas, cuidado com as ilusões! É tentador pensar que um gay compreende melhor a alma feminina, que por teimosia, capricho ou desafio é possível ter-se um relacionamento emocional e/ou sexual com um gay.Mas não se pode ir contra a natureza, e contra factos não há argumentos.



Queer Eye For The Straight Guy: Ted Allen (Gastronomia), Kyan Douglas (Aparência), Thom Filicia (Decoração), Carson Kressley (Moda) e Jai Rodriguez (Cultura).

Foto 1: anúncio CK Obsession

Friday, December 16, 2005

HOJE EXCEDI-ME, MAS ENTENDO QUE FOI POR UMA BOA CAUSA. ESPERO QUE CONCORDEM COMIGO (não exactamente no conteúdo, mas na causa)

A atracção sexual não se baseia apenas no aspecto físico. Aliás, bonito e sexy são qualidades diferentes que podem, ou não, coexistir na mesma pessoa. A verdade é que há factores que actuam no ser humano, ainda que de um modo inconsciente, e que influenciam os comportamentos durante o processo de atracção sexual.

Ao que parece, a «química do amor» ultrapassa os 5 sentidos.

Ninguém duvida da importância que um olhar pode significar. Com os olhos também «falamos». Dependendo da expressão do olhar, conseguimos cativar ou repelir os outros. E, claro, a visão é o principal receptor de estímulos sexuais e iniciador de relações entre as pessoas. Podemos, mesmo, experienciar o chamado «amor à primeira vista». Judi James, autora do livro Sex Signs: Decode Them and Send Them, afirma que há diferença entre o flirting (galar, em bom português) e a paixão repentina, dizendo que os músculos da cara descontraem-se de tal forma que é visível a quem está a presenciar a cena de fora e é tão forte que, por momentos, podemos ficar irreconhecíveis.


a audição tem menos influência, mas mesmo não sendo um factor preponderante, também pode ser um importante catalizador de relações, uma vez que os sons mexem com as nossas emoções e avivam recordações. Que o diga Zézé Camarinha, esse guru do sexo, que deixa as garinas tontas com o «barulho das luzes» … E deduzo que não tenha aprendido isso nos livros. Nem isso, nem Inglês…

Quanto ao tacto, é inegável a sua contribuição essencial na forma como percepcionamos os outros e o mundo. Não é preciso dizer que em cada cm2 de pele existem 3000 células sensoriais, pois não?

Também não me vou alongar sobre o paladar. Basta dizer que o beijo é a forma mais elementar de comunicação sexual e que há alimentos que estimulam sexualmente algumas pessoas – morangos, por exemplo. Acho que a vossa imaginação consegue voar sem mais ajuda.



No que respeita ao olfacto, aí sim, tenho de me deter em pormenores, não tanto relativamente ao sentido propriamente dito, mas a algo mais sensível que temos junto ao orgão olfactivo, também chamado de 6º sentido.

Ainda que os perfumes e os cheiros tenham o seu papel no âmbito do processo de sedução e atracção sexual, estudos feitos em animais demonstram a actuação das feromonas como sinais químicos que permitem a comunicação à distância entre membros da mesma espécie. É o caso da complexa organização social das abelhas ou nas formigas, toda baseada na comunicação química. Muitas espécies, incluindo o ser humano, têm, nas fossas nasais, o minúsculo órgão vomeronasal (OVM), também chamado de «nariz sexual».

David Moran e Luis Monti-Bloch são os senhores mais entendidos nesta matéria do
OVM.

Contudo, não podemos confundir as feromonas com os odores. Embora presentes no suor, as feromonas são sinais químicos inodoros que actuam a um nível inconsciente. Existem, fazem das suas e nós não damos por nada. Quer dizer, temos consciência no momento posterior ao RGSSS, Já tá! (onde é que eu já vi isto?)

Biólogos, sexólogos e psicólogos não negam a existência de um processo físico (e químico) da atracção sexual, mas desvalorizam-no. Os mecanismos da inteligência desenvolvida pelo homem prevalecem sobre os estímulos criados para a perpetuação da espécie que, assim, podem racionalmente ser afastados.


Esta é uma tentativa com base na ciência de racionalizar o processo de atracção sexual (paixão) e de dar uma definição de Amor - algo que, supostamente, assenta no primeiro impulso que se sente pelos outros, que depois cresce e se desenvolve. Até porque as feromonas têm uma duração limitada e se há histórias de uniões duradouras e felizes, a resposta terá de estar muito para além do que é físico e passageiro.

