Saturday, April 08, 2006

Personal Closet
120545342 by Hoffman in flickr.com

Alguns conselhos podem tornar a nossa vida mais simples. E foi isso que aconteceu quando vi o programa da Ophra sobre organização do Closet – roupeiro, guarda-roupa, armário, como lhe queiram chamar.

Tenho o hábito terrível de juntar coisas. Não por ser materialista, mas porque as coisas me lembram pessoas e momentos. Não vivo só de recordações, mas recordar também é viver. Resumindo: guardo muitas coisas pelo valor sentimental que lhes atribuo. Em “coisas” incluo peças de roupa, daquelas que olho, pego e me deixam com o olhar vago e um sorriso nos lábios até que algo me faça descer ao planeta Terra novamente.

Contudo, acredito que é necessário ser-se prático e organizado para tirar partido do tempo, esse bem escasso e que se esvai. Tal como o dinheiro, o tempo precisa de uma boa gestão (tenha-se muito, pouco ou assim-assim), sob pena de um dia pensarmos que foi um desperdício e que o podíamos ter usado de outra forma. Aqui costumo aplicar a noção de “custo de oportunidade”, pois sei que todas as opções, por mínimas e quase instintivas que sejam, implicam sempre “ganhos” e “perdas” e prefiro pensar que “ganhei mais do que perdi” ou, pelo menos, que assumo as consequências das minhas escolhas.

Organizar por “fora” é também uma forma de organizar por “dentro”.

Assim sendo, aqui ficam umas dicas, que podem ser extrapoladas para outros tipos de arrumação, mas que me ajudaram a pôr ordem no meu roupeiro. Claro que é inevitável durante a semana alguma desorganização - tenho dias em que experimento 3 e 4 “roupinhas” antes de me decidir como vou sair de casa... Sempre que possível, nem que seja no fim-de-semana, há que fazer guerra ao caos.

1) Tudo tem o seu “ciclo de vida”

É fundamental deixar as coisas seguirem o seu curso, fluírem, fazerem a felicidade de alguém quando para nós já tiveram a sua utilidade e já cumpriram a sua função: aquilo que já não nos serve pode estar a fazer falta a alguém. Há que devolver ao Universo o que para nós teve o seu tempo.

2) Separar em 3 pilhas: o “sim”, o “não” e o “talvez”.

Isto significa olhar para uma peça de roupa e pensar: “Gosto mesmo disto?”, “Favorece-me?”, “Que mensagem estou a passar aos outros?”

Nós mudamos, evoluímos, apuramos gostos. O que pode ter feito sentido numa época da nossa vida pode não adequar-se ao momento actual. Se é isso que acontece, porque não em cortar com o passado em seguir em frente?

3) “Manter”, “Dar”, “Guardar” – as 3 opções possíveis.


As peças de roupa que queremos guardar por questões sentimentais devem ser separadas e acondicionadas num lugar destinado a arrumos. Dessa forma, ganha-se espaço para aquilo que realmente é importante e necessário no dia-a-dia.

Quanto ao “manter”, nada como um pouco de Marketing aplicado à vida pessoal. Se entramos numa loja e gostamos de ver as coisas expostas de uma forma lógica e apelativa, porque é que em casa deve ser diferente? Porque é que a roupa nova há-de perder a graça no nosso armário?


Cabides idênticos, organização por cores, por estações do ano, “partes de cima” para um lado, “partes de baixo” para outro – aqui as escolhas são próprias de cada um e totalmente individuais.

17 comments:

[A] said...

Olá EVa, bom dia! hoje passei somente para desejar um bom fim de semana. tenho de vir com tempo para ler os teus anteriores pots, poís parece-me que tens aqui um blog deveras interessante.
sobre o post actual...confesso a minha incapacidade para manter a ordem,"em casa de ferreiro, espeto de pau"!tb não consigo deitar nada fora....:((acho sempre que vou reciclar; acho sempre que vou emagrecer...:(((enfim...
beijokas e um BOM FIM DE SEMANA

Parrot said...

Querida Eva,

Por um conjunto de razões, em minha opinião, e para mim, este foi um dos teus melhores post's. Isto pode aplicar-se a um montão de coisas da nossa vida particular e mesmo no campo profissional....
- Ciclo de vida
- Gestão do "sim"
- Importância das coisas. valorizar o importante.
Se este post reflecte aquilo que és (não tenho dúvida)...és grande.
Já sabes o que penso....

Beijinho e bom fim-de-semana

PS – Parece que já me dás razão. :-)))))
“Que mensagem estou a passar aos outros?” Afinal pensas o mesmo que eu.

amigona avó e a neta princesa said...

Eva, não venho comentar este teu post, mas falar sobre o que escreveste no Kombate...
sim não se justifica matar alguém por causa dum cão, mas o cão não tem culpa... não se justifica matar alguém por causa dum caminho, duma vedação, duma zanga... mas não se justifica matar ninguém por nada...

Boa tarde de domingo...

CS said...

Evinha, tás muito in the mood of fashion. Isso é o espírito primaveril?

