Wednesday, February 01, 2006

Conferências das Nações Unidas para a Mulher


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Pormenor da foto Veiled Tunisian Woman de Matthias Stolt

Em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU) designou o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher e estabeleceu que de 1976 a 1985 seria a Década da Mulher.

Desde então, realizaram-se as seguintes Conferências Mundiais sobre a Mulher: I Conferência Mundial sobre a Mulher , na cidade do México, México, de 16 de junho a 02 de julho de 1975; II Conferência Mundial sobre a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz, Copenhague, Dinamarca; III Conferência Mundial sobre a Década da Mulher , Nairobi, Quênia, de 15 a 26 de julho de 1985; e IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Acção para a Igualdade, o Desenvolvimento e a Paz, Pequim, China, de 04 a 15 de setembro de 1995, à qual compareceram mais de 180 países e cerca de 35.000 pessoas.

Young Girl from Rajasthan - Olivier Folmi

Young Girl from Rajasthan de Olivier Follmi


A Plataforma de Acção aprovada em Pequim reafirmou os avanços conseguidos pelas mulheres nas últimas Conferências, com destaque para os direitos sexuais e reprodutivos, bem como a inclusão da discriminação racial/étnica como um obstáculo à igualdade entre as mulheres.

A Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, de 1979, frequentemente denominada a Carta dos Direitos das Mulheres, foi em Junho de 1999 ratificada por um total de 163 países.

Shantl Danseuse De Kerala by Olivier Folmi

Shantl Danseuse De Kerala de Olivier Follmi



A Sessão Extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas “Mulher 2000: Igualdade entre os Sexos, Desenvolvimento e Paz no Século XXI”, NY, 5–9 de Junho, teve como principal tema as mulheres e os confitos armados, envolvendo crimes cometidos contra mulheres sob o argumento de ser uma consequência da guerra: a violação, a escravidão sexual, a prostituição forçada, a gravidez e esterilização forçadas, e qualquer outra forma de de violência sexual que constitua uma violação grave das Convenções de Genebra. Outro problema associado é o elevado número de mulheres deslocadas e refugiadas.

Femme Touareg, By Pascal Maître

Femme Touareg de Pascal Maître

Em Beijing + 10, NY, de 28/02 a a 11/03 de 2005, a Comissão das Nações Unidas reuniu para a revisão de dez anos e avaliação da Plataforma de Acção de Pequim, concluindo que há numerosos domínios onde a igualdade das mulheres ainda não é uma realidade.

Quando se fala em igualdade, entende-se um por igualdade no respeito da pessoa humana e no reconhecimento de direitos que lhe são inerentes. As mulheres nunca serão iguais aos homens, nem é isso que se pretende.

A couple tango in a loving embrace by Pablo Vega

Pablo Corral Vega , A couple tango in a loving embrace


Contudo, é inegável que persiste a violência contra as mulheres, em todas as partes do mundo, nomeadamente quando há conflitos armados; é crescente a incidência do VIH/SIDA entre as mulheres; que subsiste a desigualdade entre mulheres e homens no plano laboral; que se mantém, em muitos países, a negação dos direitos em matéria de saúde sexual e reprodutiva; que existe desigualdade entre homens e mulheres, decorrente da lei, no que diz respeito ao acesso à terra e à propriedade.

Woman rock climbing, CA de Greg Epperson

Woman rock climbing, CA de Greg Epperson


São apenas alguns dos problemas com que se debate a mulher actual...
Fotos: todas de www.allposters.com

25 comments:

Meia Lua said...

Desde o início dos tempos, com muita ajuda da Igreja e de más interpretações da bíblia e outros livros tidos como "mandamentos de conduta" a mulher é subjugada. É a pecadora, é quem desencaminha, é suja etc...É muito difícil lutar contra idéias "cómodas" e enraizadas na cultura de alguns povos.
Existe a violência, a discriminação e a desigualdade de direitos, nas guerras e nos conflitos sociais, já se sabe que as mulheres e as crianças são sempre mais vulneráveis. E mesmo quando não há guerra, há a escravidão sexual, a exploração, o subjugar e o submeter da mulher. É uma luta árdua, só teve início no século passado e que pretende apagar todos os séculos antecedentes...
Ainda bem que abordas de maneira simples e directa no teu blog! Temos que falar até gastar todas as palavras, até conseguir aos poucos mudar esta realidade. Desculpa o tamanho do comentário :(, mas há tanto para dizer...
beijinho

wind said...

Documentaste-te bem para este post.Tenho fé que com os anos algo melhore.No que respeita àsmulheres muçulmanas, não sei não,porque é da religião e cultura delas. beijos

Eva Shanti said...