Mas isso não resolve o meu problema (se calhar também vosso): será que amo ou apenas gosto da maneira como o outro me faz sentir, e fico «viciada» em mimos, nessa felicidade estrondosa que conseguem pequenos gestos de carinho e ternura? É aquele sorriso que faz milagres, aquele sms que veio mesmo a calhar, aquela flor arrancada às escondidas do jardim da vizinha, aquele beijo longo, demorado…

É que há uma outra teoria que entende o Amor como um droga, por causa da
dopamina estimulante natural ligado a todo o tipo de adicções. O álcool, a nicotina, a morfina – todas estas substâncias aumentam os níveis de dopamina. Ora, todas as adicções têm o reverso da medalha, ou seja, fase da tolerância, ressaca e recaída…. Mas hoje ficamos por aqui.

Fotos: 1 *Kazze* e 2 bellylou em www.flickr.com, 3 encontrada em (des)afinado

Thursday, December 15, 2005



AMOR do Lat. amore

s. m.,
viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos;
inclinação da alma e do coração;
objecto da nossa afeição;
paixão;
afecto;
inclinação exclusiva;

ant.,
graça, mercê.

com -: com muito gosto, com zelo;
fazer -: ter relações sexuais;

loc. prep.,
por - de: por causa de;
por - de Deus: por caridade;
ter - à pele: ser prudente, não arriscar a vida;
- captativo:vd. amor possessivo;
- conjugal: amor pelo qual as pessoas se unem pelas leis do matrimónio;
- oblativo: amor dedicado a outrem;
- platónico: intensa afeição que não inclui sentimentos carnais;
- possessivo: amor que leva a subjugar e monopolizar a pessoa que se ama; o m. q. amor captativo.

Definição em www.priberam.pt

Definição de Amor por Emilie Litré em Dicionário da Medicina e Cirurgia, 1875: um conjunto de fenómenos cerebrais...

photo by Stone Boy in www.flickr.com

Tuesday, December 13, 2005


O teste secreto

Bem, já não é tão secreto assim, mas noutros tempos este teste passava de pais para filhos, de irmãos para irmãos. Conhecido como o «teste do egoísmo», consistia, logo que oportuno, em abrir primeiro a porta do carro à potencial parceira, verificando se ela depois se inclinava para retribuir o gesto, abrindo a porta do lado do condutor. Se a moça não se mexesse sequer, era seguramente uma pessoa egoísta, logo chumbada e sem qualquer hipótese.
Hoje em dia, com a existência de fecho centralizado e do comando do alarme, este teste caiu em desuso. Já foi certamente substituído por outro que desconheço, esse sim secreto e que estou mortinha por saber…

Sunday, December 11, 2005


Violência Doméstica e Violência Conjugal

É preferível usar-se a expressão «violência conjugal» quando nos queremos referir às situações de violência na conjugalidade, ou seja entre pessoas que vivem em situação conjugal, casadas ou não.

Embora a opção por «violência doméstica» seja uma tendência internacional para designar o fenómeno da violência entre cônjuges, associando-se imediatamente ao ofensor-homem e à mulher-vítima, por ser essa a realidade mais comum, a verdade é que esta expressão abarca outras situações praticadas no contexto doméstico, tais como a
violência contras as crianças e contra os idosos.

Também convém distinguir entre violência sexual e violência conjugal, pois ainda que a primeira ocorra na segunda, é certo que a violência conjugal é cíclica e reiterada, enquanto que a violência sexual caracteriza-se por episódios, justificando-se, num e noutra caso, intervenções diferenciadas por parte de psicólogos, polícias, juristas, e todos quantos trabalham a favor das protecção das vítimas.

Thursday, December 08, 2005


Manual de instruções


Muitos homens e muitas mulheres costumam reclamar, chorar e gritar que o seu parceiro deveria ter um «manual de instruções». Mais, há medida que vão descobrindo como funciona o outro, queixam-se de publicidade enganosa e culpam a falta do referido «manual» como causa da sua desilusão.

Pergunta: Quem é que realmente lê os manuais de instruções? Se as pessoas tivessem «manuais de instruções», acabariam as desilusões e todas as relações passariam a funcionar às mil maravilhas? Não me parece.

Nas relações humanas temos que contar com a nossa intuição, perspicácia e bom senso. E ainda bem que nada está predeterminado e escrito num manual qualquer. Há linhas gerais que temos de adaptar às pessoas e às situações em concreto. Nada mais do que isso.

Monday, December 05, 2005


Segundas Edições? Só nos livros! *

Metáforas, comparações, parábolas… Acho-as a todas uma boa maneira de entender a vida e de passar esse conhecimento aos outros. É como se fosse uma ilustração e isso ajuda a que as nossas ideias sejam compreendidas.

Numa linguagem editorial, se olharmos para os relacionamentos como livros, se a coisa não correr bem, a experiência diz-me que não vale a pena insistir numa nova tiragem. A verdade é que a segunda edição, mesmo que tenha um novo prefácio, raramente será uma obra «revista e melhorada». Isso é verdade para os livros, não para as pessoas.