Wakewinha said...

Acreditas que vi o mesmo programa e já comecei a pôr em prática alguns conselhos? Claro que nessas alturas ninguém conta com os indecisos, mas isto há-de ser fácil... =P

Beijinho*

[Lê e Divulga!]

Mocho Falante said...

olha amiga está decidido...vamos combinar e tu vens cá a casa organizar os armários do mocho, em troca preparo um belo repasto...de velas apagadas para evitar derrames de cera claro...o vinho...esse é por tua conta porque provaste que és conhecedora

beijos

Isabel Filipe said...

OI Eva,
Gostei de ler e das tuas dicas. Eu não costumo guardar coisas...sou até precipitada ao deitá-las fora...pois muitas vezes, mais tarde...fico com pena de já não as ter.
Peço desculpas pela minha ausência por aqui...mas tenho andado com o tempo muito "apertado". Prometo a partir desta semana, voltar ao meu habitual.
Tem uma linda semana.
Beijos.

Eva Shanti said...

Olá Ana,

Acredito que "em casa de ferreiro, espeto de pau", mas com toda essa criatividade, de certeza que encontras a ordem onde os outros vêem o caos. De qualquer forma, podes sempre parar e mudar alguma coisa, se achares que é para melhor e se realmente quiseres...

Querido Parrot,

Ainda bem que o meu texto fez sentido para ti. Afinal, embora longe e de forma virtual, acompanhaste esta minha fase de organização de vida, de estruturar "por fora" para criar uma ordem interna. Agora que me conheces um pouco melhor sabes que essa fase era necessária à luta por um objectivo no qual investi muito de mim. Se o vou atingir? Se é isso que é o melhor para mim? Não sei. Mas apesar do elevado nível de stress, mais uma vez me pus à prova e essa experiência já ninguém ma tira.

Se sou grande? Bem, com 1.70m não sou propriamente uma rapariga pequenita...

Amigona,

Nada justifica a morte, ainda que a frio somos tentados a pensar que determinados seres humanos, pelo sofrimento e tortura infligidos a outros, a mereciam... E muito menos por causa de uma briga tonta - no fundo, o investimento na discussão, o desgate de energias, é superior à importância da questão.

Obrigada pelo comentário. Espero que voltes mais vezes.

MP,

Pois, é verdade. Ando numa de coisas de gajas, temas mais leves e frescos que têm mais a ver com a vida prática. Mas cheira-me que esta semana é capaz de aparecer algum desabafo, a partilha de algumas inquetações. A ver vamos. A piada toda é que nem eu sei para onde me leva o estado de espírito... Quantas vezes me surpreendo a mim própria... Até agora, sempre no bom sentido! Penso eu de que...

Wakewinha,

Ainda levei uns 2 meses até pór em prática estes ensinamentos. Para além de ter passado uma fase para os assimilar, importante foi o dia em que tomei a decisão de que tinha de fazer alguma coisa e não havia nem mais um minuto a esperar! Lancei mãos à minha obra! Primeiro arrumei o meu roupeiro - não de uma forma totalmente perfeita, sem arestas por limar...; e de pois "atirei-me" ao escritório, que era tipo um quarto de arruamções, uma divisão apenas habitada pelo meu gato em horas de sesta.

Resultado: Fiquei sem dúvida a ganhar sentindo-me mais confortável em casa, com um panorama bem mais agradável das minhas roupas, uma sensação de bem-estar e o escritório passou a ser das divisões da casa onde passo mais tempo.

Afinal, é tudo uma questão de vontade! Quando tomamos uma decisão nada nos faz voltar atrás... Eu sinto-me bem quando tomo decisões, quando faço escolhas. Há pesoas que o evitam, que adiam, fogem. Mas cada um é como cada qual, certo?

Mocho cinegético (andas a habilitar-te),

Até parece que tu não és bom a pôr ordem na tua barraca... You are the best man for the job! Mais, tanto quanto sei, tu bem costumas dar uma ajuda em barraca alheia... Tu e o teu apurado bom gosto!

Quanto ao vinho e ao repasto, já sabes, é só dizeres... Eu consulto a minha agenda, ok?

Bjs a todos e boa semana

Eva Shanti said...

Querida Isabel,

Não há desculpas a pedir.

Mal fora, se não tivessemos todos a nossa vida, os nossos problemas, as nossas ocupações...

Aliás, nisto da blogoesfera o que mais há é liberdade e direitos: direito de comentar, direito de não comentar, direito de visitar, direito de não visitar, direito de blogar, direito de não blogar...

No dia que houver obrigações, para além do respeito e da boa educação que são inerentes à vida em sociedade, então temos de inventar outra coisa, outro espaço de liberdade e de lazer!

