Wednesday, March 01, 2006

Ensaio sobre homens, mulheres, relacionamentos*

Mulheres e homens 1



Tenho muitas dúvidas sobre o que quer realmente um homem de uma mulher. E não estou a falar de uma one night stand, que aí, diga-se de passagem a exigência nem sequer é muita. Refiro-me, como é óbvio, ao que procura um homem numa companheira, partindo do princípio que nalguma fase da vida, um homem fica farto de ter a mesma experiência com diferentes mulheres e anseia por encontrar uma mulher com quem tenha inúmeras experiências, todas elas diferentes – esta ideia provém de um anónimo e retive-a, pois acho-a extremamente interessante.

A dúvida surge-me frequentemente, pois entendo que a educação do homem é dirigida à quantidade e a educação da mulher é completamente direccionada para a qualidade. Aos rapazes é aceitável e normal terem uma quantidade enorme de namoradas, o mesmo já não acontecendo com as raparigas que se devem guardar para aquele que será “o tal”.

Encontra-se no mundo feminino três tipos de atitude:

1) a das mulheres que não encontram o homem ideal e tentam a todo o custo fabricá-lo com a matéria-prima que lhes vai aparecendo;

2) a das mulheres que vão aproveitando a fase da procura do Mr.Right com vários seres que apelidam de imperfeitos, ansiando por uma ruptura com esse período que ficará na sua história pessoal como um pretérito imperfeito, bem arrumado numa gaveta fechada e de chave atirada ao mar;

3) a das mulheres que organizaram a sua vida em torno de um projecto a solo, movidas por demasiados relacionamentos falhados ou por convicção – e este ponto abre a porta para um outro tema muito actual, a “solidão emocional”, que também abrange muitos homens.

Os homens são tão emocionalmente complicados como as mulheres, mas encontram-se, na sua grande maioria, estagnados num determinado patamar da evolução, imersos num caos interno, muitas vezes camuflado por um auto-fingimento de que tudo está sob controlo, de tão pouco habituados que estão em lidar com os seus próprios sentimentos e emoções. Afinal, boys don’t cry!


As mulheres conseguem atingir uma geralmente tem maior maturidade emocional, porque exercitam o lado emocional sem medo. Na sua educação são-lhes permitidas mais manifestações humanas, tais como o choro e o riso. Porém, padecem de outros males: são educadas para o Amor, para o encontro de um Príncipe Encantado, o paradigma de um homem que só existe na imaginação, com quem terão filhos e serão felizes para sempre!

Também se nota que os homens andam baralhados com a nova mulher que tem vindo a surgir nos últimos tempos. Estas mulheres estabelecem as suas próprias regras, não têm medo de dizer o que querem e o que não querem, têm uma visão do seu caminho pessoal, não têm medo de críticas, não procuram agradar a qualquer preço, correm riscos, são directas e seguras de si próprias.

Mulheres e homens 2


O que fazer com uma mulher destas que afronta o papel tradicional da masculinidade? Uma mulher que tem uma profissão a que dedica uma boa parte do dia, que admite querer ser mãe mais tarde ou mesmo não ter filhos, que pressupõe uma divisão de tarefas domésticas, caso contrário, a vida em comum rebenta em acusações mútuas sobre quem faz o quê? Uma mulher capaz de dizer não a um homem na frente dos amigos dele, que é forte e não dependente. Amiga, amante, companheira. Não uma segunda mãe, não uma empregada doméstica a custo 0, não um ser cordialmente invisível e robotizado que diz sim a tudo.

Infelizmente, a sociedade avalia os homens pela carreira profissional e as mulheres pela sua capacidade de manter relacionamentos, tenham eles o preço que for...

Para piorar tudo isto, há falta de comunicação entre homens e mulheres ou uma comunicação deficiente, com demasiados ruídos.

Mais uma vez, questões de educação diferenciada para ambos os sexos dificultam os relacionamentos a todos os níveis: pessoal, profissional e amoroso.