Aquela ideia de começar do 0 é um falso ponto de partida, pois, na realidade, parte-se sempre do -1, quando não do -2. O passado está lá e não desaparece só porque assim o queremos. É certo que devemos aprender com os nossos erros, sermos melhores como pessoas, lutar de forma adulta e responsável por aquilo que queremos e por quem amamos. No entanto, à mínima contrariedade, atiramos ao outro com o que supostamente estava perdoado, esquecido, ultrapassado. Na maior parte das vezes, aquilo que não gostávamos, seja na relação, seja no outro, não deixa de existir e há toda a probabilidade de se repetir. Se duas pessoas não funcionam em conjunto, nada como cada uma seguir o seu caminho e não perder a sua oportunidade de ser feliz.

Excepções? Existem, claro! Penso que Richard Burton e Elizabeth Taylor é o caso mais conhecido e explorado.

Visão pessimista? Talvez, mas não me tenho dado mal com esta forma de pensar. Tem-me permitido seguir com o meu projecto de vida. Tenho muitos livros por escrever. Os que estão escritos vão do cómico ao trágico, uns têm lombadas finas, outros alguns volumes. Ainda não perdi a esperança de conseguir uma obra-prima. Mas vou continuar fiel a este princípio: Segundas Edições? Só nos livros!

*Teoria da Eva
Foto encontrada em (des)afinado - http://dezafinado.blogspot.com

Wednesday, November 30, 2005



As mulheres são como ondas


Uma mulher é como uma onda: quando estiver a sentir-se realmente bem, atingirá o pico, mas depois, de repente, o seu estado de ânimo pode mudar e a sua onda pode quebrar; este mergulho é temporário; depois de atingir o fundo, de repente, o seu estado de ânimo mudará e senti-se-á, de novo, bem consigo própria.

Mesmo uma mulher forte, confiante e bem sucedida precisa de visitar o seu poço de vez em quando. Embora o ciclo de auto-estima de uma mulher não esteja necessariamente em sincronia com os seu ciclo menstrual, a verdade é que a média está nos 28 dias.

Esta tendência para ser como uma onda aumenta quando a mulher está num relacionamento íntimo. Não
afecta a mulher no seu trabalho, mas influencia bastante a sua comunicação com as pessoas que ama e das quais precisa intimamente.
Um homem sábio aprende a lidar com este ciclo feminino e ajuda a sua parceira a sentir-se segura para se levantar e cair, disfrutando ambos de um relacionamento que cresce em amor e paixão com os anos.
Foto s/t de João Miguel Vieira em www.olhares.com
Baseado na exposição de John Gray em Os Homens são de Marte e As Mulheres são de Vénus

Tuesday, November 29, 2005

Os homens são como elásticos!

A metáfora perfeita para entender o ciclo masculino de intimidade – o elástico. Esse ciclo natural envolve aproximação, afastamento e, de novo, aproximação.

Mesmo quando um homem ama uma mulher, periodicamente ele precisa de se afastar antes de poder aproximar-se. Geralmente, quando uma mulher começa a falar de sentimentos, o homem começa a sentir o impulso de ser afastar, pois os sentimentos aproximam e criam intimidade e quando um homem se aproxima demais, afasta-se automaticamente.

Um homem afasta-se para satisfazer a sua necessidade de independência e de autonomia, pois, até certo ponto, um homem perde-se de si próprio quando entra em conexão com a sua parceira. Quando sentir que está a esticar-se para muito longe, voltará instintivamente.

Se um homem não tiver oportunidade de se afastar, nunca terá a oportunidade de sentir o seu forte desejo de estar próximo. Quando um homem volta, retoma o relacionamento no mesmo grau de intimidade em que estava. Não sente qualquer necessidade de um período de re-adaptação, e isso dá com uma mulher em louca! Quando é compreendido este ciclo masculino de intimidade enriquece o relacionamento, caso contrário cria problemas desnecessários.
Baseado na exposição de John Gray em Os Homens são de Marte e As Mulheres são de Vénus

Friday, November 25, 2005

A vida está repleta de ritmos

«A vida está repleta de ritmos - dia e noite, quente e frio, verão e inverno, primavera e outono, céu nublado e céu claro. Do mesmo modo num relacionamento, os homens e mulheres têm os seus ritmos próprios. Os homens retraem-se e aproximam-se, enquanto as mulheres sobem e descem na sua habilidade de amar tanto os outros como a elas próprias.»
In Os Homens são de Marte e As Mulheres são de Vénus de Jonh Gray - Não é dos meus autores favoritos, mas consegue ter 2 ou 3 ideias com piada. Foi e continua a ser um best-seller! Também deste autor, ainda por desfolhar Marte e Vénus Apaixonados e Marte e Vénus Juntos Para Sempre.
Foto: O Beijo, Robert Doisneau

Wednesday, November 23, 2005


Realidade positiva de muitas mulheres que conseguiram seguir em frente

«Lembro-me agora de tudo o que vivi e parece-me que aconteceu a outra pessoa. Desde que o conheci que era ele quem impunha as condições: pensava que as mulheres eram todas perversas, e dizia-me que eu tinha de lhe provar que era uma excepção. Deixou-me sem dinheiro, sem amigos, sem família. Fez-me acreditar que era feia e gorda, que tinha o peito caído até ao chão, que a minha conversa era estúpida. Eu tinha a ideia errada de que ele era uma pessoa que tinha sofrido muito e pensava que se lhe provasse que o amava de verdade, ele passaria a ser aquela pessoa maravilhosa que, por vezes, se me tinha dado a conhecer.