Clife,
Meia Lua,
Wind,

Obrigada pelos vossos comentários.

Não sei até que ponto é que a História teria sido diferente se as mulheres tivesse mais auto-estima e uma outra forma de lidar umas com as outras.

Um estudo interessante da Shere Hite sobre o mundo do trabalho, demonstrou que as mulheres são as primeiras a desconfiar das competências umas das outras, que se pautam por atitudes pouco profissionais (por exemplo, acham que a chefe tem de compreeder que elas chegaram tarde por causa de uma noite de discussão com o namorado, ou estão de mau humor por causa da TPM...) que não teriam se a chefia fosse homem. Lá está, um tema interessante para desenvolver num post.

O problema da religião (católica, muçulmana, hindu, judaica....) e a sua influência na educação e no papel relegado à mulher, a questão da escravidão sexual, da prostituição, são temas que gostaria de abordar.

Haja tempo e haja vontade, que não pode ser tudo de uma vez!

Para posts longos, comentários longos!

Venham também todos os comentários e críticas, que eu gosto mesmo é do debate de ideias!

Bjs

Living Place said...

Nos países Ocidentais é muito mais fácil ser mulher, podemos lutar pelos nossos direitos e dizer : Não.
Na maior parte dos países Orientais isso é apenas uma miragem.
O homem continua a subjugar a mulher e a usa-la como um objecto...
Alguém consegue imaginar tal coisa????

Eva Shanti said...

Musas,

Não concordo inteiramente contigo.

Nos países ocidentais continua a haver a tentativa constante se subjugação da mulher, o tratamento da mulher como objecto sexual. Essa é uma das razões do aumento considerável da prostituição e da pornografia.

Mas claro, tema que dá pano para mangas e não só...

Bjs

Unknown said...

Aqui as 38 meninas do meu harém discordam veementemente!
São bem tratadas e alimentadas, têm luxos, não fazem nenhum e só têm que me aturar uma vez por mês (há sempre 8 que estão de folga).
Mas, aproveitando a última resposta da Eva, acho que as mulheres têm que conseguir viver em comunhão antes de passar ao ataque geral.

Eva Shanti said...

Ah, Xá!

Estás a querer dizer que não és o Xá das 5 e sim o Xá da Pérsia?

Olha que de acordo com as leis islâmicas tens que dar tudo em igual a todas as tuas meninas! Isso significa, muita jóia, muito jantar, muita roupita, muito acessório, para não falar das obrigações conjugais...

Só uma vez por mês? Atão é melhor dares conta dos «enucos» que andam por aí.

Como diria o Mocho: fia-te na Virge, fia-te!

Bjs

Rosa said...

Ainda assim, gosto muito desta minha "condição" :)

Eva Shanti said...

Pandora,

«Os gajos podem, as meninas não que ai e tal fica mal!» E tu ficas chateada, claro que ficas chateada!

LOL!

Não deixes de ser quem és! Guem gosta, gosta. Quem não gosta, olha, põe à borda do prato!


Rosa querida,

Eu, eu também gosto muito de ser mulher e não me imagino de outra forma, nem por um dia! É bom sinal. Não calculo o que seja o sofrimento de alguém que se sente mal no seu corpo.

Bjs

Unknown said...

As minhas meninas contentam-se com o seu amo! E mai nada. Qto a eunucos e afins, eles não entram!
Na virgem é que nunca me fiei, eheheheheh.

Eva Shanti said...

Xá,

Não te fias na Virge, pois não.

És mais do tipo «enganem-me que eu gosto».

Tu lá sabes!

Há quem prefira viver feliz na ignorânacia...

:)

Mocho Falante said...

é o que dá ter uma sociedade patriarcal... no tempo das matriacas os homens piavam fininho, mas pronto, mudam-se os tempos muda-se as modas, mas amiga como sabes, na história tudo se repete

Glup

Eva Shanti said...

Querido Mocho,

A Justiça já é das muheres!

Se é bom ou mau, ainda não há estudos. Mas que há já muito homem preocupado, lá isso há!

Bjs

Unknown said...