Por um lado, temos homens que estão habituados a ter a responsabilidade de protecção da companheira e da família, de serem profissionalmente bem sucedidos e por isso reconhecidos. Do outro lado, temos mulheres que têm os seus ciclos (não os menstruais, os do temperamento, que nem sempre estão numa relação directa), que têm uma atitude simpaticazinha para um dia explodirem e deixarem um homem totalmente estupefacto porque não fazia ideia que determinado hábito era mal visto ou odiado pela companheira. Milagres? Não, não há. Só o diálogo, sincero e adulto, pode ajudar a ultrapassar estes obstáculos.

Há mulheres que tentam ser tudo (boas profissionais, boas mães, boas donas-de-casa) e são umas sacrificadas a vida toda, quando poderiam ser felizes sem carregar com o mundo às costas. Bastava haver compreensão e comunicação com o parceiro, assim como disposição deste para assumir responsabilidades que também lhe pertencem.


Há ainda o grupo dos felizardos, daqueles homens e mulheres que encontram, mais cedo ou mais tarde, a companhia ideal e vivem um relacionamento saudável, negociado, equilibrado, construído todos os dias. Esses são a minoria. Se fossem a maioria esta reflexão deixava de ter sentido e muita gente ficava sem trabalho: escritores, argumentistas, psicólogos, terapeutas familiares…

Mulheres e homens 3

*Ensaio: escrito que, sem chegar à extensão de um tratado ou monografia, aborda uma matéria (de carácter científico, filosófico, histórico, ou literário) sem o esgotar e sem o aprofundar demasiado.

33 comments:

Abelhinha said...

Eva querida:

É isso mesmo. Apesar dos avisos que nós fazemos muitas vezes sobre o facto de não querermos o papel de sacrificadas, eles ouvem, até acreditam mas depois esquecem e querem tranformar cada uma de nós na sua querida mãezinha

Beijocas

Eva Shanti said...

Abelhinha,

Um erro recorrente da mulher também é tratar o homem como "mãezinha"...

Bjs

Unknown said...

Pois isto dá pano para mangas.
Tantas que nem o guarda vestidos da Oprah consegue guardar.
O teu texto quase que não dá lugar a questões. São factos reais.
Mas há problemas.
Por muito que um homem tente mudar para viver com uma mulher "moderna", o ADN de gerações está-lhe gravado bem fundo. O sentido de protecção (e falo pelas minhas experiências, falhadas, claro está)está-nos no sangue. E quanto mais a mulher é "independente" mais esse controle/controlo nos foge.
E, logicamente, não estamos preparados para lidar com isso.
Este é um dos muitos problemas sem resolução à vista que a "nova mulher" conseguiu criar num tempo recorde.
Bom... se eu continuasse a comentar, o server do Blogger entrava em colapso.
Resumindo, tens muita razão no que escreves, mas falta outro tanto para estares realmente certa.
:)

Eva Shanti said...

Querido Xá,

Concordo dom esse "sentido de protecção" masculino, que também é é fruto da educação.

Imagina, um pai de família tem de se ausentar e despede-se da familía, ou seja, da mulher, do filho e da filha (vamos supor que são crianças pequenas, dos seus 5, 6 anos). O que é que este pai diz ao filho? "Toma conta da tua mãe e da tua irmã enquanto eu estiver fora"...

Esta mulher "independente" também tem algumas dificuldades no relacionamento com o sexo oposto. Ou é tão independente que assusta e tem comportamentos (mesmo que inconscientes) que agridem o instinto de macho, ou querem ser tudo, uma mistura de mulher trabalhadora do séc.XXI com o modelo das mães donas-de-casa e dedicadas ao marido e aos filhos. Não resulta.

Mas os problemas "nova mulher" são também do homem.

E continua-se a insistir numa educação das crianças que é desajustada da realidade e que não contribui em nada para um melhor relaciomanento entre sexos.

E que venham mais ideias, e que se dane o server do blogger!

Bjs

Eva Shanti said...

Spartakus,

Concordo contigo, espero que haja mais mulheres com M grande, com coragem, com força, com determinação e que consigam realizar-se enquanto pessoas.

Espero também que haja diminua a tensão entre sexos (que é diferente de tensão sexual, que essa existe e sempre existirá).

Bjs

CS said...

Cara Amiga, tudo o que dizes é sábio, mas na verdade, já estou como o outro: nem vale a pena teorizar...

O que for será! Deixa cair! (ou, em inglês, I never did care about the little things) são, de momento, as minhas frases favoritas. Onda mais pacífica e mais amiga da poupança de energia! :)

Muitos beijos!