Mas não, agora sei que ele era um psicopata possessivo: controlava a minha vida toda! Um dia, estava em de cama, com gripe, entrou em casa com uma rapariga e disse-me que iam fazer um trabalho no computador. Foi a última humilhação. Algo mudou em mim e, no dia seguinte, ainda com febre, levantei-me e deixei-lhe um bilhete: «Obrigada por me teres ensinado onde fica o inferno, mas podes arder lá sozinho!»

Fui para casa de uma amiga e ele assediou-me durante 6 meses. Foram meses de agonia, pois havia uma parte de mim que ainda gostava dele, de forma doentia, mas depois tudo passou. A minha raiva libertou-me e aprendi muito com aquela relação. Não tenho medo dos homens, mas aprendi que a vida pode ser desfrutada de forma plena; agora sei a quem dedico o meu tempo e os meus sentimentos. Estou feliz»

Adaptado de um testemunho real de uma mulher que deixou um marido extremamente destrutivo, apesar de não ser violento fisicamente («só» lhe bateu uma vez) descrito em «Amores que matam, assédio e violência contra as mulheres», de Vicente Garrido, psicólogo criminalista, professor na Universidade de Valência.
Imagem do Google: anúncio CK em Houston

Sunday, November 20, 2005


A Cabra e o Príncipe

«Já lhe aconteceu querer dar a alguém uma parte do seu eu e em vez disso acabar a comer uma fatia de bolo? Ou talvez o bolo todo?»

Descubram como uma pequena frase pode mudar a vossa vida e tornar-vos mais felizes!

Recentemente, uma amiga lembrou-me de uma «obra fundamental» que condensa e transcreve uma certa sabedoria popular, algo que todos nós sabemos, porque está dentro de nós. Por vezes, esquecemo-mo-nos de nós próprios, de tanto queremos agradar aos outros. E quem não gosta de afecto, de ter amigos, de ser amado?

Passei por uma fase em que estava a deixar para segundo plano o meu Eu, aquilo que gosto, aquilo que quero, aquilo que acho que todo o ser humano merece – respeito.

Quanto mais gosto de alguém, mais me custa dizer «Não». O «Não» não é necessariamente uma resposta negativa, mas sim aquilo que devemos dizer mais vezes, para nosso bem e bem dos outros. Estava tão preocupada em agradar ao outro, que vivia à volta dele em bicos dos pés, medindo cada palavra com medo de ser mal interpretada ou de ser acusada de falta de compreensão. E acabava por dizer «Sim» às coisas mais disparatadas ou a comportar-me em diversas situações de modo totalmente inverso àquele que faria se estivesse a pensar de forma racional e coerente com o que defendo e proclamo.

Deixei de estar sintonizada com a cabra que há em mim. Sim, é isso mesmo, a cabra que há em mim, a cabra secreta que existe em todas as mulheres e o príncipe secreto que existe em todo os homens. A cabra e o príncipe existem, podem é estar adormecidos, a precisar de serem despertados ou reavivados.

Passo, então, a explicar... Começo pelo conceito de toximpatia, ou seja, quando somos «simpaticozinhos», porque perdemos o nosso poder de afirmação, a assertividade, a coragem para dizermos aquilo que realmente pensamos porque não queremos magoar o outro ou porque «pode parecer mal» Isto chega ao ponto da simpatia se tornar tóxica!

Exemplo: Imaginem que estão cheios de trabalho, que a vossa secretária transborda de tanto papel por despachar, mas há sempre aquele colega que vos interrompe constantemente e vos pede isto, aquilo e o outro. Em vez de dizermos educadamente que naquele momento não é possível, que ele (ou ela) tem de se habituar a resolver as coisas sozinho, a usar os recursos que tem disponíveis (a intranet, a Internet, o 118, sei lá que mais – até porque vocês também o fazem), que não podemos passar a vida a fazer favores por tudo e por nada, enfim, acho que já compreenderam o que quero dizer. Pois é, mas ele (ou ela) até é um(a) giraço (a), é tão simpático (a), e «temos que ser uns para os outros», não importa o impacto que isso depois possa ter na nossa actividade. Verdade? Claro que não.

