Sunday, July 09, 2006

O fim também é um começo

hilaryswankandchadlowe

Aceitar o fim ou lutar até à última, eis o dilema com que se deparam muitos casais. E não é nada fácil dissipar dúvidas, encontrar um caminho no meio da confusão de sentimentos opostos, tomar uma decisão, pôr um ponto final ou uma vírgula no relacionamento.

Há que contar com os factores externos e discernir quais os que podem contribuir para a harmonia e para o entendimento e quais os que dificultam a percepção das coisas e conduzem a uma visão reduzida e parcial.

Amigos, família, trabalho, interesses comuns, pontos de divergência, hábitos, hobbies, tudo o que seja susceptível de que interferir numa vida a dois tem de ser valorado com consciência e a máxima objectividade.

Todas as situações têm de ser analisadas caso a caso pelos interessados, e apenas estes têm legitimidade para separar o que interessa daquilo que já não importa, diferenciar aquilo que conta do que é dado como perdido, pesar a importância do individual no colectivo.

De longe e ao mesmo tempo tão perto, andava a acompanhar pelos media as dificuldades do relacionamento de Hilary Swank e Chad Lowe, como se de amigos se tratassem, torcendo para que os obstáculos fossem superados, mas o casal, após vários meses optou pela separação em definitivo depois de tentativas goradas de reconciliação.

Como se não bastassem os problemas característicos dos comuns mortais, este par teve de lidar com exposição constante, com o sonho holywoodesco de casal perfeito e o voiyerismo público em que também me incluo, consequências inevitáveis de uma indústria poderosa e de um estatuto de estrelas alcançado

Do "velho cliché de amor à primeira vista" nasceu uma relação relativamente estável (1992-2006) que culminou num corte amigável, tanto quanto possível.

Hilary&Chad

2004- Foto Vanity Fair

Olhares atentos acusadores detectaram a falta de menção de agradecimento a Chad no discurso do Óscar de Melhor Actriz Principal em 1999 e nunca mais se deixaram de críticas.

Foram atribuídas as tensões no casamento ao crescente sucesso de Hilary que conflituaria com a tímida e apagada carreira do marido. Não se duvida que os diferentes percursos profissionais tenham contribuído para destabilizar o casal, mas a causa apontada como razão principal da separação foi à dependência de Chad de uma substância intencionalmente não identificada.

Hillary declarou:


“I knew something was happening but I didn’t know what,” - Vanity Fair magazine."

When I found out, it was such a shock because I never thought he’d keep something from me. And yet, on another level, it was a confirmation of something I was feeling that was keeping us from being completely solid.”


“I don’t want to make it seem like that’s the sole reason; there were other factors. But that just kind of blew it open. It made me look at things a lot deeper. That’s when you realize it’s not going to work.” -
New York Post


Oscars night

77 th Annual Academy Awards - Governors Ball, 2005

Notáveis estas afirmações de Hilary:

"It takes two to make something work or not work. I'm a person with my own faults and troubles," Swank now says. "In the end, it just didn't work, but I would never look back on this relationship as failed. I look at it as 13 and a half years of success."

Afinal, o fim também é o começo de algo. Atrás de um sucesso, venha outro!

À T. , ao N., ao L., à M., que vivem ou viveram momentos de viragem nas suas vidas, de fecho de um ciclo e começo de outro. Aos que atravessam o deserto em busca de um oásis, porque as travessias também fazem parte da aprendizagem.

19 comments:

Meia Lua said...

"Aceitar o fim", este realmente é um grande passo. Enquanto não o aceitamos continuamos presos. Até que ponto é saudável lutar contra tudo e todos? É uma luta desgastante em que uma das partes sempre sai mais magoada que a outra. Quando aceitamos o fim, é quase como um alívio. Sabe-se que a partir deste momento tudo toma outra direcção e ao invés de estar-se preso, começa-se a andar para a frente... Só a minha opinião :)
beijinhos para ti Eva :*

Boo said...

Gostei do pouco que li... Hei-de passar mais vezes por aqui =)

Living Place said...

Para haver um relacionamento a "tempo inteiro" tem que haver, além do amor, amizade e respeito. Esse é o segredo!

Dilbert said...