Unknown said...

Na verdade e o que eu realmente acho (e aqui vou dismistificar a minha persona blogiana) é que não há condições. Prontos! Bués. Radicais!

Não há verdadeiramente condições para esta abrupta mudança de mentalidades. Não há acompanhamento, não há discernimento, não há valores pois todos estão a ser postos em causa.

Por muito que um homem "moderno" tente, ao dar a deixa, a resolução, a hipótese, o quadrado, a hipotenusa e etc, as mulheres (na sua grande maioria) são vís.
E agora tentam e atentam tudo. Querem o mundo em 5 minutos, tal como acham que um jantar é feito no micro-ondas.

Algo está mal.
As mudanças, se bem que não as menosprezo, estão a ser drasticamente rápidas e consequentemente nefastas.

Tenho amigas que com a ânsia dessa mudança, contra esse ser masculino e "mandatório", perceberam que o homem não é um animal perfeito. Vai daí, qual a resolução? O entendimento forçado com o próprio sexo, o semelhante?
Deu e dá errado.
Sempre dará.
Mas algo se quebrou. A linha humana, o pensamento positivo, a percepção.
Algo mudou e vai durar 2 séculos para voltar atrás.

Não sou machista, longe de mim, mas o facto das mulheres quererem dominar a raça quando esta foi dominada em milhões de anos por outro sector humano, de uma forma drástica e ultra-rápida, só pode acabar em merda.

E o que estamos a assistir é a merda na primeira pessoa.
Falta a segunda, a terceira....

Desculpem as senhoras que, por mero acaso, lêem um post tão grande, mas não é por aí.

Vexas estão a caminhar num terreno arenoso e, futuramente, doloso.

As coisas levam o seu tempo real. Não é o destruír de fantochadas como soutiens que resolve alguma coisa.

Chamem-me velho... ou sábio.

Eva Shanti said...

Querida Ana,

Tanto quanto posso dizer-te é que os dados estão lançados e até te posso dizer que talvez já faças parte dessa minoria ;)

Felicidades!

Um dia destes falo especificamente de assertividade na relação amorosa, se bem que as minhas ideias fundamentais, e ando sempre a "bater-me" por elas são a auto-estima e a bom comunicação.

Bjs

Eva Shanti said...

Xá,

Não há verdadeiramente condições para esta abrupta mudança de mentalidades?

Não há condições ou não há vontade?

Além disso, já foi mais abrupta do que é hoje. Há é erros de base que continuam a ser feitos, por mulheres e homens. A educação diferenciada dos sexos e a tentativa de uma grande maioria de mulheres que pensa que agradar a Gregos e Troianos em vez de pensar nela própria é outro.

As mulheres (na sua grande maioria) são vís? Querem demais, exigem tudo? Olhe que não, olhe que não.

O homem não é um animal perfeito, assim como a mulher não é um animal perfeito.

Agora, parece-me que estás a confundir medo da solidão com reacção à mudança.

Há milhões de homens e mulheres que vêm a idade a passar e optam por ter sexo ao fim-de-semana, quando saem à noite, por exemplo, de forma a mascararem uma solidão com a qual não lidam bem.

Acho que há alguma baralhação de conceitos e de situações, mas cá estou, uma vez mais, pronta para debater ideias.

(e tu bem sabes como gosto disso!)

Bjs

Eva Shanti said...

MP,

Pela muita estima e consideração que tenho por ti e por aquilo que bem conheces de mim: these are not little things for me!

Bjs

Eva Shanti said...

Xá,

Ainda para ti: o tempo de queimar soutiens já lá vai há mesmo muito tempo.

Hoje o soutien é uma peça feminina e as mulheres têm em orgulho em usá-lo!

É algo muito nosso! E bonito, e confortável e sexy!

Não há mulher nenhuma que não goste de sentir sexy e isso não pôe em causa a igualdade de oportunidades ou os direitos da mulher como ser humano.

Agora vivemos na altura em que as cuecas de homem têm reforços para empinar as "nalgas" ou alcochoar o dito cujo.

No Brasil, uma das operações plásticas mais em voga é a implantação de silicone nos rabos masculinos, para os tornar mais apetecíveis e torneados.