Há, pois, uma frase que nos pode ajudar a lidar com esta e todas as outras situações em que temos de pensar em nós, sob pena de nos estarmos a anular a nós próprios e a deixar que os outros interfiram irremediavelmente na nossa vida com consequências que estão à vista: «Não me parece!» Experimentem!

São 10 da noite, o telefone toca e do outro lado ouve-se: «Podes fazer 12 dúzias daqueles teus biscoitos fantásticos, daquela receita maravilhosa da tua avó (segredo de família) para a festa de amanhã?» - É só aquela amiga, que ficou de organizar um lanche surpresa para o aniversário de um outro amigo, coisa que está a ser planeada há 3 semanas e agora é que se lembra… De frisar que com ela é sempre a mesma coisa, cada vez que há algo para organiza, é a primeira a oferecer-se, mas ninguém tem coragem de lhe dizer que a organização não é o seu forte…

Dá para ficares com os cães durante as próximas 2 semanas? - a última vez que isso aconteceu, as 2 semanas foram, na verdade, 2 meses que o primo, o amigo, whatever, esteve desaparecido e incomunicável na Índia (no Vietname, no Nepal ou no Cambodja) e, imaginem, quem é que teve de alimentar os cães, passeá-los e etc. durante todo esse tempo?

«Podemos aumentar-lhe o seu trabalho sem o aumentar nem promover? É que, como sabe, a empresa anda em contenção de custos, estamos num pico de trabalho e você é um óptimo profissional, contamos consigo…»

Não me parece!


Digam «não me parece» de uma forma doce, cordial e até simpática. Simpatia não é o mesmo que submissão. Ser simpático é completamente diferente de ser «simpaticozinho». Podem treinar em casa! Se for necessário, acrescentem algo mais ao «não me parece», mas não se estiquem, pois a justificação em demasia é contraproducente, porque cai na desculpa atrás de desculpa, na lamechice atrás de lamechice e aí só nos enterramos em vez de sairmos de cabeça erguida.

A isto se chama estar sintonizado com a Cabra que Há em nós!

Lilith, que esteve para ser a primeira mulher de Adão, olhou para ele e disse: «não me parece». E lá foi ela acasalar para as margens do mar Vermelho, dando à luz a centenas de crianças – algum desse ADN está dentro de nós!

Um pequeno grande livro dedicado a todas as mulheres, mas cujo conteúdo é extensível a todos os seres humanos independentemente do sexo com que nasceram. Aconselho vivamente! Quem não conhece vai ver que não se vai arrepender de seguir este conselho!
Livros: «Descubra a Cabra Secreta que Há em Si» e «Guia da Cabra Secreta» de Elizabet Hilts, Editora Bizâncio

Friday, November 18, 2005

Mulheres, homens, amizades, cumplicidades...

Se uma mulher passa a noite fora e, no dia seguinte, diz ao marido que esteve em casa de uma amiga… O marido bem pode telefonar às 10 «melhores-amigas» da mulher, porque nenhuma delas vai saber de nada… Se for o marido a passar a noite fora e este disser à mulher que esteve em casa de um amigo, se ela ligar a 10 dos melhores amigos dele, 8 vão confirmar que ele lá esteve e 2 vão jurar que ele ainda lá está…
"Se fores chata, as tuas amigas perdoam. Se fores agressiva, as tuas amigas perdoam. Se fores egoísta, as tuas amigas perdoam. Agora, experimenta ser Magra e Linda"... 'Tás lixada!!!!"

Wednesday, November 16, 2005


Mulheres e Violência

Um dos temas na ordem do dia é a violência cometida contra mulheres, nomeadamente a violência conjugal (entre pessoas que vivem em situação conjugal, casadas ou não).
Embora, desde já, manifeste a minha condenação por atitudes extremistas, sejam elas quais forem, a verdade é que foram os movimentos feministas da década de 70 que deram visibilidade à violência contra mulheres e trouxeram este problema para a discussão pública.

Antes disso, a violência no seio do casal era vista como algo normal no relacionamento dos sexos, devendo a mulher submeter-se, primeiro à autoridade do pai e depois à do marido.

É de referir que antes da entrada em vigor do Código Civil de 1966, a mulher devia obediência ao marido e podia dedicar-se a algumas actividades, que não a educação dos filhos e a economia do lar, como era o caso do comércio, se o marido a tal autorizasse… Isto para não falar no direito de voto que apenas foi conferido a todos os homens e mulheres maiores de idade em 1976 com a Constituição da República Portuguesa…

Ou seja, às vezes pensamos em realidades que não são assim tão distantes no tempo… Afinal, eu ainda sou do tempo em que havia 2 canais públicos, a preto e branco e a única televisão da casa estava na sala… A minha irmã é que já é da era da MTV, da televisão a cores no quarto e do leitor de CD´s… E eu não sou pertenço propriamente à 3ª Idade!