O que se passa? Quem é o gaije? quem são eles? Ondem andam? ai que fico maluco...
:)

Pois mas agora um pouquito mais a sério:
Eu realmente acho que há uma ligeira diferença entre hómes e dames.
E aproveitando o "fia-te na virgem", é engraçado quando um macho, por exemplo, sabe que está a ser encornado por um seu semelhante. Dá-se o encontro e a tragédia. Grande batatada, visita ao hospital, escoriações e dor de alma.
Mas os machos vão ter que se reencontrar. E quando isso acontece, na maior parte das vezes, cumprimentam-se e inclusivé chegam a ficar "amigos".
Com as damas a coisa pia bem mais fininho.
O calculismo, a frieza, o desejo que o pior aconteça "à gaja que roubou o meu homem", a vingança e tal, são uma realidade.
Duas mulheres só poderão ser amigas se não houver macho por perto.
Quando ele surge é "um ai se te avias".
Desculpem, caras senhoras, mas eu acho que estou muito certo, embora não politicamente correcto.
E é por estas que as guerras ainda são feitas por homens. No final, toma lá o abraço e o aperto de mão e tal... imaginem com duas damas "de ferro"...

Isabel Filipe said...

...um tema inesgotável...
gostei do teu trabalho...aproveitei e pus em "ordem" datas que andavam para aqui meio esquecidas...


beijinhos

armando s. sousa said...

Não existe, actualmente, um único país do mundo onde as mulheres gozem das mesmas oportunidades que os homens. Apesar do progresso em algumas áreas nos últimos anos, as mulheres estão ainda em desvantagem na vida económica e política, de acordo com o último relatório anual da Social Watch.
O Social Watch é uma rede internacional de 400 organizações não governamentais de mais de 50 países – entre as quais a Oikos em Portugal – dedicada a monitorizar o cumprimento dos compromissos nacionais e internacionais para a erradicação da pobreza, que tem a equidade de género como uma das suas dimensões fundamentais.
A exclusão das mulheres é muito visível na arena política. Apesar de representarem mais de metade da população mundial, somente 15 por cento das mulheres têm assento nos parlamentos no mundo.
De acordo com os estudos internacionais, para que as mulheres possam exercer uma influência real sobre os processos políticos é necessário que ocupem pelo menos 30 por cento dos cargos políticos. No entanto, apenas alguns países, na sua maioria na Europa do Norte, superam esta taxa: Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.
Em Portugal, e após as eleições de 2005, as mulheres representam apenas 17,8% entre os deputados da Assembleia da República e há apenas duas mulheres entre os 16 ministros do actual Governo.
De facto, a presença de mulheres nos centros de poder de decisão política é o único indicador de equidade de género que não varia segundo a pobreza do país. Em alguns dos países mais ricos do mundo como a França ou o Japão, as mulheres ocupam apenas entre 10 e 12 por cento dos assentos parlamentares, que é menor do que a taxa de 13 por cento alcançada pela África subsariana, a região mais pobre do mundo.
De um modo geral, os decisores políticos nacionais continuam a ser homens, e isto acaba por se reflectir no tratamento dos temas que preocupam as mulheres: 47 países membros da ONU continuam sem assinar ou ratificar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, adoptada em 1979, e outros 43 fizeram-no com reservas, diz o relatório.
Quanto à participação económica, a nível mundial as mulheres enfrentam diferentes níveis de discriminação laboral. Elas têm um acesso limitado ao mercado do trabalho, e o salário médio que recebem é menor do que o dos homens. As maiores iniquidades nestes dois aspectos encontram-se nos países do Médio Oriente, no Norte de África e alguns na América Latina como o Chile, México e Peru.
Contrariamente ao que muitos podem assumir, os países não necessitam de altos níveis de rendimento para conceder oportunidades iguais para homens e mulheres. Existem algumas nações com problemas sérios de pobreza e que têm feito um progresso assinalável no alcance de uma maior equidade de género, revela o relatório Social Watch.

Eva Shanti said...

Caro Armando,

Muito obrigada pelo teu contributo.

Dei uma vista de olhos muito rápida pelo site da Social Watch, pelo que não tive ainda tempo de analisar a situação de Portugal.

Para quem quiser saber mais, aqui fica o link (já com Portugal seleccionado): http://www.socialwatch.org/en/fichasPais/171.html

Pelo que vi, há dados até 2004. E será muito interessante fazer a comparação dos Key indicators de Portugal com o resto da Europa.

Vou, sem dúvida, navegar bastante neste site.

Mais uma vez, obrigada!

Bjs

Desconhecida said...

"As mulheres nunca serão iguais aos homens, nem é isso que se pretende." Ora aí está uma frase perfeita. Eu não trocava ser mulher por ser homem. Podemos ainda não estar em pé de igualdade a nivel social, mas a natureza pôs-nos num nível muito acima e inagualável em relação aos homens.
Penso que a mudança tem de partir da mentalidade da mulher, que ainda hoje se acha inferior ao homem e ela própria reune as condições para ser discriminda. Somos as mães, as domésticas e as trabalhadoras. Quase todas temos dois empregos (fora de casa e depois dentro de casa) e apenas somos remuneradas num, lol. Mas isto deve-se em muito à mulher, ela própria gosta de se "auto castigar" e depois reclama.

