O Ciclo da Violência Conjugal
A experiência e os múltiplos estudos sobre violência praticada na conjugalidade, mostram que se trata de um sistema circular, com fases definidas e identificadas pelas próprias vítimas, e com continuidade no tempo. Daí poder falar-se em ciclo da violência conjugal.
1ª Fase: Aumento da Tensão
O ofensor acumular uma série de tensões (stress, preocupações económicas, questões de personalidade, etc.) e não sabe lidar com elas sem o recurso à violência. Muitas vezes, associadas a estas tensões e potenciando a violência, está o álcool e o uso de drogas.
Sob qualquer pretexto, o ofensor «desabafa» sobre a mulher, acusando-a, entre outras argumentos, de ser incompetente nas tarefas domésticas (a loiça mal lavada, a comida que não presta, a roupa mal tratada) ou de ter amantes.
Isto obviamente leva a discussões acaloradas que acabam por resultar na fase seguinte.
2ª Fase: Ataque Violento
Dão os maus-tratos físicos e psicológicos que chegam a culminar na necessidade de tratamento médico, embora o recurso ao hospital ou centro de saúde não seja de imediato concedido pelo agressor. Em regra, a vítima defende-se pela passividade, esperando que dessa forma a violência cesse
3ª Fase: Apaziguamento ou Lua de Mel
É a fase do choro e do alegado arrependimento por parte do ofensor, sempre apoiado em juras, desculpas e promessas. A culpa nunca é do agressor e sim do álcool, do trabalho, dos negócios que correram mal… Os mais «românticos» recorrem às flores, aos bombons e aos jantares à luz das velas – por isso se chama «fase da Lua de Mel».
Como lida a vítima com este ciclo?
Com medo motivado pelas experiências de violência e pelo perigo que está sempre à espreita; com esperança que a vida em casal funcione, não aceitando o fracasso dos sonhos e projectos que a levaram à conjugalidade; com amor que insiste em sentir pelo agressor e pelas poucas provas que este lhe dá nos períodos de arrependimento.
A experiência e os múltiplos estudos sobre violência praticada na conjugalidade, mostram que se trata de um sistema circular, com fases definidas e identificadas pelas próprias vítimas, e com continuidade no tempo. Daí poder falar-se em ciclo da violência conjugal.
1ª Fase: Aumento da Tensão
O ofensor acumular uma série de tensões (stress, preocupações económicas, questões de personalidade, etc.) e não sabe lidar com elas sem o recurso à violência. Muitas vezes, associadas a estas tensões e potenciando a violência, está o álcool e o uso de drogas.
Sob qualquer pretexto, o ofensor «desabafa» sobre a mulher, acusando-a, entre outras argumentos, de ser incompetente nas tarefas domésticas (a loiça mal lavada, a comida que não presta, a roupa mal tratada) ou de ter amantes.
Isto obviamente leva a discussões acaloradas que acabam por resultar na fase seguinte.
2ª Fase: Ataque Violento
Dão os maus-tratos físicos e psicológicos que chegam a culminar na necessidade de tratamento médico, embora o recurso ao hospital ou centro de saúde não seja de imediato concedido pelo agressor. Em regra, a vítima defende-se pela passividade, esperando que dessa forma a violência cesse
3ª Fase: Apaziguamento ou Lua de Mel
É a fase do choro e do alegado arrependimento por parte do ofensor, sempre apoiado em juras, desculpas e promessas. A culpa nunca é do agressor e sim do álcool, do trabalho, dos negócios que correram mal… Os mais «românticos» recorrem às flores, aos bombons e aos jantares à luz das velas – por isso se chama «fase da Lua de Mel».
Como lida a vítima com este ciclo?
Com medo motivado pelas experiências de violência e pelo perigo que está sempre à espreita; com esperança que a vida em casal funcione, não aceitando o fracasso dos sonhos e projectos que a levaram à conjugalidade; com amor que insiste em sentir pelo agressor e pelas poucas provas que este lhe dá nos períodos de arrependimento.
Foto em www.allposters.com
23 comments:
Tudo muito certo, mas não entendo porque pressupões que o agressor seja o homem. Tanto na agressão fisica, como na psicológica, tanto pode ser vitima a mulher, o homem, ou os dois.
Desconhecida,
Não é descriminação. De acordo com os nºs facultados pela PSP, GNR e APAV, apenas 15% das vítimas são homens.