Infelizmente, apesar do ponto de vista legal homens e mulheres serem iguais e terem direito às mesmas oportunidades, a verdade é que há uma imensidão de mulheres que vive na ignorância dos seus direitos e das formas de os poder exercer, resignando-se com situações que elas próprias vêem como naturais.
A violência doméstica ainda é um assunto tabu, ressalvando-se o esforço de instituições privadas de solidariedade social, dos meios de comunicação social e das campanhas institucionais do Estado para denunciar o problema. Contudo, a mentalidade portuguesa ainda vê o que se passa entre quatro paredes como domínio privado dando continuidade à crença popular de que «entre marido e mulher, não metas a colher».
Embora a violência contra mulheres seja, normalmente, de ordem física e psicológica, e ocorra no espaço doméstico, ela também acontece no local de trabalho (discriminação sócio-cultural) e na rua (violência sexual). Trata-se, pois, de um fenómeno complexo, multidimensional, transversal a todas as classes sociais, idades e religiões. A perpetuação do flagelo conta ainda com a vergonha e passividade da maior parte das mulheres que se remete ao silencio e à mercê dos agressores.

As razões da permanência das mulheres em relações onde são maltratadas são, sobretudo, devidas às pressões sociais e à sobreposição do valor social da manutenção da família em detrimento da sua dignidade e integridade (física e psicológia).

Já da parte dos agressores, a violência conjugal surge por questões de stress, frustração, dificuldades financeiras e associada a dependências como a álcool e a droga. No entanto, isto não explica porque é que homens submetidos a essas condições não agridem as companheiras e, também, porque é que a regra é a violência ser exercida por homens sobre mulheres e não o contrário.
Numa perspectiva feminista, a violência conjugal é uma das facetas de um problema social mais lato: a violência dos homens contra mulheres e a subalternidade que tem colocado as mulheres num plano social desigual – veja-se a discrepância de salários de homens e mulheres em igual posição hierárquica, por exemplo. Conclusão: concordando com esta afirmação, se calhar sou feminista e só agora o estou a descobrir…
Seja como for, a violência contra mulheres é um tema que me é caro, faz parte da minha vida como profissional e como ser humano, razão pela qual será recorrente aqui no meu «canto». Só espero, ainda que de forma modesta, poder contribuir para a divulgação deste problema social. Se não for pedir muito, já que nesta vida já vi acontecer tanta coisa (de 2 canais a preto e branco agora tenho tantos que nem são realmente quantos são, e todos a cores!), talvez, daqui a uns anos, possamos viver num mundo em que as relações entre casais sejam saudáveis e sem violência… (Não, não acredito no Pai Natal, nem no Coelhinho da Páscoa, agora a Fada dos Dentes nunca me falhou…).

Saturday, November 12, 2005



Tudo sobre Shere Hite

Shirley Diana Gregory, mais conhecida por Shere Hite (apelido que foi buscar ao padrasto Raymond Hite), nasceu a 2 de Novembro de 1942 em St. Joseph, Missouri. Foi criada pelos avós, uma vez os pais se separaram quando Shere tinha apenas 3 anos. Até aos 14 anos sonhou com uma carreira na música como compositora, mas, por influência do seu avô, prosseguiu os seus estudos interessou-se por História. Esteve na Universidade da Florida onde se formou. Mais tarde, mudou-se para a Big Apple por causa do doutoramento em História do Pensamento Ocidental na prestigiada Universidade Columbia, enquanto trabalhava como modelo, chegando a posar nua para a Revista Playboy.

A necessidade de lutar pela valorização da mulher surgiu após Hite ter sido escolhida num casting para um anúncio de televisão onde era suposto passar por secretária que dactilografava com rapidez. Alheia ao slogan que viria a acompanhar as imagens, Shere ficou chocada quando se deu conta que era algo do género: «tão bonita que nem precisava saber dactilografar…».
Entre 1972 e 1978, Shere Hite foi a Directora do projecto feminista de sexualidade da National Organization for Women (NOW). Desengane-se quem tem a ideia preconcebida de que uma feminista não é feminina, que não passa de uma mulher revoltada com o seu próprio sexo, uma mulher que na realidade sempre sonhou ser homem e que procura a todo o custo disfarçar as suas formas. Shere Hite é uma feminista assumida, que há mais 25 anos luta pelos direitos das mulheres e mais parece uma barbie, muito alta, muito loura e sempre com roupa justa e coleante a demarcar-lhe o corpo. Consciente da sua feminilidade, Hite sustenta que a «a roupa feminina é um sinal de superioridade da mulher».

«Relatório Hite sobre a Sexualidade Feminina» – a primeira pesquisa realizada por uma mulher sobre mulheres - é o resultado de uma série de inquéritos com garantia de anonimato das entrevistadas que envolve uma nova teorização do orgasmo feminino - tema que justifica um post especial...