Vais dizer-te que um homem não gosto de se sentir sexy?

Homens e mulheres são seres sexuais!

Bjs

Unknown said...

De acordo, mas não foi isso que eu quis dizer :)
Quando eu digo que as mulheres, na sua maioria, são vís não estou a dizer que os homens não o são.
Aliás, a maior parte deles nem sabe dizer ou escrever a palavra, quanto mais sê-lo.
Os soutiens fizeram história. Agora são muitas histórias. Era apenas um dado para o discurso, nada mais.
:)

armando s. sousa said...

Olá Eva,
Eu incluo-me no "grupo dos felizardos", no entanto, quero tecer um pequeno comentário.
Nos relacionamentos humanos, e principalmente no relacionamento homem/mulher, e ainda mais se for casal, não se pode sucessivamente, apontar as tarefas, as conversas, as discussões, os momentos de paixão, como se fosse uma contabilidade, em que se discute sucessivamente o débito e o haver.
Os relacinamentos entre pessoas que se amam, e neste caso só concebo a união com este factor intrínseco, é mais que o simples somatório destas coisas, pois está imbuído de todas as nossas expectativas passadas e futuras.
Um abraço.

Parrot said...

Eva, minha pensadora,

Penso que colocas estas questões de uma forma muito simplistas, apenas virada para atitudes, e com opiniões muito femininas. Quando estamos a falar de uma relação madura, e depois de ultrapassados todas aquelas fases de indecisões (que também existem nas mulheres), o que o homem procura realmente numa mulher é alguém que o complete, como ser humano, como pessoa, como amiga, como companheira, como amante, como mãe, como cúmplice, como apoio, como ajuda, como suporte, ….etc…etc. Ou seja, o que o homem procura numa mulher é o mesmo que a mulher espera de um companheiro, isto e sempre que estejamos a falar de uma relação adulta, madura e normal.
Não partilho tua opinião, quando falas que a educação do homem é virada para a quantidade e a da mulher para a qualidade. Minha cara amiga, as coisas mudaram e, apesar de ainda haver muitos tabus, existe muito mais liberdade. As mulheres conseguem atingir maior maturidade emocional? Penso que não. A maturidade não é exclusiva nem das mulheres nem dos homens agora, a forma de se expressar essa maturidade é que é diferente. É própria de cada um, independente de ser homem ou mulher.
Boys don´t cry? Só não chora quem é fraco.
….

Em resumo, a sociedade mudou e as pessoas também mudaram (ou será que a sociedade mudou porque as pessoas estão diferentes?). Existe maior possibilidade de escolha, existe mais igualdade de oportunidades, existe mais, e melhor, acesso à informação, o ritmo de vida é diferente, existem novas prioridades. Vendo as coisas nesta perspectiva, os relacionamentos só não dão certo para aqueles que não entendem esta mudança. E não é a mulher que é mais culpada, nem é o homem que é menos culpado. O importante é entender o papel do outro, respeitar a sua individualidade, as diferenças, e o seu papel. Neste aspecto concordo que os homens têm de assumir algumas tarefas, que até aqui eram, específicas da mulher, mas isto é normal.
Não existem homens perfeitos, assim como não existem mulher perfeitas e quer queiramos ou não, o homem e a mulher têm papéis diferentes. O primeiro e o fundamental (que as mulheres parecem não valorizar) é o poder maternal. Existirá alguma coisa mais importante do que ser mãe?

Bjs

Living Place said...

Ai que bom fazer parte das Minorias!
Nem sempre as maiorias são o melhor!
O relacionamente entre homem e mulher nunca ha-de ser pacifico, pois nós mulheres de vez em quando temos os tais "arrufos", como o meu homem lhe chama, mas os homens tb têm muitas vezes um comportamento maxista mesmo sem se aperceberem por estar tão enraizado.
Ora mesmo fazendo parte da minoria, esses comportamente há entre nós, mas com uma boa conversa vai tudo ao sitio.
É isso que falta entre os casais, a conversa!
(depois há as sogras que cada vez que vêm o filho dizem: Ai filho estás cada vez mais magro, tens saudades da comidinha da mãe!... a minha diz isto à 16 anos)
Excelente post.
Adorei.

Desconhecida said...