E não acredito que, mesmo por vergonha, o nº de homens que não apresentam denúncia e se calam subísse muito para além desta percentagem.
Pelo contrário, se todas as mulheres vítimas de violência conjugal apresentassem queixa, a percentagem de vítimas ainda subía mais.
Actualmente, morrem por mês 4 portuguesas vítimas de violência conjugal.
Acresce ainda dizer que Portugal tem uma das taxas mais elevadas de violência contra a mulher na Europa.
Bjs
À laia de Post Scriptum, só venho aqui pedir desculpa por ter usado mal o verbo «descriminar» que significa «absolver de crime, tirar a culpa a», quando quis mesmo foi utilizar «discriminar», precisamente »diferenciar, separar».
Esta língua portuguesa....
Bjs
Olha, não sei muito bem o que responder a isto, portanto mais vale ficar calado.
Violência Doméstica é uma forma do crime de maus tratos, constituindo crime público punível, no mínimo, com pena de prisão de 1 a 5 anos quando se trata de cônjuge, podendo ser aplicadas penas acessórias para afastamento do Agressor (Código Penal - artigo 152.º)
Crime público significa que qualquer um de nós, tendo conhecimento de uma situação de violência doméstica (não apenas de violência conjugal, mas de violência contra crianças e idosos) tem o dever de denunciar, pelo menos de comunicar a suspeita de crime.
A APAV tem um trabalho único e notável no apoio às vitimas em geral - 707 20 00 77 ou www.apav.pt
Já escrevi isto que vou escrever um cento de vezes!
Minhas senhoras e meus senhores, a violência doméstica é um crime público, se forem vitimas ou conhecerem algum caso, denunciem-no às autoridades.
É tempo de acabar com esses cobardolas da sociedade.
E mais não digo.
Um abraço.
Armando,
E está dito! Melhor, está escrito!
E já anteriormente contaste que te insurgiste, e muito bem, contra um desses cobardolas!
Este Portugal bem precisava de mais gente assim, sem medo dar um grito e bater com um punho na mesa, neste país que vive agarrado ao «entre marido e mulher não se mete a colher». Pois não é que, infelizmente, às vezes é mesmo preciso meter a colher ou o que quer que seja?
:)
Bjs
Concordo com o Armando, são uns cobardolas e do pior.
E nada tenho a dizer, acho que já disseram tudo e infelizmente demais....
Talvez seja eu que seja ingénuo... talvez seja da educação que tive... talvez seja dos ambientes bons onde cresci. Nunca assisti a nada dessas coisas. Para mim era tudo coisas dos filmes e de pessoas mais velhas. Não era próprio da minha geração.
Foi quando conheci duas mulheres jovens num curto espaço de tempo. Uma casada a outra namorava. Ambas foram vítimas de maus tratos físicos pelos companheiros. Ambas terminaram os relacionamentos.
Fiquei espantado mesmo... hoje sei que é possível. E nada tem a haver com as idades e condições socio-económicas.
Musas,
É preciso não ficar calado e é preciso ajudar, dentro das nossas possibilidades, as vítimas de violência conjugal e doméstica.
Não é fácil ser vítima neste país em que, nas terras mais pequenas, toda a gente se conhece, só há um posto da GNR ou coisa do género, eu que o guarda de serviço é amigo do marido, em que a maioria das vítimas tem poucas habilitações, investiu tudo naquela relação e não sabe viver de outra forma. Isto para não falar da tareia que recebem as mulheres quando o marido é notificado...
Há histórias horríveis e inacreditáveis de mulheres fechadas em caves, ou mesmo de senhoras da sociedade que vivem acorrentadas a uma cama, que tiveram os filhos fruto de violação, que só saem ao Domingo para ir à missa com o marido... Algumas dessas mulheres contam as suas histórias num livro chamado «Os Senhores do Medo» de Maria de São Pedro.
Não quero de todo usar a desgraça alheia para escrever posts. Gostava sim de falar de uma forma positiva de um problema que pode ter solução.
É difícil abandonar um sonho, deixar a casa apenas com a roupa que se tem no corpo e ir para uma terra distante, começar de novo.
Felizmente, já vamos tendo algumas casas-abrigo, incógnitas por esse país fora e por motivos óbvios, que acolhem mulheres que viveram 10, 20 anos de sofrimento.