Publicado pela primeira vez nos EUA em 1976, o impacto foi tal que o Relatório Hite é considerado um dos 100 livros fundamentais do século XX. A obra é editada em Portugal em 1978 e, recentemente, chegou à China, onde os manuais de Educação Sexual contêm transcrições e reproduções parciais sem autorização da autora!

Segue-se em 1981, «The Hite Report on Male Sexuality» com base em mais de 7.000 inquéritos a homens, entre os 13 e os 97 anos de idade, sobre seus medos, segredos, práticas e preferências sexuais.

«As Mulheres e o Amor: uma Revolução Cultural em Progresso» data de 1987 e contém mais uma conclusão que abala o mundo:
70% das mulheres casadas são infiéis!

Duras críticas insurgiram-se contra Hite por vários sectores da sociedade, incluindo grupos feministas, reclamando que o trabalho da investigadora é polarizado por aspectos da realidade social dos EUA. Hite foi acusada de não ter base científica para as suas afirmações, que o número de questionários analisados é pouco expressivo (4.500!), do seu trabalho ser considerado pouco sério e que as suas conclusões pecam pela falta de fundamentação.

As editoras americanas recusavam-se a publicar os trabalhos de Hite e comunicação social era impiedosa com a investigadora. Sendo a favor do aborto, Hite foi ameaçada de morte no seu país natal por grupos pró-vida. Em 1996, renuncia à nacionalidade americana e adopta a alemã, passando a viver em Colónia com os seu marido desde 1985 Friedrich Horick, pianista, (a título de curiosidade, 20 anos mais novo que Hite), mantendo casas em Londres e Paris, dada a sua activa vida profissional.
Obras:

Sexual Honesty, by Women, For Women (1974);
The Hite Report on Female Sexuality (1976);
The Hite Report on Men and Male Sexuality (1981) ;
Women and Love: A Cultural Revolution in Progress (The Hite Report on Love, Passion, and Emotional Violence) (1987);
Fliegen mit Jupiter (1993) -Romance;
Women As Revolutionary Agents of Change: The Hite Reports and Beyond (1994);
Hite Report on Shere Hite: Voice of a Daughter in Exile (2002) – Autobiografia;
Ethics of Sexuality in Business and Workplace (2003);
The Shere Hite Reader : Sex, Globalization, and Private Life (2003
).



Onde anda Shere Hite?

E onde anda a senhora do anúncio da Planta, aquela que dizia: «eu cá sou uma lambona!»? Passo a publicidade, mas dessa «amiga», nada sei. Quanto a Shere Hite, continua activa por esse mundo fora, incansável com os seus «relatórios». Ainda bem para nós, mulheres e homens.

Directora da Hite Research International, organização que se destina a estudar a situação da mulher no mundo, Shere Hite é professora universitária e escreve para jornais de 10 países diferentes, tais como Washington Post, Corriere della Serra, The Observer, Berliner Zeitung e Der Standard.

Tendo leccionado a cadeira de Sexualidade Feminina na Universidade de NY (1978-1988), e de ser professora visitante da Universidade de Nihon, no Japão (1992-2002), Hite continua a ser uma autoridade em Identidade Psico-Sexual, matéria que aborda nas Universidades de Harvard (EUA), McGill (Canadá), Sorbonne (França), Oxford e Cambridge (Reino Unido) e Roma (Itália).

Em Abril de 2000, Hite publicou «Sex and Business – Ethics of Sexuality in Business and Workplace», 221 páginas de revelações surpreendentes sobre a mulher no trabalho e nos negócios.
Curiosamente, as traduções das obras de Hite são quase todas em português do Brasil... Será a mentalidade portuguesa pouco dada a estas coisas?

Official website:
www.hite-research.com

Monday, November 07, 2005


Afinal havia outra…

Lilith é uma figura mitológica. Banida da bíblia, é citada na Cabala como a primeira mulher, criada ao mesmo tempo que Adão, tendo por isso os mesmos direitos que ele. O conflito eclode quando Adão lhe pede a posição do missionário e Lilith a recusa, interpretando nela uma submissão, sujeição a Adão. Lilith pronuncia então o inefável nome de Jeová e esvai-se no céu. Foi viver para uma caverna no Mar Vermelho. Aceitou os demónios como amantes e em pouco tempo gerou milhares de pequenos demónios. Aparecem alguns textos referentes a Lilith no Antigo Testamento, porém o seu nome nunca é invocado. O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais.

Picture: Lilith de John Collier


Adão e Eva vão às compras

Os comportamentos dos homens e das mulheres relativamente a hábitos de consumo são substancialmente diferentes e cedo o Marketing se apercebeu que, para potenciar vendas, era necessário ter em conta as características do target a atingir.

Que homens e mulheres têm dificuldade de ir às compras sem brigar, ninguém contesta. O que poucos sabem é que a falta de sintonia não é pura implicância. É o resultado da maneira como cada sexo resolve a equação cujas variáveis são tempo, dinheiro e bens consumidos.

