Sunday, January 29, 2006

O sexo – na cidade, na praia, no campo…
Two people 6 - Cores

Fala-se muito de sexo. Todos os dias, a todas as horas, há muita gente a falar de sexo. Na grande maioria das vezes, não com a melhor das intenções, não com a melhor forma nem com o melhor conteúdo.

Fala-se tanto de sexo porque, durante séculos, se propagou a todas as sociedades uma sexualidade reprimida e contida pois, intencionalmente, ao serviço de um jogo de interesses, relegou-se para um plano profundo o facto de que sexo é uma energia biológica inata.

Somos fruto de tradições repressivas – cristã, hindu e muçulmana. Resultamos de educação pela negativa – «não faças isto, não faças aquilo». Todas as religiões assentam numa ideia de controlo da natureza do homem e de condenação do sexo. O sexo assume, assim, conotações de pecado, profano, proibido, mundano.

Sexo é energia. Tal como as águas barradas à força entre diques que acabam por ceder, a repressão sexual levou ao surgimento de outras formas de expressão: a pornografia e as perversões – consequência inevitável um fluxo natural de energia que é interrompido e se revolta contra esse impedimento.
Two people 5 - Cores

Ora o sexo é como respirar - faz parte da sabedoria do próprio corpo. Não nos detemos a pensar no funcionamento do aparelho respiratório, a não ser que algo não esteja bem. Pense-se uma situação de insuficiência respiratória em que se torna pensar de cada vez que se inspira e expira – é completamente anormal!

Por isso se fala tanto de sexo. Ainda bem que, de uma maneira ou de outra, se fala de sexo. Hoje em dia, apesar da repressão em que insistem alguns fanáticos da religião (seja ela qual for), aqui e ali já existem pessoas que encaram o sexo com naturalidade, como um caminho, quer para a descoberta de si próprios, quer para a descoberta do amor e, por conseguinte, da meditação.

A primeira etapa do processo consiste assumirmos que somos os únicos responsáveis pelo nosso próprio prazer. Sexo é prazer. Desenvolvendo a habilidade de explorar as nossas capacidades sexuais - sem culpa, sem medo, sem preconceitos – estaremos a criar sozinhos todas as condições de nos relacionarmos com os outros.

É muito mais fácil falar de sexo do que falar de amor. O amor é um fenómeno que resulta da consciência humana. Os animais apenas se reproduzem, não amam. Poetas, escritores, realizadores de cinema, psicólogos, antropólogos, médicos, simples mortais: todos se envolvem na descoberta, na definição, na análise, na dissecação do que é o amor. O amor é, pois, um fenómeno humano passível de experimentação, mas de difícil explicação.

O sexo não é amor. Mas faz parte do caminho para o amor. Por sua vez, o amor leva-nos à meditação.
Two people 7 - Cores

Sexo, amor e meditação: os três vértices do triângulo.

Quando dois corpos (sexo) se juntam em harmonia (amor), ambos deixam de existir em separado para existirem como um só, ainda que por uns escassos segundos. Não há pensamentos, não há futuro, só aquele momento que é presente. O orgasmo é, então, o vislumbre de um estado de total ausência de tempo e de pensamento, a consciência pura e a mais básica forma de meditação – o atingimento do samadhi ou hiperconsciência.

Conclusões:

1) Há sexo pelo sexo: pode ser bom ou decepcionante, pode ser passageiro ou regular; Há amor sem sexo: é uma opção ou uma consequência de um amor platónico, não correspondido, por exemplo; Há sexo com amor.

2) O bom sexo é relativo, porque depende de outras variáveis como seja a relação com o próprio corpo, a relação com o outro.

3) O que é bom no sexo é o amante – sim, na perspectiva de que é com aquela pessoa que se quer estar, que há pessoas que se conhecem bem a si próprias e melhores condições têm de se relacionar com os outros.

4) Sexo e educação sexual são realidades diferentes, tal como o sexo é independente de questões morais e religiosas, embora não seja isso que há séculos é veiculado.

5) Sexo é prazer – então, não? Até para os animais é prazer, porque não havia de ser para nós humanos?

Este texto é dedicado a todos os que têm visitado este paraíso, em especial àqueles que participaram activamente no debate de ideias despoletado pelo post O Sexo e as Cidades.

É uma reflexão com base na minha experiência pessoal, na minha visão da vida para a qual em muito contribuem os ensinamentos de Osho, goste-se ou não, um dos 1000 Construtores do Século XX.

Friday, January 27, 2006

Não aconselhável a tímidos!

Andava eu nos meus passeios pela blogoesfera e afins, a poisar aqui e ali, qual abelha de flor em flor, quando me deparo com esta decoração de wc!

Apreciadora do que se vai fazendo pelo mundo fascinante do marketing e publicidade, atenta à novas formas de fazer chegar a mensagem ao público alvo, admiradora da criatividade e da inovação, a verdade é que fiquei perplexa, estupefacta!

Se fosse homem sentir-me-ia, no mínimo, intimidado!

Uma pessoa num momento de necessidade precisa de alguma concentração...

Este wc pertence ao Hotel Sofitel em Queenstown, Nova Zelândia. Tem 5 estrelas, custou 45 milhões de dólares e foi feito um claro apelo à novidade, ao diferente, para definir o posicionamento. O hotel tornou-se mundialmente conhecido não pelo luxo dos salões ou dos quartos, mas sim pelo wc masculino...

O wc feminino que não mereceu esta atenção nem estes detalhes.

Entretanto, como gosto sempre de aprofundar conhecimentos, descobri que existe um Centro Internacional para Etiqueta de Banheiro, um museu de casas-de-banho e uma organização que se ocupa de todos os assuntos referentes a sanitários - a World Toilet Organization.