Ora bem... alguns dos pontos deste Post são-me familiares... muito actual este Post... acho que é o problema da nossa geração... sinceramente. Crime, terrorismo, etc... são problemas inquestionáveis, mas sem culpabilizar uma geração (é a minha opinião... vale o que vale)...
Quantos hoje não fazem parte do clube dos divorciados... não creio que um divórcio seja uma boa opção para o que quer que seja... acredito sim que, por vezes, seja a única ou a menos má das opções possíveis...
Hoje em dia manter um casamento na estrutura que montámos nos paises ditos desenvolvidos é bastante difícil mesmo... hoje vivemos uma época em que cada pessoa (homem ou mulher) tem direito e sente o direito de ter a sua individualidade e satisfação a todos os níveis (a componente de realização profissional é talvez o mais avassalador de todos os rivais de um casamento)... vamos sucumbir à tentação de colocar culpa neste ou naquele sexo... não creio que o problema seja de alguém em concreto... mas acredito que seja de todos... também não acredito que seja problema em que uma pessoa só (como nos filmes...) faça a diferença...
O problema é que os padrões de satisfação numa realização que conhecemos hoje já não têm nada a ver com o que os nossos avós conheciam... só pode ser isso... acho...
Quanto a mim todas as gerações se sensibilizam e tentam resolver problemas criados pelas gerações anteriores mas trazem problemas novos de que (de alguma forma) não se apercebem a tempo... a geração de hoje é muito mais sensível e tenta (conseguir é outra coisa) resolver problemas ambientais... problemas que os nossos avós não se apercebiam... minas, carvão, plásticos, etc... hoje estamos conscientes do que é um crime ambiental e fazemos leis para o combater... a geração dos nossos avós julgavam ter o direito de abrir uma mina com despejos para rios e afluentes sem penalizações nem reincriminações... provavelmente os nossos netos julgarnos-ão por algo parecido com crimes de destruição de nucleos familiares... será que vão fazer leis para o proibir ?... bem, provavelmente haverá sempre quem as não cumpra... porquê uma lei que nos obrigue a relacionamentos/compromissos humanos dentro de certos padrões... bem... porquê leis que nos obrigam a relacionamentos/compromissos com a Natureza dentro de certos padrões... uma questão de respeito, talvez... se não por nós próprios... pelo menos pelas potênciais vitimas de nós... a Natureza... os filhos... sei lá eu do que estou a falar... será que não é pior para os filhos manter uma relação artificial... bem, a verdade é que passei por isto, com culpas no cartório (são precisos dois para assinar o papel) mas continuo convicto que era a única saída... :S
Bem... mas nesto momento quero é que chegue 21 Julho para ir de férias com a minha filhota com quem já sinto saudades de passar dias inteiros a brincar... isso é que me interessa mesmo neste momento :)... estou mesmo a precisar destas férias, eheheh... até já me ponho a dizer coisas sem nexo, LOL...
Beijokas Eva e até dia 15 Agosto :)

Desconhecida said...

Apenas te digo que é terrivel pereceber que se está a deixar de amar alguém que tanto se amou...

Anonymous said...

Este blog é muito interessante, hei-de passar por aqui mais vezes...

lr said...

Eva: é dífícil sobre estes assuntos, não é? Eu não seria capaz, tal a quanidade de emoções e ideias que se baralham... Gostei muito da dedicatória final, que me diz mais do que seria suposto: 'aos que atravessam o deserto em busca de um oásis, porque as travessias também fazem parte da aprendizagem'. O grande problema é mesmo quanto tempo se leva a atravessar um deserto... Obrigada.

Eva Shanti said...

Meia Lua,

O fim é sempre relativo. E acho que não antes de abandonar o barco há que lutar por mantê-lo a navegar, excepto em casos muito excepcionais - a toxicodependência é um deles, chega a uma altura em que temos de escolher entre o Amor pelo outro e o Amor próprio, a violência conjugal é outro, e muitos mais exemplos haverá.

Tal como tudo na vida precisamos saber perder, acabar algo e partir para outro desafio.

Cada caso é um caso...

Boo, Vozes,

Obrigada pela visita! Voltem sempre!

Musas,

Infelizmente, isso devia chegar, mas às vezes é insuficiente. No caso do post acredito que houvesse muito Amor, Amizade e Respeito. Aliás, não duvido que continue a existir Amizade e Respeito mútuo. Mas não chegou...