Os especialistas dizem que os homens andam rápido pelos corredores dos shopping centers, são avessos a perguntas de vendedores, levam 70% dos produtos que experimentam, sendo objetivos: preferem olhar, pegar, pagar e ir embora. Também adiam as compras sempre que possível. Já as mulheres... Bem... Fazem exactamente o contrário: encaram as compras como um programa de lazer, gostam de desfilar pelos corredores dos shoppings e não têm pudor de pedir a uma vendedora que literalmente retire os produtos das prateleiras ou da montra para escolher uma simples camisa branca ou um par de escarpins pretos.

A organização das grandes superfícies surgiu em França tendo como modelo o típico casal francês. Por alguma razão, quando entramos num hipermercado, deparamo-nos logo, após as promoções do momento («regresso às aulas», etc.) com os artigos auto, o alta fidelidades, as tintas e as ferragens… Lá vai o Adão directo ao assunto, enquanto a Eva deamboleia pelas roupinhas e pelos artigos de higiene e limpeza, deixando as crianças entretidas com os livros e com os Cd´s…

O segredo do sucesso está adaptar os produtos e a própria loja a ambos os sexos. Por exemplo, atrair o homem gourmet com utensílios domésticos de design inovador ou arranjar um «poiso para maridos» - um local confortável recheado de mimos, como revistas, internet, água e cafézinho…Para além de potenciar vendas, medidas como estas talvez contribuam para reduzir os índices de divórcio…

Picture: Adão e Eva de Albrecht Dürer, 1507 , Museu Nacional del Prado, em Madrid.


Descobrindo o sexo...

Numa das versões sobre o começo da Humanidade, diz-se que a Serpente , personificação da desobediência e da provocação a Deus, usou todas as artimanhas que sabia para convencer Adão e Eva a comer o fruto proibido.

Por isso mesmo, resolveu começar pelo «elo mais fraco» e rondou o Adão com uma conversa insinuante:

- Gostarias de fazer amor com a Eva, Adão? Começar a povoar a Terra? Então... Vá lá, dá-lhe um beijo! Tudo bem... - concordou Adão: - Mas o que é um beijo? Então a Serpente deu a Adão uma breve descrição de um beijo e este tomou Eva pela mão e levou-a para trás de um arbusto. Alguns minutos depois, Adão voltou e disse:- Obrigado, Serpente! Foi muito bom! A Serpente apressou-se a responder:- Eu sei, Adão. E isso é só o começo... Agora faz-lhe umas carícias….- Mas o que é uma carícia? - perguntou o inocente Adão. A Serpente deu a Adão uma breve descrição de uma carícia e este não perdeu tempo a correr com a Eva para trás do arbusto. Alguns minutos depois, Adão voltou com um sorriso nos lábios e disse:- Serpente, isto ainda é muito melhor que um beijo. Manhosa, a Serpente disse: - Agora quero que faças amor com Eva.- O que é fazer amor? A Serpente deu a Adão uma breve descrição do que é fazer amor e novamente este levou Eva para trás do arbusto. Só que desta vez ele voltou depois de poucos segundos.- Serpente... O que é dor de cabeça?
Picture: Hieronymus Bosch - The Garden of Earthly Delights

Sunday, November 06, 2005


Tudo sobre Eva...


Surge hoje, sob o signo de Escorpião, Eva e o seu espaço virtual - «Tudo sobre Eva».
Símbolo da Vida e da Mãe Natureza, Eva, a mulher entre as mulheres, é identificada com outro símbolo da mais alta importância do ponto de vista místico: a maçã. Relacionada com a conquista ou perda do paraíso, a maçã é também o símbolo dos desejos terrestres e do pecado... Daí que sonhar com maçãs possa significar tanto a conquista dos maiores ideais, como remorso ou arrependimento por culpa cometida.
Desde a maçã de Adão e Eva até o pomo da Discórdia, passando pelo pomo de ouro do jardim das Hespérides, encontramos, em todas as circunstâncias, a maçã como um meio de conhecimento. Ela está carregada de duplicidade pois, ora é o fruto da Árvore da Vida que está no meio do Paraíso e ora é o fruto da Árvore da Ciência do bem e do mal que, paradoxalmente, lá também se encontra. Pode ser, portanto, conhecimento unificador que confere a imortalidade ou conhecimento desagregador que provoca a queda.
Espero que Eva encontre o seu lugar na blogoesfera, que seja provocadora, divertida, determinada, sempre independente e corajosa, digna do ícon do Universo feminino. Um olhar sobre aquilo que mais me intriga como ser humano: a descoberta do Outro, os relacionamentos afectivos, as diferenças e semelhanças entre dois mundos distintos que se completam mas que serão eternamente desconhecidos - e aí reside o grande desafio.