Sempre útil,
Wikipédia também dispensa na versão em inglês um artigo dedicado à Toilet.

Ainda sobre o wc masculino mais famoso do mundo: o
video

Wednesday, January 25, 2006

Acontece aos melhores!

Ah, poizé! Até os «topos de gama» levam as suas tampas!

Desconfio que sou a primeira mulher a referir-me a alguns espécimes do sexo masculino que andam por aí como «topos de gama», e, na verdade, não estou bem certa de estar a fazer uma aplicação correcta da expressão. As mulheres podem referir-se a um homem como «jeitoso», «giraço», «pedaço de mau caminho», agora daí até ser um «topo de gama»…

Desculpem lá generalizar, mas parece-me que é mesmo assim que a coisa funciona: «topo de gama» ou «avião» são termos que uma mulher não aplicaria a um homem. Mas tudo é discutível, e ainda bem que assim é.

Adiante, acreditando num artigo que li há tempos numa revista feminina, alguns galãs confessaram os fracassos das suas investidas:

George Clooney
Houve uma actriz italiana (?) a quem o actor manifestou o seu interesse, mas ela respondeu-lhe: «Ah, queres dizer que mais ninguém quer dormir contigo hoje!».
António Banderas
Depois de umas quantas saídas com uma «jeitosa» (pressuponho que antes da Melanie) teve de engolir: «Pensas que por termos bebido uns copos juntos eu quero ir para a cama contigo? Não estou interessada em ti dessa maneira, mas és como os outros homens, só pensas em sexo».
Ben Affleck
Conversa puxa conversa com uma «moçoila» e o actor pensou que a coisa até estava a rolar. Eis que ela lhe diz: «Não pensaste que eu ia contigo para casa, pois não?».
David Duchovny
Andava ele com o ego lá muito em cima, por causa dos X Files, mas, quando resolveu engatar uma «garina» num bar, não contou foi com este «ficheiro»: «Olha, se queres sexo barato esta noite, tenho a certeza que encontras aqui muitas adolescentes estúpidas, OK?»

Claro que com as «jeitosas», isso das negas também acontece. Consta, por exemplo, que a Julia Roberts levou uma tampa do «amor da sua vida» e teve que partir para outro(s). O mesmo terá sucedido a Nicole Kidman, ainda antes do casamento com Cruise.Claro que nestas coisas de beleza não há consenso.

Já que estamos numa de constatações, parece que só há uma pessoa que é consensual para homens e mulheres: Angelina Jolie! Ela não se faz rogada, porque marcha tudo! Num inquérito feito a mulheres hetero, foi perguntado se tivessem que ter sexo com outra mulher quem escolheriam e a Angelina foi a eleita pela maioria. Quanto aos cavalheiros… Acho que a resposta quanto à encarnação de Lara Croft seria algo como: «É já a seguir!»

Sunday, January 22, 2006


O sorriso de Mona Lisa

Dispensa apresentações o quadro mais famoso e enigmático de Leonardo Da Vinci.

Mona Lisa, Gioconda, o certo é que o mais célebre dos retratos já foi alvo de uma centena de estudos dos mais variados e base de outras tantas teorias – nem a Freud escapou!

Se Mona Lisa fosse viva, bem como Leonardo Da Vinci, certamente estariam os dois algures a rir às gargalhadas de tanto trabalho que têm dado a tanta gente!

Leonid L. Kontesevich e Christopher W. Tyler questionaram-se se se seria a boca ou os olhos que comunicam tristeza ou alegria.

Com base no quadro de Da Vinci, concluíram que os olhos não veiculam emoções de tristeza ou de felicidade, mas intensificam o tom expresso pelos lábios. Dito de outra forma: o «espelho da alma» é a boca, não os olhos! Dizem eles que nós projectamos sobre os olhos o efeito induzido pela configuração da boca.

Maria Teresa Cattaneo, psicóloga da Universidade de Milão, critica o trabalho de Kontsevich e Tyler contrapondo que o normal quando olhamos para alguém é avaliar o todo (olhos, boca, rosto…) e não um elemento em particular. Boa Maria Teresa, digo eu, que não estudei a fundo a questão, mas concordo plenamente com uma avaliação global e não apenas de parte, o que tornaria redutor a percepção do outro.

Já a neurobióloga Margareth Livingstone apresentou a sua teoria sobre o sorriso de Mona Lisa não passar de uma ilusão óptica, criada no séc. XVI por Leonardo Da Vinci, no Congresso Europeu de Percepção Visual (ECVP 2005), realizado na Corunha, Espanha.

Segundo Livingstone, o olho humano tem uma visão central, muito boa ao nível do reconhecimento de detalhes, e outra periférica, menos precisa, mais adequada para perceber as sombras.

Ora o mestre Da Vinci, pintou o sorriso de Mona Lisa usando sombras, pelo que basta os lábios da dama ficarem no campo da visão periférica para que os olhos processem a imagem de um sorriso.

Professora em Harvard, Livingstone estuda também o facto de muitos génios da pintura sofrerem de alguma deficiência visual. Tomando por exemplo Rembrandt, esta neurobióloga sustenta que o estrabismo do pintor, implicando uma percepção pobre da profundidade, se tornou uma vantagem na modulação do mundo tridimensional numa tela plana.

Também recentemente, um estudo da Universidade de Amesterdão em colaboração com a Universidade de Illinois nos EUA, concluiu que o sorriso de Mona Lisa pertence a uma mulher 83% feliz, 9% enjoada, 6% atemorizada e 2% incomodada (?). Através de um computador que reconhece as emoções humanas, o intuito do estudo prende-se com os distúrbios psíquicos (?).