Esplanar,
Se as tuas amigas tiveram força para acabar com os relacionamentos e seguir em frente e serem felizes, ainda bem.
Há mulheres que morrem, que não conseguem sair a tempo. É um facto comprovado pelas estatísticas.
Tudo isto para dizer, mais uma vez, há esperança, há alguns apoios, mas é tudo menos fácil.
Bjs
Sabes Eva... Acho que a vítima reage também pelo masoquismo. Há algo sado-masoquista neste tipo de relações, neste tipo de coisas.
Se puderes, aprofunda esta questão.
Como já disse a violência não tem justificação. E julgo que isto deveria bastar.
Beijo
Vampíria,
Antes de mais, obrigada pela visita.
A violência psicológica é gravíssima! Embora também presente na violência física, porque gera sentimentos como raiva, medo, humilhação, a verdade é que não ponho de lado esse tipo de violência, muito pelo contrário.
A 23/11/2005, no post «Realidade positiva de muitas mulheres que conseguiram seguir em frente», adaptei um testemunho real de uma mulher a quem o marido «só» bateu uma vez, mas que sofreu de depressão e de perturbações psicológicas graves. Não foi fácil, mas hoje é uma mulher feliz que superou o pesadelo em que viveu.
Já a 11/12/2005, achei importante fazer a distinção entre os conceitos de violência doméstica e violência conjugal, para não falar também da violência sexual, muitas vezes também parte de uma e de outra.
Neste post, como era já intenção e estava prometido (a mim própria e a todos os que visitam o meu «paraíso»), quis falar do ciclo da violência conjugal, exactamente porque me parece importante que as pessoas percebam que 1 bofetada ou um murro são formas de violência, mas a violência conjugal é um ciclo, uma prática reiterada e as próprias vítimas, sem terem noções de psicologia ou do quer que seja, identificam as fases e vivem em função disso.
Falarei adiante (não sei bem quando, mas um dia destes) de violência psicológica.
Embora tenha um sem números de assuntos, opiniões e reflexões que gostaria muito de partilhar convosco, a verdade é que se neste blog só se falasse de violência contra mulheres, os posts seriam uma autêntica choradeira, a começar por mim, claro!
Além disso, é preciso cautela quando se fala destas coisas (e de outras também), pois a mensagem que quero passar é positiva e nunca, jamais, aproveitar-me do sofrimento alheio.
Este blog é temático (pelo menos é isso que estipulei), ou seja, não é generalista; é sobre homens e mulheres, sexo e sociedade.
Procuro que os meus posts, sempre discutíveis a bem da liberdade de expressão e da liberdade de opinião, tenham fundamento, um trabalho de pesquisa aliado à experiência de vida (que não interessa se é muita ou pouca, é a minha) e sejam escritos de uma forma light, quero dizer, de consumo rápido e sem ser maçudo.
Se o consigo ou não, isso já tem a ver com a opinião de quem me visita (ou não).
Ahraht,
Sado-masoquismo... Relação interessante e em estudo. Posso adiantar que, algumas mulheres que vivem estas relações tumultuosas durante anos (nem são meses...), são «Mulheres que Amam Demais». Mulheres para quem amar significa sofrer.
Penso que, acima de tudo, as vítimas de violêncua doméstica são mulheres a quem é minada a auto-estima e que têm muita dificuldade em aceitar que o seu projecto de vida, a relação em que investiram...falhou!
O investimento em relações falhadas, falidas, já inexistentes é o mais comum nesta vida. Casais que continuam juntos por conveniência, habituação, etc. Quantos casais viverão na negação de que já nada os une, mas, pelo menos um deles, continua a querer «levar o barco» sozinho, quanto todos sabemos que são necessários dois? Quantos casos conhecemos de mulheres/homens que não concedem a separação ao outro, que vivem já separados de facto, apenas porque se recusam a aceitar que aquela relação já deu tudo o que tinha a dar?
Quando a isto juntamos violência (física ou psicológica), quando nesta situação temos uma mulher (não digo que não haja homens, mas trata-se de um padrão feminino)que insiste em querer «recuperar» o parceiro, em ser o seu suporte psicológico, em vez de desenvolver uma relação consigo própria que lhe permita encarar um relacionamento de forma saudável, para não falar no factor económico...