A vida entre duas pessoas não se escolhe, não se planeia, não pode ser como idealizamos... Ou é, ou não é!
O homem tem uma ideia errada do papel da mulher no casamento. Ambos são responsáveis pelo bom funcionamento da "coisa". Nenhum tem um papel especifico. O casamento é entre duas pessoas, então constroi-se juntos. Os casais inteligentes ( a tal minoria)remam para o mesmo lado, para que o barco navegue. É uma partilha de tudo. Mas acho que hoje em dia existe muito o casamento "de amigos". Há muitos que não têm quimica, não tem paixão, não têm pica. O que há, é o comodismo de uma relação amigável, em que se partilha as contas, as tarefas e não se tem chatices com os sobressaltos do coração, sim que esses dão muita dor de cabeça. Depois vêm os filhos e então pensar em mudar a vida nem pensar...vai-se vivendo o dia a dia, sem grande felicidade, mas também sem grande chatice...

Pergunta:
Quando se tem tudo (ou quase tudo) para se fazer parte da minoria e apesar de se ter a consciência de tal facto, o corpo, a mente e o coração, não obedecm e vão contra toda a lógica? Que se faz?

Não sei se faz algum sentido o que aqui escrevi...se entendes, mas foi o que senti ao ler e por isso escrevi.

Beijo e bom fim-de-semana

Mocho Falante said...

eu ando cá desconfiado que a mundança destas novoas mulheres apenas teve o propósito de baralhar os homens

beijocas

Caracolinha said...

Minha amiga mais querida, tinhamos para aqui assunto que dáva quase para uma tese de doutoramento !!!!

Beijoca encaracolada :))))

Wakewinha said...

Até te podias estender muito mais, que ainda não terias dito tudo o que há a dizer desta matéria!

Eu julgo que o cerne da questão está no facto de as pessoas anadarem tão ocupadas a pousar o olhar no seu próprio umbigo, que nem sequer tiram tempo para analisar o que querem realmente de outra pessoa! E porque não sabem bem o que querem, tendem a experimentar muitas e de variadíssimas formas, acabando por perceber que o seu umbigo continua a ser o mais atraente! =S

Felizmente eu não fui educada para buscar um padrão de perfeição, mas julgo que com o passar dos anos aprimorei a minha exigência, e agora debato-me entre o querer o que realmente quero, ou fingir só para agradar a uma sociedade que não aceita números ímpares! Pessoalmente não consigo fingir, e sou adepta do provérbio "mais vale só, do que mal acompanhada"!

A contar com isto tudo, não podemos ignorar ainda que os meandros da vida nos convidam a uma vida cada vez mais solitária, por um princípio tão básico como o não encontrar trabalho fixo perto de algué com quem possamos construir bases sólidas...

Havia tantas mais coisas a dizer, mas para já isto é o que se me oferece comentar!

Beijito de bom fim-de-semana*

Eva Shanti said...

Mocho querido,

E baralhou não baralhou?

Tem andado aqui tudo a fervilhar!

Bjs

Eva Shanti said...

Caracolhinha,

Ai dava dava uma bela de uma tese, mas eu sou uma mulher prática, embora, às vezes, não pareça...

;)

Bjs

Eva Shanti said...

Querido Parrot,

Adorei o teu extenso comentário. Afinal demonstra que leste tudo de fio a pavio e tens uma visão muito madura e moderna. Pertences a uma minoria, infelizemente, e não posso concordar contigo em muita coisa, por isso, cá vou eu...

Vejo as coisas pelo meu lado, claro! E por aquilo que tenho sentido na pele. E as minhas amigas também! Aquilo que os homens dizem querer (supostamente o mesmo que querem as mulheres) na prática é muito diverso do seu comportamento: olham para as mulheres como seres sexuais, quase nunca se preocupam em conhecer a pessoa e não a mulher, quando até gostam da mulher arranjam um medo qualquer a que se agarram para não ter qualquer tipo de compromisso.

Quanto à educação e ao que é sexualmente permitido a um homem e a uma mulher, as coisas não, não mudaram. E uma mulher que tem uma vida sexual, um passado sexual que o assume é sempre vista como uma rameira, maluca ou ninfomaníaca. A maioria pensa assim. Se um rapaz aparecer com uma namorada nova todas as semanas a reacção dos pais é uma – desculpar, coisas da idade, mas se a filha aparecer com um “amigo” novo todas as semanas, queres que acredite que a atitude dos pais vai ser exactamente a mesma?