Para Ute Erhardt, psicóloga e psicoterapeuta, autora de «As Boas Raparigas Vão Para O Céu, As Más Vão Para Todo O Lado», Mona Lisa é o ícone da submissão feminina, a expressão da mulher que se esquece e se anula a si própria em detrimento dos outros, que procura a todo o custo compreender e ajudar; uma mulher sem auto-estima, que se vitimiza, que renuncia aos seus desejos e exigências, carregando o mundo às costas, com um sorriso…


Fotos: Filme de 2003, O Sorriso de Mona Lisa ou Mona Lisa Smile de Mike Newell

Friday, January 20, 2006




Fruta da época
Em altura de eleições – legislativas, autárquicas, presidenciais – além da preocupação óbvia com o destino do país, impera o desinteresse generalizado pela política, o encolher de ombros de um povo que já não acredita…

A classe política não ajuda, os orgãos de comunicação em pouco contribuem para um debate de ideias que não existem. A preocupação está no insólito das campanhas, no confronto pessoal entre candidatos e partidos, cujos programas há muito se esbateram e confundem.

Houve o tempo em que se distinguia perfeitamente a ala esquerda da direita; hoje, em bom rigor, todos vestem Armani, todos frequentam os mesmos cinemas, os mesmos restaurantes, os mesmos bares. Depois há os que se dizem operários, mas já não se lembram bem do que isso é, excepto quando pregam umas estacas, uma vez ao ano, na festa do partido; há os que se dizem professores, não assumindo que são reformados da política que se ocupam a dar aulas; há os que se dizem advogados puxando os galões de uma formação académica desactualizada porque não exercida verdadeiramente na prática; há ainda os outros que estão em todas, porque é preciso estar, ser visto, agitar um bocadinho a malta, porque quem não aparece, esquece.

Contudo, neste contexto, compreendendo a posição que caracteriza o português comum, o que me faz realmente impressão é a elevada abstenção.

Passo, pois, a explicar:

- O não votar, mais do que o não exercício de um dever cívico, é um desrespeito por todos aqueles e aquelas que lutaram durante séculos para que hoje todos pudesse-mos ter direito de voto, independentemente da raça, sexo, condição social;

- O não votar consubstancia uma demissão das responsabilidades, que facilita o uso da frase: «eu nem votei nele, quer dizer, nem nele nem noutro, eu nem sequer votei…»

A luta por este direito com tudo o que ele implica vem desde a Revolução Francesa, luta que ainda continua em países onde vigoram regimes não democráticos e onde se desprezam os Direitos Humanos.


Relembro a luta das Sufragistas pelo sufrágio universal, mulheres que lutaram por um direito que cabia, e cabe, a mulheres e homens.

Visando o direito ao voto, os movimentos sufragistas reclamaram para a mulher um novo papel na sociedade. Foi o início de um longo percurso que estendeu às mulheres uma igualdade de direitos em relação ao homem, não só no que respeita à família, educação e trabalho, mas também ao nível do vestuário, sexualidade e costumes.


Entre 1914 e 1945, o sufrágio feminino foi adoptado por 33 países.

Em 1952, a Assembleia-geral da ONU aprovou a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher, segundo o qual "as mulheres devem ser capacitadas a votar em todas as eleições em termos de igualdade com os homens, sem qualquer discriminação."



Votar é um direito-dever: é influenciar o destino do país participando na vida pública e honrar quem lutou, sofreu, morreu, por um sistema democrático, por uma sociedade mais justa e igualitária.


Sugestão: Filme de 2004 sobre as sufragistas americanas, de título original Iron Jawed Angels com tradução para português Anjos Rebeldes, com Hilary Swank Anjelica Huston Frances O'Connor e Julia Ormond .

No Século XIX, Estados Unidos. Duas mulheres arriscam suas vidas pelo direito de votar. Juntas desafiam as forças conservadoras de seu país para a aprovação de uma emenda constitucional que mudará seu futuro e o de muitas outras. Produção original HBO nomeada para Emmy´s e que valeu a Anjelica Huston o Globo de Ouro de Melhor Actriz Secundária em Mini-série ou Filme Feito para TV.



Tuesday, January 17, 2006



O sexo e as cidades

Lisboa, Madrid, Paris, Londres, Amesterdão, Berlim… NY, Toronto.

De cidade para cidade, na cultura ocidental, não hão-de ser assim tão diferentes os desejos e anseios das pessoas. Ainda que as formas de corte possam ter as suas nuances, no fundo o que todos procuramos é: o amor, o amar e ser amado.

O sexo pode ser um meio e um fim, ou seja um instrumento que nos serve para alcançar um determinado objectivo ou ser o próprio objectivo. É uma questão de perspectiva. Fruto da vontade ou da situação em si, chegamos ao sexo porque:

- Nos apeteceu;
- Se proporcionou;
- Queremos algo em troca;
- Queremos celebrar o amor.

As duas primeiras razões são exemplo do sexo pelo sexo, casual sex ou one night stand, o chamado «sexo sem consequências». Nada podia ser mais enganoso: sexo tem consequências! O envolvimento emocional pode ser mínimo, mas dentro de nós algo muda e, às vezes, só mais tarde damos por isso.

O sexo pelo sexo pode ser uma forma de estar na vida. Recordo o típico ludus (termo grego de significado idêntico ao latim ludu, jogo), o sedutor que apenas vive do prazer do momento, que se importa só com o presente sem pensar muito no amanhã; mesmo no seio de uma relação duradoura, procura encontros fugazes, nem que seja para tentar provar a si próprio que é sexualmente livre. Longe de quaisquer julgamentos ou valorações de conduta, é apenas uma forma de estar na vida, só isso.