Bjs e boa semana

greentea said...

não deito fora, nunca
porque há sempre alguém que ainda aproveita
o Centro Social aqui da zona aceita toda a roupa e sapatos, malas e tá mesmo algum mobiliario que redistribuem pelos mais carenciados;
os Motards da Terrugem até vêm buscar a casa, até mesmo livros ou brinquedos que "estão a mais" - há sempre quem não tenha nenhuns...
e há organizações dos Sem Abrigo que tb aceitam aquelas roupas que já não achamos fashion, que pomos de lado por causa da gola ou do tom...
Nem queiram saber a limpeza que fiz ao roupeiro, à arrecadação, à garagem!

Rosa said...

Eu cá sou de "fúrias". Num momento tenho montes de tralha acumulada, que nunca visto, no outro dá-me a fúria e distribuo tudo pelas minhas amigas e por instituições de caridade!

Wakewinha said...

Eu percebi exactamente o que dizes, e não fiques a pensar que me detenho a tomar decisões. Mas muitas das vezes o que hoje é "não", amanhã pode ser "talvez". Isto claro, só na perspectiva do roupeiro! ;)

Beijinho*

[Lê e divulga, p.f.!]

Eva Shanti said...

Greentea,

Obrigada pelo comentário. Concordo que há imensas instituições de solidariedade social que recebem as quinquilharias que temos a mais e podem ser muito úteis a quem precisa. Seja as Misericórdias, as Câmaras Municipais, as Associações de ex-toxicodependentes e de sem-abrigo, enfim, é só procurar e não é preciso muito...

Rosa,

Nesse aspecto também me identifico contigo: dá-me um "repente" e não páro enquanto não me desfizer daquilo que acho que está a mais. E dou - seja a amigos, seja a vizinhos, seja a instituições de solidariedade social.

A minha dávida mais recente foi uma série de bibelots e de coisas que eu achava que não fazia sentido guardar e que vão animar as rifas dos Santos Populares. Fui convidada para comer sardinhas "à pala"!


Wakewinha,

Não pareces mulher incapaz de tomar decisões, muito pelo contrário, pareces uma pessoa muito decidida e de convicções vincadas ;)

Além disso, ser-se coerente não é incompatível com mudanças de opinião. E o que hoje "é" amanhã pode "não ser". Desde que nos sintamos bem com as nossas decisões e aceitemos as consequências das nossas escolhas, nada mais importa!

Bjs

Desconhecida said...

Sou muito arrumada e dou sempre o que não uso...se assim não fosse não teria onde por a roupa.

Bom regresso.

beijo

Eva Shanti said...

Desconhecida,

Eu, de vez em quando, tenho de pôr ordem na barraca! Junto coisas e só quando me vejo com falta de espaço é que dou por isso...

Eve,

Bom trabalho! Não é para desanimares, mas que parece mais fácil do que realmente é... O final dá uma sensação de obra feita, mas é preciso alguma força de vontade para realizar a tarefa. Também não é necessário fazer tudo num dia... Vai-se fazendo... Talvez o mais difícil seja ter uma estratégia de ataque e as 3 pilhas são uma boa sistematização da coisas...

Bjs

ordePadamaR said...

Enfim...coisas de raparigas..o eterno feminino.

Uma peça de roupa nova, toda a gente gosta de ter..mas a frugalidade é algo de importante, em tudo.

Para andar bem basta-me estar apresentável e lavadinho.

Havia uma corrente de pensamento, associado há moda, que cultivava o uniformismo...é um pouco sinistro eu sei, mas poupava muito tempo a muita gente na hora de decidir o que vestir...e espaço nos armários.

Por exemplo a Wakewinha só vestiria calças de ganga Levi´s :-)

...desculpa a maldade, mas vi isso em qualquer lado...

Eva Shanti said...

Ordepadamar,

Antes de mais, acho muito engraçado que o teu nome em sentido inverso lembre "padmasana” ou posição de lótus.

Quanto à uniformização, não foi nada que não me tivesse passado já pela cabeça. Acho que escolhia peças em preto e branco para simplificar a minha vida.

Aliás, acho engraçado que nos filmes de ficção científica toda a gente anda de igual! Tudo o que é futurista tende para a uniformização, mas creio que isso é mais utopia do que realidade.

Recentemente no filme A ILHA, a personagem de Ewan McGregor interroga-se de só ter roupa branca e de ter todos os sapatos, calças, camisas iguais. É uma das primeiras questões que ele coloca a si próprio e é o primeiro passo para a liberdade.

Mesmo que o pronto-a-vestir tenha trazido alguma uniformização e haja tendências na moda que são seguidas pelas pessoas, cada um dá o seu cunho pessoal ao que veste, mesmo que seja da mesma marca ou da mesma loja frequentada por determinado grupo de pessoas.

Claro que a higiene é fundamental! Mas isso é básico (digo eu).

Quanto a jeans, adoro! E adoro a minha mini-saia de ganga! Isto para não falar de uma camisa de ganga que tenho há anos (por acaso é Levis) e que uso muitas vezes. Tantas vezes que até tenho uma amiga que me critica por causa disso. Mas gosto mesmo de a vestir no Verão, à noite, em vez de casaco. Ou de a ter atada à cintura, porque gosto de estar prevenida para as mudanças de temperatura...

Bjs