Quantas são as mulheres que deixam de trabalhar , mesmo com mais habilitações que os companheiros, porque eles não o permitem, ou são obrigadas a entregar integralmente todo o dinheiro que auferem. Outros casos há em que, por questões culturais, a mulher não tem mais do que a antiga 4ª Classe e nunca trabalhou, pois era suposto que assim fosse...
Enfim, tema complicado e inesgotável, lamentavelmente.
Pepe Santiago,
És pouco fresco, és! Então, afinal, quem é que é a vitima? A coitada que vive de iogurtes magros? Vá lá, não a teres posto a dieta da seiva, não foi mau de todo! Também fiquei a saber, pelo pouco que dizes, que tens um jardim com, pelo menos, uma árvore! Também não está mal! Olha, se o casamento é feliz, ainda bem, no amor entre duas pessoas vale tudo, desde que ambos se sintam bem - daí uma multiplicidade de relações possíveis e que cabe a ninguém julgar, tais como as relações abertas, o swing, etc....
Bjs
Oi Eva...
De acordo com tudo o que dizes...e já havía aqui deixado a minha opinião sobre este assunto...
julgo que, na maioria dos casos... o medo e a vergonha...impedem as mulheres de se manifestarem...para além...é claro...da nossa Justiça não funcionar.
Bfds
Bjs
Eva,
Gosto muito do teu Blog, parabéns. Tenho que vir mais vezes.
Este assunto é muito actual e, de facto necessita ser abordado porque, penso que é mais grave do que pensamos. Existe muita violência "escondida" atrás de preconceitos, medos e vergonha (violência dos pobres). Esta situação é mais visível nas zonas rurais. Depois existe outro tipo de violência (violência dos favorecidos), não menos importante, que é a violência psicológica. Esta última é menos visível, até porque não deixam “nódoas negras”
Penso que os nossos meios de comunicação deveriam fazer mais eco deste assunto em vez de se preocuparem com guerrilhas e intrigas do nosso futebol.
Bom fim-de-semana
Obrigado pela visita
Isabel,
Parrot,
Obrigada pelas vossas palavras.
São os comentários de todos (concordantes, discordantes, não interessa)que me dão ainda mais vontade de continuar a escrever.
Voltem sempre!
Bjs
Este assunto está longe de ser resolvido, pois as mulheres continuam com medo, não denunciam e os centros de acolhimento para os casos mais graves são escassos. beijos
Wind,
Tudo isso é verdade! Bem gostava de poder dizer o contrário.
Só vejo uma solução: dar esperanças a essas mulheres, mostrar-lhes que há um caminho, que têm direito a serem felizes.
Nada de falsas esperanças, porque é um caminho que é tudo menos fácil e as vítimas voltam muitas vezes com a palavra atrás, vacilam, perdem forças e desanimam com facilidade.
Mas há casos de sucesso, e já não vão sendo tão poucos como isso.
Bjs
Ólá minha muito querida amiga ... antes de mais muitos parabéns pela tua sensibilidade e assertividade na escolha deste tema tão delicado ... !!!!
Este é um verdadeiro "post de serviço público"
Beijinho encaracolado em admiração e amizade :))))
Querida Carolinha,
Bom é contar contigo nesta aventura que é Tudo Sobre Eva ou, como um querido corrosivo.blogsome.com)o chama Tudo sobre a miúda que comeu a maçã (adorei!)
Volta sempre, com o teu ritmo próprio, quando puderes e quiseres.
Agora que tomei o gosto, não me estou a ver a ir embora tão depressa...
Já adoro aproveito para dar uma palavrinha à Maçã nº3, que abruptamente nos deixou, por motivos que são seus e que só temos é que respeitar.
Maria Pedro,
Volta depressa! A malta também gosta de laranjas, pêsssegos, morangos, tutti-frutti, é o que quiseres, mas volta!
Bjs
MaXiKeIrO,
Se calhar era um relação sado-maso...
Obrigada pela visita!
Bjs
Bigada, Eva!
Voltarei, seguramente, mascarada de salada de frutas ou... de batatas. I'll Keep you posted!
Um beijo!
Olha... sou um Lúdico Pragmático...
E tal como eu dizia, muito do que está descrito não vai contra aquilo que eu sou.
É, este teste até que cobre uma vasta área populacional...
:)
sorry... wrong place.
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