O sexo com o intuito de receber algo em troca é, para mim, a pior das modalidades. Não quer significar a venda do corpo, que essa é uma transacção comercial discutível e considerada como negócio ilícito na maior parte do mundo. Também não tem a ver com o pagamento de favores, que essa é, para mim, outra forma de transacção, muito embora já fora do conceito de «prostituição»,
que implica dinheiro. O grave está na utilização do sexo como meio de busca de afecto. Penso que seja um erro tipicamente feminino o querer conquistar um homem através do sexo, conseguir que o envolvimento físico acarrete o envolvimento emocional.

O sexo como celebração do amor é a partilha de uma alegria transbordante de duas pessoas que vivem um momento muito seu e único. Mais do que dois seres se tornarem um só a nível do corpo, é um estado em que a nível do coração também se unem, temporariamente.

Sexo com amor significa que existem dois planos: um físico e terreno, outro espiritual e transcendente. É a forma de dois seres exteriores encontrarem a sincronia interior, atingindo a iluminação, o orgasmo como hiperconsciência, o samadhi – palavra do sânscrito que significa estado de graça, identificação com o Absoluto. O atingimento deste estado implica tempo, investimento numa relação. Não se pode exigir tudo na primeira vez que temos sexo com alguém, ainda que já existe algum envolvimento emocional.


Acredito que bom sexo é uma consequência de uma boa relação amorosa. É ter experiências diferentes com a mesma pessoa, em vez de ter a mesma experiência com pessoas diferentes.

Alguém disse-me: «Sonha-se muito, mas depois é raríssimo encontrar algo ou alguém que preencha esse desejo».

Presumo que por «algo» se deva entender um sentimento, uma forma de amor que julgamos a ideal, que perseguimos toda a vida e que achamos que é para só alguns.

«Alguém», o deus ou deusa que nos faça sentir esse milagre, esse «desejo».

Será que existe esse amor divino? Não será essa perfeição do amor romântico algo inatingível e inibidor de potenciais relacionamentos, estes mais humanos, menos perfeitos, mas mais viáveis…?

Como sempre, tenho muito mais perguntas do que respostas. Por isso, socorro-me das palavras sábias de um homem notável, visionário, polémico, até mesmo utópico. Concorde-se ou não com muito daquilo que disse e que os seus alunos transcreveram, aqui fica um pedaço da sua imensa sabedoria:

«A interdependência acontece muito raramente, mas sempre que acontece cai na terra um bocado do paraíso. Duas pessoas nenhuma delas independente ou dependente mas numa sincronia espantosa, como se respirassem uma pela outra, uma alma em dois corpos – sempre que isso acontece, o amor aconteceu».

Osho, Maturidade, a importância de ser autêntico.


Ilustrações: Fringe Postacard de Kevin Thom em www.kevinthom.com; Capa do Livro Sex and the City de Candace Bushnell; imagem do Kama Sutra

Saturday, January 14, 2006


Uncertain emotions force an uncertain smile…Ou Tudo sobre o sorriso - Parte II
O estudo do sorriso começa com a obra fundamental de Charles Darwin, «A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais» de 1872, desenvolvendo-se posteriormente com estudos nas áreas da Psicologia e da Etologia.

Darwin com as suas teorias evolucionistas procurava sustentar a evolução das expressões faciais humanas a partir do macaco, bem como a natureza inata ou aprendida dessas expressões.

Os chimpanzés, próximos do Homem na sua escala evolutiva, costumam exibir expressões semelhantes ao sorriso e ao riso.

O sorriso aparece no bebé como um padrão já completo, pronto e reconhecido, independente das diversidades sócio-culturais. Mesmo os bebes invisuais sabem sorrir. Este comportamento inato é depois trabalhado pela sociedade em que a criança se insere. Certas culturas são reservadas e pouco demonstrativas no que respeita às expressões do estado de alma, como é o caso da nipónica. Por outro lado, na nossa sociedade, bem mais aberta aos vários estados emocionais, quantas vezes vemos os pais a chamar a atenção dos filhos para que estes contenham o riso ou não riam tão alto?

O bebé, nos primeiros meses de vida, manifesta o sorriso, forma de despertar afecto, proximidade e os cuidados da mãe. É a contraposição ao choro pelas cólicas, pela fralda suja ou pela fome. Se não houvesse sorriso e, mais tarde riso, as hipóteses de um ser tão indefeso e dependente sofrer de negligência ou abuso por parte dos adultos seriam bem maiores. Isto para justificar o sorriso como ferramenta biologia de sobrevivência, e não algo supérfluo e dispensável.

O riso surge por volta do quarto mês de vida, associado a estímulos físicos (ex: cócegas) e como mecanismo de que a criança tem de lidar com os aspectos novos do ambiente, para além de promover e desenvolve o desenvolvimento cognitivo.

O sorriso não é sempre uma manifestação de alegria ou prazer, estando, por vezes, associado à dor, à tensão e ao desconforto

O sorriso é também mais presente na idade reprodutiva do que na velhice.

As mulheres sorriem mais do que os homens, mas esse facto não assenta em razões positivas.

A verdade é que as mulheres, em sociedades de dominação masculina, aprenderam a usar o sorriso como defesa, como parte de uma linguagem corporal silenciosa, invisível, agradável, apaziguadora. São muitos séculos de interiorização de um comportamento de menina bem comportada, afável e submissa… Pelo menos, aparentemente.

Também está provado que os negros numa sociedade de brancos ou outra minoria étnica sorriem mais. A razão: instinto de sobrevivência!

Engraçada é a definição de sorriso encontrada no dicionário: rir de leve ou rir sem fazer ruído.