Quando falo em maturidade refiro-me especificamente à maturidade emocional. Assim como há várias formas de manifestar a inteligência, nomeadamente a inteligência emocional, o mesmo se passa com a maturidade.

A sociedade tem vindo a mudar à custa de revolucionários e revolucionárias que recusam os padrões hipocritamente instituídos, homens e mulheres que procuram agradar a si mesmos, não aos outros. Exemplos? São mais que muitos, mas vou dar-te um exemplo recente e que chocou a sociedade portuguesa: Sá Carneiro e Snu Abecassis.
Viveram um amor complicado e não aceite. Até há bem pouco tempo a união de facto em Portugal era algo terrível, vergonhoso para as famílias. Hoje é bastante mais comum haver pessoas que se juntam do que pessoas que se casam.

Em resumo, a sociedade mudou, mas não suficiente.

“Existe maior possibilidade de escolha, existe mais igualdade de oportunidades, existe mais, e melhor, acesso à informação, o ritmo de vida é diferente, existem novas prioridades” Sim, mas há muito por fazer. Muitos comportamentos que ainda não são aceites, são repudiados e mal vistos. Por isso filmes como North Country continuam a fazer sentido.

“os relacionamentos só não dão certo para aqueles que não entendem esta mudança” Sim, e são muito mais os relacionamentos que não dão certo do que aqueles que são duradouros e baseados no respeito e na efectiva partilha de vida. Respondo-te a isto com a elevada taxa de divórcios cujo pico a nível mundial é o 4 ano de união (fora os casos de uniões de factos que terminam e cujos dados são bem mais difíceis de obter) e com os nºs da violência conjugal – duas realidades que fazem parte da minha vida.

Quanto a responsabilidades, há sempre culpas de ambos os lados. Há mulheres terríveis, mesquinhas, chatas, intratáveis. Há homens retrógrados, cobardes, maquiavelicamente maldosos e com traumas que não conseguem superar. E há ainda a culpa por acção e por omissão (de ambos) que leva os relacionamentos a terminarem, ou de maneira abrupta, ou a definharem, de dia para dia.

"Existirá alguma coisa mais importante do que ser mãe?”

Quer a maternidade quer a paternidade pertencem ao campo das opções individuais. Uma mulher não é menos mulher por não ter filhos nem é obrigatório que por ter nascido mulher tenha de procriar. Um homem também pode querer não ter filhos.

Bjs e obrigada pela tua opinião sincera e pensada, mesmo que diferente da minha.

;)

Eva Shanti said...

Armando,

Não podia estar mais de acordo contigo quando dizes que num casal não pode haver contabilidade, uma discussão sucessiva sobre o débito e o haver, "pois está imbuído de todas as nossas expectativas passadas e futuras".

Mas não é essa a prática da maioria dos casais. Sabes o que é um casal que vive numa constante cobrança, que chega a uma separação litigiosa e obriga os advogados a debaterem a posse da tampa de uma sanita?

Ainda bem que não sabes, porque pertences a uma feliz minoria daqueles que dão valor ao que têm e que "regam" uma relação todos os dias.

"O problema do casamento é que acaba todas as noites depois de se fazer amor, e tem que se tornar a reconstruir todas as manhãs antes do pequeno-almoço" - Gabriel Garcia Marquez em O AMOR EM TEMPOS DE CÓLERA.

Bjs

Eva Shanti said...

Desconhecida,

Chamas a atenção para aquilo que eu chamo de "amorzinho" e não de Anor. Talvez um dia faça um post sobre isso. Talvez seja um ódio de estimação...

Gostei muito da tua frase: ". Os casais inteligentes ( a tal minoria)remam para o mesmo lado, para que o barco navegue"

Quanto à tua questão, se é que a percebi, porque muito abstracta:

Acho que deste a resposta a ti própria. O corpo, a mente, o coração, não obedecem. Queres mais sinais de que algo não está bem? É porque não se tem tudo, nem quase tudo: ou falta alguma coisa e com uma introspecção e com diálogo consegue-se preencher o que está em falta, ou então, se calhar, o caminho tem de ser outro…

Bjs

Eva Shanti said...