Tenho pena, mas é a minha opinião.

Quanto às Muculmanas, aí é mesmo uma questão de cultura e religião e elas próprias assim o aceitam, embora hoje em dia as coisas estejam já um pouco diferentes.

Beijo

Eva Shanti said...

Querida Desconhecida,

Permite-me só um reparo: as mulheres não estão, por natureza, um nível acima do dos homens.

As mulheres estão num plano diferente, inigualável, mas equiparado.

As mulheres são mulheres e os homens são homens. E o que faz sentido é uma coexistência saudável e necessária, pois ambos completam-se.

Há muitos anos, fiz um curso de duas semanas num Colégio feminino. Eu e mais quatro colegas, toda a vida habituadas a lidar com rapazes estranhámos imenso aquilo.

O que mais me custou foi uma falta de perspectiva. Só alunas, só professoras, senti que o raciocínio não ficava completo sem um contributo masculino.

A mudança tem de partir da mentalidade da mulher, quer na sua relação com o homem quer na relação com as outras mulheres.

Uma das coisas que me custa é ver mulheres em cargos de chefia que parecem autênticos homens de saias. Não me parece que uma mulher tenha de abdicar da sua feminilidade para se tornarem competentes e poderem ocupar lugares tradicionamente pertencentes a homens,

Mas esse também é um bom tema para reflectir...

Bjs

Desconhecida said...
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Desconhecida said...

Eva,

Quando digo " a natureza pôs-nos num nível muito acima e inagualável em relação aos homens", refiro-me por exemplo ao podermos gerar uma criança dentro de nós, e quando ela nasce ainda a podemos alimentar com o nosso próprio corpo.

Também me parece que uma mulher não tenha de abdicar da sua feminilidade para se tornar competente e poder ocupar lugares tradicionamente pertencentes a homens, pois a feminilidade é
um dos nossos encantos. Assim como gosto de certas atitudes e posturas que são próprias do sexo masculino.
E é óbvio que a mulher e o homem se complementam, é por isso mesmo que um é macho e outro fêmea.
Gosto de ser mulher, mas também gosto muito do homem.

February 02, 2006 9:21 PM

Sukie said...

O problema é que por mais conferências que se façam, continuam a decorrer episódios tristes no mundo, contra a mulher, ou a humanidade em geral.

Eva Shanti said...

Acho que a solução passa pela luta pelos Direitos Humanos e pela denúncia de toda uma série de problemas que atingem as mulheres em todo o mundo.

A solução também implica uma mudança de mentalidades, quer dos homens quer das mulheres.

Nada é fácil, mas isso também não é novidade nenhuma para ninguém!

Aproveito para lembrar, que dia 16 de Janeiro se comemora o nascimento de Martin Luther King. Embora o activista dos Direito Humanos tenha nascido a 15 de Janeiro de 1929, o seu dia é celebrado nos EUA todos os anos na 3ª Segunda-Feira de Janeiro.

Estou certa que o Armando Esse não vai deixar passar esta data em branco...

Uma palavra também para Coretta Scott King falecida este ano, no dia 31 de Janeiro com 78 anos.

Viúva de Martin Luther King, Coretta Scott King, posicionou-se contra a emenda constitucional proposta pelo presidente Bush para proibir definitivamente o casamento entre homossexuais. “Gays e lésbicas têm famílias e suas famílias devem ter protecção legal, seja pelo casamento ou união civil. Uma emenda constitucional banindo casamentos entre pessoas do mesmo sexo é uma forma de agressão aos homossexuais e não tem nada a ver com proteger casamentos tradicionais” afirmou a activista. Em 2000 King já se havia manifestado contra a proposta de lei que proibiria o casamento entre homossexuais na Califórnia.

Também a 16 de Janeiro, mas em 1991, a Guerra do Golfo começou com o início dos ataques aéreos às defesas anti-aéreas iraquianas. O bombardeamento de Bagdade foi transmitido em directo pelos correspondentes da estação de televisão americana CNN.

Bjs

armando s. sousa said...

Olá Eva,
Enviei-te 3 e-mail.
Um abraço e bom fim de semana.

Eva Shanti said...

O Armando tem já dois posts sobre Martin Luther King, publicados a 28 de Agosto.

Aqui ficam os links:

http://grandefabrica.blogspot.com/2005/08/i-have-dream.html

http://grandefabrica.blogspot.com/2005/08/martin-luther-king.html

Bjs