Um sorriso verdadeiro é aquele em que os músculos dos olhos são utilizados, ou seja, faz os chamados «pés de galinha» e move a parte do olho que fica entre a sobrancelha e pálpebra – a primeira desce e a ponta das sobrancelhas curva-se ligeiramente.

Apenas uma ínfima percentagem das pessoas consegue fingir um sorriso mexendo os músculos dos olhos, pelo que será fácil detectar um sorriso falso: é aquele em só mexem os músculos da boca.

O sorriso pega-se! Se sorrirmos a alguém as hipóteses de termos um sorriso em retribuição são imensas. Comportamento gera comportamento e o sorriso também atrai sentimentos positivos, logo é bom, recomenda-se!

A acção de sorrir exercita 42 músculos do rosto. Além de conferir uma atitude positiva, o sorriso faz bem à pele, tal como o acto de beijar, que trabalha a zona do rosto e do queixo. Posto isto, dá vontade de dizer «bora lá sorrir e beijar muito» – pela nossa saúde, claro!



Curiosidades/sugestões:


Desvendando os segredos da linguagem corporal, Allan Reese e Barbara Pease


O sorriso das crianças

O sorriso dos portugueses

Sorrisos Marcianos

Armindo Freitas-Magalhães phD

Prof.Emma Otta

Fotos:
1 - Claudia 2 by tp
2 - Boy´s Smile by Camera Rwanda in flickr-com
3 - Joy by Sweet Destin
4 - San Xavier Kiss #2 by Camera Rwanda

Todas em www.flickr.com

Thursday, January 12, 2006

Uncertain emotions force an uncertain smile…

Ou

Tudo sobre o sorriso - Parte I



Emoções incertas levam a sorrisos incertos… E desta forma entramos no vasto universo da comunicação não-verbal, de toda uma linguagem expressa num conjunto de sinais, mais ou menos involuntários, portadores de mensagens sobre o estado emocional do nosso interlocutor, reveladores do seu carácter e da sua personalidade.

Sem esquecer a importância da postura corporal, dos movimentos e gestos que a pessoa tem no seu todo, uma atenção especial é devida ao rosto, à expressão facial, a uma amálgama infindável de manifestações que a boca e os olhos, em diferentes combinações de olhares e sorrisos, podem comunicar de forma tão intensa que, automaticamente, descodificamos, sem necessidade de palavras.


Quantas vezes, uns mais versados que outros nesta «leitura» do outro, desvendamos contradições e, de modo rápido e intuitivo, nos apercebemos da falsidade, de que outra intenção se esconde atrás de frases agradáveis, feitas para impressionar neste ou naquele sentido.


É evidente que, tal como em tudo, há mestres na arte do engano, no jogo da sedução do marketing pessoal se quiserem, usando uma expressão mais suave do que publicidade que pode ser, ou não, enganosa, mas que não deixa de ser publicidade.

Técnica cada vez mais aprimorada de realçar o que é positivo no produto que se tem para vender, mais do que um alerta e uma tentativa de focar única e exclusivamente as forças e os pontos fortes, a publicidade consegue fazer do bom, melhor!

Se todos nós, melhor ou pior, nos sabemos valer das nossas características mais positivas para cativar os outros, é incontornável o facto de que há pessoas que intuímos demasiado perfeitas, pouco espontâneas, em que a mais pequena reacção supomos aprendida e não inata, como se toda a sua postura e existência de baseasse num papel que representam dia-a-dia.

Anatomia do sorriso

Havendo várias classificações dos tipos de sorrisos, achei por bem, citar o mais conceituado cientista português na área da expressão facial – Armindo Freitas-Magalhães, phD.

Estudioso desta temática há 18 anos, psicólogo de formação, é director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção (FeeLab). Participou na 11ª Conferência Europeia Da Expressão Facial, realizada em Setembro de 2005, em Inglaterra, sendo o único português. A próxima edição da Conferência, para a qual já foi convidado realizar-se-á em Abril deste ano em Genebra (Suíça).

Freitas-Magalhães estuda as funções e repercussões do sorriso no desenvolvimento das emoções e das relações interpessoais. Tem trabalhos publicados sobre o efeito do sorriso na percepção psicológica da afectividade e nas diferenças de género, idade, da cor da pele e de gémeos, bem como o reconhecimento das emoções básicas através da expressão facial em diferentes grupos etários e em delinquentes. Um outro estudo que considero bastante curioso denominado "A Expressividade do Sorriso - Estudo de caso em jornais portugueses, que analisou concluiu que os portugueses aparecem cada vez menos a sorrir nas fotografias dos jornais diários... Porque será?


O sorriso foi, pois, classificado em quatro tipos:

Sorriso largo
Lábios separados, elevação das comissuras labiais, exibição das fileiras dentárias, o conjunto do rosto apresenta alterações fisiológicas significativas e verifica-se movimento dos músculos

Sorriso superior

Lábios separados, elevação das comissuras labiais, exibição das fileira dentária superior, o conjunto do rosto apresenta alterações fisiológicas significativas e o movimento dos músculos ocorre com menor intensidade

Sorriso fechado
Lábios juntos, elevação das comissuras labiais, sem exibição das fileiras dentárias, o conjunto do rosto não apresenta alterações fisiológicas significativas e o movimento dos músculos é reduzido

Face neutra ou sem sorriso

Lábios juntos, sem elevação das comissuras labiais, sem exibição das fileiras dentárias, conjunto do rosto não apresenta alterações fisiológicas e não há movimento dos músculos

O sorriso largo é o mais expressivo, o sorriso superior e o sorriso fechado estarão num plano intermédio, sendo a face neutra o extremo em que não há sorriso nem qualquer movimento facial.