Musas,

As sogras vêem sempre os seus filhos como uns "meninos", contra isso pouco há a fazer.

Já te imaginaste como sogra?

Quanto ao diálogo (o verdadeiro, o adulto, o sincero, o saudável) é in-dis-pen-sá-vel!

Bjs

Eva Shanti said...

Wakewinha,

Uma sociedade que não aceita números ímpares! Isto também me lembra um episódio de o Sexo e a Cidade...

Mas é a pura verdade. Quem está sozinho está, aos olhos do mundo, mal! Já quem está acompanhado, arrumado, mesmo que mal e tremendamente infeliz, está bem, é aceite!

As pessoas têm de se sentir bem - sozinhas ou acompanhadas.

E uma vida em que passamos mais horas a trabalhar do que a conviver com os outros (família, amigos, conhecidos, o que seja) também não ajuda em nada!

Muito há a dizer sobre os milhões de homens e mulheres que vivem sozinhos, por opção ou por necessidade...

Bjs

mixtu said...

poe ensaio nisso...
muito interessante, mas... numa visão feminina,
e será que os felizes são uma minoria? não me parece... e ainda bem
jinhos,excelente post, a blogo devia ser assim e deixarem-se de ...

Eva Shanti said...

Mixtu,

Obrigada!

Escrevo o que penso, o que sinto, o que me apetece, o que acho que faz sentido dizer-se.

Mas isso também implica que já ter uma colecção jeitosa de adjectivos que têm colado à minha pessoa, nem todos muito simpáticos... Um diz junto-os todos (os bons e os maus) e faço um post!

Bjs

Parrot said...

Querida Eva,
A diversidade de opiniões é que aproximam as pessoas. Penso que teríamos discussão para um dia. …e adoraria. Quem sabe um dia.

Temos opiniões diferentes em determinados aspectos, no entanto concordo contigo noutros, nomeadamente nos “preconceitos” atribuídos ao papel da mulher e à educação sexual entre homem e mulher, no entanto esta diferença vai desaparecendo.

O papel sexual da mulher está inerente na relação entre o homem e a mulher. Muitas vezes o interesse e a atracão pelo outro começa pela atracção física. Não considero isso como sendo negativo, nem seja uma desqualificação da mulher, no entanto, garanto-te que para os homens ( maioria dos homens) isso não chega, desde que exista seriedade numa relação.
Sabes o que penso (ai, ai, ai,….vão-me cair em cima), são as mulheres que escolhem a forma como querem que os homens olhem para elas. Não falha. Uma das formas mais vísivel está na forma de vestir…..e não me tenho enganado.
O facto de existir reprovação é sinal da mudança, e ainda bem, e é natural e vamos assistir sempre a esse debate, isto porque uns conseguem acompanhar a mudança e outros não. O importante é que, independentemente das opiniões dos outros, sejamos nós próprios e nos sintamos de consciência tranquila com nós próprios.

Quanto ás mudanças, estas são graduais e a mudança gera mudança e ainda existe muito para fazer. Quanto aos relacionamentos que não dão certos…..tantos que dão certos. Eva, tu és uma pessoa positiva. Os que não dão certos, se calhar são derivados às facilidades da sociedade. Construir um relacionamento não é fácil e é uma construção diária e da responsabilidade dos dois.
Quanto à maternidade. É claro que é um direito uma mulher não ter filhos. Compreendo e aceito. O que quis dizer é que o homem e a mulher têm papeis diferentes e a grande diferença começa aí. Papel materno.

Sabes Eva, a vida às vezes não é linear e muito menos no que toca às relações entre pessoas porque as pessoas são diferentes. Mas são essas diferenças que sentido às relações entre duas pessoas, não fosse por isso estarmos aqui a falar nisso.

Em conclusão e em jeito de brincadeira…..”somos um mal necessário” :)))

Beijo grande e obrigado por me teres feito “parar”.

Meia Lua said...

Eva, tocas em pontos muito interessantes no teu post...
Tanto homens quanto mulheres têm de aprender, ceder, saber o que querem.
Ou pelo menos saber o que não querem do outro e serem capazes de dizer não quando não gostam de alguma coisa...
Mas no que toca a muitos, a propósito da solidão, e pelo menos no meu caso é que é tão difícil encontrar alguém por quem nos sintamos interessados!!!
Falo por mim...
beijinho

Eva Shanti said...

