Thursday, July 27, 2006

bathroom

Uma questão de atitude

"In my heart, I think a woman has two choices: either she's a feminist or a masochist." - Gloria Steinem

Falsa emancipação da Mulher? Não. Acho que estamos a meio caminho. Mais, a minha postura optimista leva-me a acreditar que se vai avançando, lentamente, nesta alforria, nesta luta que tem por objectivo a mudança de mentalidades não a supremacia do sexo feminino. Um dia de cada vez, milhares de mulheres em todo o mundo fazem o seu próprio caminho, estudam, trabalham, são mães, são mulheres.

Os obstáculos, as contrariedades, os atropelos existem, muitos deles vindos de onde menos se poderia esperar, ou seja, das próprias mulheres. Custa-me sempre ouvir comentários machistas e misóginos, tal como expressões racistas, xenófobas e de algum modo discriminatórias. No entanto, o que mais dói, o que mais me tira do sério, são as críticas destrutivas vindas de mulheres que se regem por preconceitos masculinos, mulheres que se subestimam, mulheres que cobardemente criticam as mulheres que têm a coragem de serem elas próprias.

Uma mulher é constantemente posta à prova durante a sua vida, sendo os exemplos disso mais que muitos. Mas uma mulher só passa a vítima se ela própria se martirizar.

A profissão e a maternidade
As mulheres que tiveram a possiblidade de optar entre uma profissão ou serem mães a tempo inteiro, as mulheres que se dividem por opção ou condição entre a maternidade e a carreira, vivem invariavelmente com um sentimento de culpa por terem feito uma escolha ou vivem com o complexo de tentarem exercer irrepreensivelmente as duas, numa tentativa supra-humana de serem boas mães e boas profissionais. Acredito que, com ajuda, podem consegui-lo, mas é uma questão que não se coloca aos homens. Aliás, um homem que queira ser pai a tempo inteiro ainda é uma raridade e qualificado como um ser fraco e dependente da mulher.

A profissão e as tarefas domésticas
Uma mulher que contribui para a economia familiar com o seu ordenado deveria esperar do seu companheiro uma contribuição equitativa no trabalho doméstico. Afinal, quando chegam a casa, ambos estão cansados e ambos têm responsabilidades na gestão do lar. Contudo, é sobre a mulher que recai a obrigação de ter a casa limpa, arrumada, o jantar na mesa, a roupa passada… A “ajuda” do homem costuma ser insuficiente, porque “ajudar” não é o mesmo que
“repartir”, “partilhar”.

A imagem da mulher
Há mulheres que se queixam porque são tratadas como objectos sexuais, mas elas são as primeiras culpadas porque se reduzem a bocados de carne, corpos ambulantes, mais pelas atitudes do que pelo guarda-roupa
.

E podia continuar, mas prefiro terminar como comecei, citando Gloria Steinem: "O primeiro problema para todos, homens e mulheres, não é aprender, mas desaprender".

Outras citações de Gloria Steinem


6 comments:

Eva Shanti said...

Eu bem queria fazer um post soft, de acordo com a época, mas não deu. Esta semana foi demais! Parece que o Universo me fazia sinal para tomar uma posição. A gota de água foi este post: http://escoladelavores.blogspot.com/2006/07/desisto-de-l-ir.html

Bjs

José Pires F. said...

Excelente este teu texto que caba tão bem, como começa, porque contém a grande verdade: a urgente necessidade de desaprender.

Li o teu post anterior “A cantada” que achei uma pequena maravilha. Aquilo sim, é uma cantada com gosto e que não deve deixar mulher nenhuma indiferente, no mínimo rirá como fizeste.

Um grande braço.

PS: Obrigada pela dica do “por um fio invisível”. Maravilhoso.

Agora vou ler, o que te fez ficar assim.

Eva Shanti said...

Piresf,

Obrigada pelas tuas palavras.

O que deu origem a este post já andava "atravessado" há algum tempo.

Esta semana os acontecimentos foram-me encaminhando no sentido de deitar algumas coisas cá para fora e... deu nisto.

Bjs

José Pires F. said...

Pois fizeste muito bem.
Eu vivo numa casa de mulheres, daí o meu respeito por elas.
Conheço-as e reconheço-as iguais como todos os indivíduos se deveriam reconhecer e para além disso respeito-as, pela inteligência, pela ternura de que são capazes, pelas lágrimas que por vezes mostram sem vergonha, pela sensibilidade, pelo gosto que põem no que fazem, pela frescura e alegria que dão à minha vida, etc, etc, etc.

Bem… mas isto sou eu falar. É que eu, gosto muito das mulheres, desde a primeira, a minha mãe.

Isabel Filipe said...

Oi Eva,

Sem sombra de dúvida ... tens toda a razão ... está fantástico o teu texto...

bom fim de semana
bjs

Rosa said...

Concordo com a última citação e com tudo o que tu dizes no texto. Mas já a frase da Gloria Steinem com que abres o post... não. É absolutamente redutora.