O sorrir permite, assim, transmitir emoções positivas e facilitar o contacto social.
Mais, está provado pela psicologia e pela etologia (ciência descritiva dos costumes e das tradições dos animais no seu ambiente natural) que o sorriso não é biologicamente supérfluo, antes uma importante ferramenta de sobrevivência, quer nos primeiros tempos de vida, quer na relacionamento com o mundo e com os outros - aceitação em grupos, estabelecimento de relações pessoais, sociais, profissionais, etc.

Fotos: todas de Kevin Thom em www.kevinthom.com

1. Sophie - shy smile

2. Hair

3. Scrambled leggs - theatre

4. Thailand 2005 three amigos

Monday, January 09, 2006


I've got you under my skin!

A tatuagem é uma expressão corporal muito em voga.

Embora existam tatuagens capazes de chocar os mais conservadores, a verdade é que esta modificação corporal de tal maneira se tornou comum, que longe vão os dias em que quem tinha uma tatuagem era marinheiro, delinquente, estrela rock, hippy rebelde, ser sexualmente libertino ou alguém pertencente a todo e qualquer grupo marginalizado pela sociedade.

Desconhecem-se as origens remotas da tatuagem e há interpretações controversas. Terá sido no tempo em que os homens se confinavam nas cavernas, saindo para caçar e, por mero acaso, num ferimento ocorrido ter-se-á depositado pó ou fuligem numa camada mais profunda da pele, que, após cicatrização, deixou marca?

Tradição milenar, o certo é que muitos são os povos antigos que usavam a tatuagem para distinguir clãs e tribos, definir castas, marcar acontecimentos importantes da vida: Esquimós, Egípcios, Índios Norte-Americanos, Cruzados, Vikings, Maias, Aztecas, Japoneses, Polinésios, Neo-Zelandeses…

Aquilo que durante décadas foi considerado como coisa de macho, há 2.000 antes de Cristo era uma prática feminina. Foi curiosa a descoberta no Egipto de múmias tatuadas, todas mulheres, como o caso de Amunet, sacerdotiza de Hathor, encontrada em 1922. Sacerdotisas, bailarinas da dança do ventre, prostitutas, concubinas, não se sabe. «Mulheres perdidas», mulheres de má fama, mas todas mulheres...

Na Nova Guiné, ainda hoje, só as mulheres usam tatuagens, como símbolo da passagem da puberdade à idade adulta.

Na cultura Hindu, a henna é usada em tatuagens não definitivas, em festivais e festas religiosas, tais como os casamentos em que as noivas enfeitam as mãos e os pés como um sinal de boa sorte.


O termo «tatuagem» chegou aos nossos dias pelo contacto que o navegador e explorador inglês Capitão James Cook com os povos das Ilhas do Pacífico, que se cobriam o corpo com desenhos na própria pele, tradição cultural muito ligada à religião. Chegado ao Tahiti em 1769, Cook escreveu no diário de bordo sobre «tattow», de como os polinésios injectavam tinta preta dentro da pele fazendo marcas que ficavam para sempre e de como isso era motivo de grande orgulho.

«Tatatau», no original, é uma onomatopeia que provém do som da técnica da tatuagem da Polinésia, Com o regresso de Cook e da sua tripulação a Inglaterra, a palavra espalhou-se do Inglês, pouco a pouco, para a maioria das línguas ocidentais:

Tattooing, mais usada a contracção tattoo – Inglês
Tatouage – Francês
Tattowierer - Alemão
Tatuagem – Português
Tatuaggio – Italiano

Esta arte ganhou adeptos, principalmente marinheiros que, de porto em porto, divulgavam a «tattoo», forma de marcar no corpo corações com o nome da amada, navios, âncoras, cruzes, recordações das terras longínquas que visitaram e toda uma série de motivos humanos, sinais ou marcas da vida…

Actualmente, muitos são os motivos que levam as pessoas a terem uma ou mais tatuagens. Elenco aqui alguns, a título meramente exemplificativo:

- Por mera decoração do corpo;
- Para se ser diferente:
- Porque é importante representar um sentimento ou uma fase da vida;
- Por rebeldia e afirmação pessoal;
- Por vaidade, exibição;
- Para integração num determinado grupo;
- Como prova de valentia e de superação individual da dor;
- Demonstração de patriotismo;
- Para cobrir ou disfarçar uma marca de nascença;
- Por homenagem a alguém – que se ama ou se idolatra;
- Por questões religiosas ou auto-protecção;
- Porque um corpo tatuado é, para algumas pessoas, objecto de desejo sexual, algo directamente relacionado com o erótico e com a sensualidade.

Sendo a tatuagem uma forma de comunicação não verbal, fazer uma tatuagem é, no limite, o compartilhar de uma arte milenar de diferentes povos e uma relação com o Sagrado.

Há por aí citações da Bíblia e da Tora que proíbem a tatuagem, (daí o castigo infligido aos Judeus pelo Nazis que, com a tatuagem de um número, os marcavam para controlo e ofensa da sua crença) mas não quero entrar nesse campo:

- Primeiro, porque é um terreno delicado;
- Segundo, não vá o Bento XVI lembrar-se de excomungar todos os católicos (praticantes, não praticantes, ou assim-assim), esquecendo-se que naquela coisa estúpida a que se chamou «Guerra Santa», (que ainda existe, para mal de todos nós, sob a forma de terrorismo), os Cruzados comemoravam a sua participação e a conquista das Terras Sagradas com uma marca própria tatuada… À conta desse senhor (e de alguns outros), mais faltou para regressarmos à Idade das Trevas em que qualquer marca na pele ou cicatriz era «coisa do demónio»!