Querido Parrot,

Ainda bem que há diversidade de opiniões e de personalidades! E isso é excelente quando possibilita um debate de ideias tão interessante como tem sido este!

Realmente, muitas vezes o interesse pelo outro começa pela atracção físico. E tenho de reconhecer que não lido muito bem com isso. Umas vezes gostava que me conhecessem como pessoa, e o outro fica-se pelo físico. Outras vezes, sinto que o outro me conhece como pessoa, mas não consegue ver a mulher, o ser sexual que também sou.

Não te vou cair em cima pelo facto de dizeres que “as mulheres que escolhem a forma como querem que os homens olhem para elas”, mas olha que não é 100% verdade.

À noite acredito que isso tenha alguma validade. Mas também te digo que não é quando estou mais “decotada” que tenho mais sucesso! E espero que não estejas a usar o argumento das mini-saias tipo cinto largo e coisas do género para justificar comportamentos masculinos violentos, nomeadamente assédio e violação. Considero-te uma pessoa inteligente, mas gosto de deixar tudo claro, inclusive para que lê estes comentários.

E sim, Parrot, sou uma pessoa positiva, acredito no Amor, nos dos outros e no meu.

E acredito que há homens sérios, inteligentes, capazes de ultrapassar a superficialidade e em quem vale a pena investir. E há casos, mesmo de pessoas que visitam este “cantinho” que pertencem àquela imensa minoria de felizardos…

Quanto aos relacionamentos que terminam por alegadas “facilidades da sociedade”, discordo e havemos de falar disso, mas não hoje…. ;)

Também não vou comentar aquela do “mal necessário”….

Bjs e obrigada por esta troca salutar de opiniões

Eva Shanti said...

Meia Lua,

Tocas num ponto fundamental: "encontrar alguém por quem nos sintamos interessados!!!"

Sofro do mesmo mal.

Aliás, ando numa longa travessia do deserto porque prometi a mim mesma que só investiria numa relação em que realemente tivesse interesse, em que não andasse a enganar o outro (porque estar com alguém só para passar o tempo é uma forma muito injusta de enganar) e em que não me andasse a enganar a mim própria.

Mas, enquanto há vida, há esperança!

Tal como disse ao Parrot, acredito que há homens sérios, inteligentes, interessantes, capazes de ultrapassar a superficialidade e em quem vale a pena investir, melhor, com quem vale a pena investir num relacionamento!

Bjs

Anonymous said...

OM Shanti Shanti Shanti

Shanti = Paz
(para o corpo, para a mente e para o espírito, por isso 3X)

E se pensassemos apenas em pessoas ? Existe a este nível(a procura da felicidade) a necessidade de separar géneros ? Parece-me que não cara editora.

E como não esperar das pessoas, o tomar as rédeas das suas vidas, serem independentes e logo por aí mais livres de nortearem a vida de relação, sem constrangimentos de poder, de igual para igual. Como me poderia importar com uma mulher assim ?

As relações de afecto, ás quais as pessoas atribuem grande importância (e bem !), encerram sempre projecções que é preciso retirar e recuperar, para chegar ao si-mesmo e á objectividade. As relações afectivas , são relações de desejo e de exigência, carregadas de constrangimento e servidão: espera-se sempre alguma coisa do outro, motivo pelo qual este e nós mesmos, perdemos a liberdade. Depois são as relações co-dependentes e daí a uma patologia mental é um curto passo E o AMOR liberta.
O conhecimento objectivo situa-se além dos intrincamentos afectivos e parece ser o mistério central. Somente ele (conhecimento) permite e torna possivel a verdadeira "conjunctio", a tal das minorias. É perciso tempo e esse para os nossos dias é o recurso mais escasso. Os sentimentos precisam de tempo para cimentar, como a confiança e tudo o mais das nossas vidas. Ninguém engana ninguém por muito tempo, nem nós mesmos a nós próprios.

Obrigado pela oportunidade de reflectir sobre algo que considero muito importante e que também para mim, permanece um mistério.

Om Namah Shivaya