Não é que me importe muito de ser considerada uma excluída, porque desde que comi a célebre maçã fiquei proscrita, logo, fui a primeira das excomungadas ;) E, sim, tenho uma tatuagem! A originalidade do pecado: I have sin on skin!

Fotos: Vback e back bl by tzamuli in www.flickr.com

Fontes:

Além da wikipedia,

http://www.artecleusa.trix.net/decoracao%20do%20corpo.htm

http://magma.nationalgeographic.com/ngm/0412/online_extra.html

http://www.dereka.com.br/tatuagem2.asp

http://www.vanishingtattoo.com/newsletter2.2.htm

http://www.jasminjahal.com/articles/Tattooed.html

Saturday, January 07, 2006


Os porquês não têm idade...
Sou uma curiosa e uma estudiosa das relações humanas, em especial, dos sentimentos e das emoções gerados pela atracção sexual e pela influência do sexo na forma como nos relacionamos uns com os outros - palavra «sexo» aqui utilizada no sentido de género masculino ou feminino.

Também por defeito ou por feitio, passo a vida a questionar-me sobre tudo e mais alguma coisa, pelo que poderia definir a minha forma de estar na vida como uma busca constante de respostas. Claro que quando me dou por satisfeita com uma resposta, obviamente surge uma nova pergunta, e assim sucessivamente.

Há quem busque Deus uma vida inteira, eu penso que hei-de questionar o que quer que seja até ao fim dos meus dias. Nem sempre é importante o encontrar das respostas. Por vezes, é o formular da pergunta que importa ou então a descoberta de parte da resposta, se não mesmo, da nossa resposta que pode não ser exactamente a mesma que a do outro…

Amamos da mesma maneira? Há maneiras diferentes de amar? Podemos amar de pessoas diferentes de maneiras diferentes? De que forma amo o outro? Será que a minha forma de amar não é a mais correcta ou é a escolha sabe-se-lá-porquê das pessoas com quem tive relacionamentos que não foi a adequada? Ou será a característica feminina de achar que se tem sempre a culpa quando um relacionamento termina? Atenção, que disse «termina» porque intencionalmente não quis utilizar «falhado».

Nesta incessante busca cheguei a
The colors of Love: An exploration of ways of loving de John Allen Lee, psicólogo canadiano. Lee propõe um sistema pensado para clarificar os estilos que cada um de nós tem de amar. Precursor de outras reflexões sobre o tema, inovador na forma como o teorizou, Lee baseia-se em três estilos principais de amar – Eros, Ludus, Storge – partindo depois para três estilos menores que não são mais do que combinações entre eles, resultando em Agape, Pragma e Mania.

Passo, pois, a explicar...

Eros – a paixão romântica; envolve uma forte atracção física e desejo sexual; poder-se-á relacionar com o «amor à primeira vista»; é um sentimento intenso, irracional, que acontece de repente e que pode terminar de modo abrupto; não importam as consequências, pois o importante é ser-se correspondido; o compromisso e a intimidade são valorizados.


Ludus – O amor é uma brincadeira que, as mais das vezes se reduz a uma noite; jogador por excelência, para o típico ludus há que conquistar, é esse o seu desafio; avesso a compromissos, pode cultivar várias relações ao mesmo tempo; separa perfeitamente sexo de amor e, mesmo durante uma relação duradoura, procura encontros fugazes; ênfase na sedução e na ideia de liberdade sexual.

Storge - O amor-amizade; neste estilo de amar é valorizada a confiança mútua, o projecto de vida em comum; é um romance que começa de forma gradual sem que os intervenientes saibam muito bem identificar o seu início; mais do que a atracção física, é relevante a tranquilidade e a afectuosidade; descreve um relacionamento estável e comprometido, sem paixão, entre duas pessoas que gostam muito uma da outra, que partilham valores, interesses e objectivos.

Agape (= Eros+Storge) – Do grego altruísmo, generosidade, a dedicação ao outro vem antes do seu próprio interesse; é um investimento total numa relação, mesmo sem se ser correspondido; é viver em função da felicidade do outro o que, num limite, pode implicar a renúncia ao parceiro na convicção de que este será mais feliz ao lado de outra pessoa.


Pragma (= Ludus+Storge) - tal como numa lista de compras, é preciso determinar com precisão de os requisitos procurados no outro estão preenchidos, se vale a pena investir na relação ou não; o lado prático do indivíduo condiciona o seu envolvimento no romance, pois trata-se de um puro cálculo de ganhos versus perdas.


Mania (= Eros+Ludus) – Amor-obsessão; nunca se é amado pelo outro o suficiente, pelo que são exigidas provas de amor constantes e inesgotáveis; pânico do abandono; relacionamento que oscila entre o «estar nas nuvens» e «no fundo do poço»; relação caracterizada por ciúme desmesurado e possessividade.


Terão os relacionamentos maior probabilidade de resultar e de serem duradouros se entendermos a forma como amamos? Ou se percebermos a forma como o outro nos ama?

Parece-me um importante ponto de partida. Na verdade, se está estudado que há diferentes formas de liderança, que se deve adequar o estilo de liderança aos membros da equipa, que todos nós temos diferentes modos de trabalhar, competências diversas e experiências de vida que condicionam a nossa forma de nos relacionarmos no mundo do trabalho, porque não estender de forma analógica e mutatis mutandis o que já está testado no terreno laboral aos relacionamentos amorosos?


Um teste engraçado...

Pistas para alguém que queira aprofundar o seu conhecimento sobre si mesmo e a sua forma de amar.

Foto: you find love in the most unexpected places by aWee in http://www.flickr.com/

Friday, January 06, 2006



O Ciclo da Violência Conjugal

A experiência e os múltiplos estudos sobre violência praticada na conjugalidade, mostram que se trata de um sistema circular, com fases definidas e identificadas pelas próprias vítimas, e com continuidade no tempo. Daí poder falar-se em ciclo da violência conjugal.

1ª Fase: Aumento da Tensão

O ofensor acumular uma série de tensões (stress, preocupações económicas, questões de personalidade, etc.) e não sabe lidar com elas sem o recurso à violência. Muitas vezes, associadas a estas tensões e potenciando a violência, está o álcool e o uso de drogas.

Sob qualquer pretexto, o ofensor «desabafa» sobre a mulher, acusando-a, entre outras argumentos, de ser incompetente nas tarefas domésticas (a loiça mal lavada, a comida que não presta, a roupa mal tratada) ou de ter amantes.

Isto obviamente leva a discussões acaloradas que acabam por resultar na fase seguinte.

2ª Fase: Ataque Violento

Dão os maus-tratos físicos e psicológicos que chegam a culminar na necessidade de tratamento médico, embora o recurso ao hospital ou centro de saúde não seja de imediato concedido pelo agressor. Em regra, a vítima defende-se pela passividade, esperando que dessa forma a violência cesse

3ª Fase: Apaziguamento ou Lua de Mel


É a fase do choro e do alegado arrependimento por parte do ofensor, sempre apoiado em juras, desculpas e promessas. A culpa nunca é do agressor e sim do álcool, do trabalho, dos negócios que correram mal… Os mais «românticos» recorrem às flores, aos bombons e aos jantares à luz das velas – por isso se chama «fase da Lua de Mel».

Como lida a vítima com este ciclo?

Com medo motivado pelas experiências de violência e pelo perigo que está sempre à espreita; com esperança que a vida em casal funcione, não aceitando o fracasso dos sonhos e projectos que a levaram à conjugalidade; com amor que insiste em sentir pelo agressor e pelas poucas provas que este lhe dá nos períodos de arrependimento.

Wednesday, January 04, 2006



É só a minha série favorita! E, finalmente, está a ser exibida a 6ª e última temporada (a tarde e a más horas), destes magníficos episódios que são autênticos poços de sabedoria sobre mulheres e homens, relacionamentos, e claro, sexo na cidade (NY).

Nas palavras de Sarah Jessica Parker, a actriz da personagem principal (se bem que cada estereótipo vale por si só), «a série é sobre uma mulher com alma, que já foi magoada, que se desiludiu muitas vezes e que já não é uma criança».

Baseado no romance de Candace Bushnell, tudo gira em torno de 4 amigas na casa dos thirty something:

Carrie (Sarah Jessica Parker), uma colunista de um jornal de Nova York que alimenta as suas crónicas à custa das peripécias românticas das amigas e dela própria. Um desempenho que lhe valeu já um Globo de Ouro para melhor actriz. Samantha Jones (Kim Cattrall) é a executiva, uma Relações Públicas especialista na vida de solteira e nos prazeres da carne, é a par de Carrie uma das personagens mais interessantes e define-se a ela própria como uma «tryssexual», pois há que experimentar tudo (mas mesmo tudo) uma vez e repetir se a experiência for agradável. Charlotte York (Kirsten Davis) é a romântica, negoceia em arte e acredita que o amor move montanhas. Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) é uma advogada realizada profissionalmente e a mais prática e rezingona das quatro amigas de Sex and the City.

A par destas personagens deliciosas, há um sem número de seres masculinos sem os quais não havia história: Mr. Big (o amor da vida de Carrie), Aidan Shaw(ex-namorado de Carrie que quase a levou ao altar...), Steve Brady (o ex-namorado e pai do filho de Miranda), Stanford Blatch (o amigo gay) Trey MacDougal (o ex-marido de Charlotte), Richard Wright (o namorado mais duradouro de Samantha) entre outros e outras...

Quem nunca viu está a perder a série do milénio!

Falando de Carrie, SJP diz que ela «quer sentir-se realizada, mas não tem a certeza daquilo que realmente deseja: será que pode ser feliz como uma mulher solteira que vive variadíssimas experiências com homens ou deverá casar-se?»

Dizem as más-línguas que estava prevista realização de um filme sobre a vida destas heroínas urbanas, mas as actrizes não se entenderam relativamente aos cachets, nomeadamente SJP e KC que disputavam entre si um valor igual e que SJP não o permitiu. Tal facto foi desmentido com uma explicação aos milhões de fans de que não era possível fazer um filme de 6 anos de série (1998-2004), que isso não fazia sentido e que é coisa que nunca irá acontecer.
Ficamos com os espisódios em DVD e com as repetições constantes que vão passando na TV.
Uma série de culto, tal como muitas outras, mas esta, friso, é a minha série preferida de todos os tempos!


Monday, January 02, 2006


«Nec domina nec ancilla sed socia»
«Nem senhora nem serva mas sócia»


São palavras relativas à condição ideal da mulher proferidas pelo jurista Hugo de S. Vítor, no século XII (citadas por Elina Guimarães no texto «A mulher portuguesa na legislação civil», Análise Social, 1986, nºs 92-93, p.557 e ss.).

É este o meu desejo para 2006: uma sociedade mais justa, sem descriminação sexual, com igualdade de oportunidades para homens e mulheres; uma sociedade em ambos os sexos se respeitam e funcionam em conjunto, lado a lado, como uma equipa, como seres que se complementam e inteligentemente tiram partido das suas diferenças em benefício comum.
Desejo ambicioso, mas válido, a par de muitos outros como o fim da pobreza, do preconceito racial, a descoberta da cura do cancro e da SIDA…
Foto: Rear View Of A Couple Standing In The Ocean Surf, ThinkStock LLC, www.allposters.com