Dilbert,

Ena, grande comentário! :) Surpreendeste-me, só isso. Quando falo em "pesar a importância do individual no colectivo" refiro-me exactamente à questão que levantas e muito bem: "Hoje vivemos uma época em que cada pessoa (homem ou mulher) tem direito e sente o direito de ter a sua individualidade e satisfação a todos os níveis (a componente de realização profissional é talvez o mais avassalador de todos os rivais de um casamento)..." É bem complicado gerir isso e é uma das causas de falência de muitas uniões. Não é culpa de ninguém, são apenas direitos que se colidem ou, por outro lado, é culpa dos dois - enfim, podia ficar aqui horas a divargar...

Boas Férias ;)

Desconhecida,

"Deixar de amar alguém que tanto se amou", acordar um dia olhar para o lado e pensar:"mas o que é que eu estou aqui a fazer?" É mau, muito mau.

Sérgio,

Desculpa, acho que não percebi o comentário, mas para mim isso são falsos problemas. Então se forem causas para manter duas pessoas juntas ainda discordo mais.

LR,

O deserto, o tempo que se leva a atravessá-lo, se é suposto fazer uma paragem definitiva num terreno fértil ou apenas andar de oásis em oásis... Tudo isso dá que pensar. Eu é que agradeço o comentário deveras inspirador :)

Bjs

Parrot said...

Querida Eva,

Antes de mais, desculpa esta minha ausência….és daquelas que me sinto em dívida….
Hoje escolheste um post bastante, actual…..eu acredito nisso, no lutar até à última, isso significa que capacidade de lutar e ultrapassar as dificuldades. Problemas….todas as relações existem, o que varia é a capacidade de ultrapassa-las. Muitas vezes não é fácil, sendo que o importante é estarmos de consciência tranquila connosco próprios, não abdicar da nossa individualidade e sabermos olhar para o outro com alguém que não está de frente, mas sim ao nosso lado……. parece esquisito estas palavras? Não são…...

Beijinhos e :)

Parrot said...

Apenas mais uma nota (pode ser de roda pé)....um fim é sempre um começo.
;)

Eva Shanti said...

Parrot,

Não te sintas em dívida, porque aqui não há cobranças ;)

E não me parece nada esquisito, parece-me até muito acertado :)

Bjs

José Pires F. said...

Em síntese e concordando com a génese deste post, estou firmemente convicto que este é um passo que nunca deve ser dado de “ânimo leve”, mas também, que o que nos rodeia, não pode ser impeditivo de procurarmos a felicidade, sob pena, de escudados muitas vezes com o comodismo ou a análise ligeira, passarmos ao lado de uma necessária atitude, que obviamente mais tarde e inapelávelmente se fará sentir.

Embora seja dos que lutam para manter o casamento saudável e faça disso, condição principal para estar bem com a vida, e seja também, dos que abominam as decisões ligeiras de separação muito em voga nos dias de hoje, não concebo a vida amorfa a que muitos se votam, simplesmente pela falta de coragem em tomar uma atitude, principalmente quando são novos.

Bem... já me estendi demasiado, mas compreenderás que este é um tema difícil de sintetizar.

Abraço.

Mocho Falante said...

Pois é não é fácil manter uma relação...o segredo está muitas vezes em conseguir manter a nossa individualidade sem abalar os alicerces da vida a dois

beijocas

Rosa said...

Lutar até à última e, depois disso, aceitar o fim... :)

Mónica Lice said...

O mais difícil é perceber que o fim pode ser, efectivamente, um início...

Parabéns pelo post!

Beijinhos e bom fim-de-semana!

Maríita said...

Até se aceitar que as coisas acabaram com serenidade, anda-se num turbilhão de sentimentos que parece uma montanha russa sem paragem para recuperar o fôlego. O problema está em saber quando é esse momento. Hoje em dia existem muitas pessoas que desistem sem terem efectivamente tentado a reconciliação, sem ter definido o que é que é aceitável ou não, sem ter pensado o que é que pretendem para si. Concluir que acabou, é por vezes difícil porque os sinais são contraditórios.
Beijocas e continuação de bom fim de semana

Eva Shanti said...

Rosa, A lice, Piresf, Mocho, Maria,

Concordo com todos.

Ana,

Dedicado a alguns amigos e muito especialmente à T., diz respeito a todos.

Bjs

Anonymous said...

O principio é sempre o fim de outra coisa qualquer.

Eva Shanti said...

Noite,

Obrigada pela visita.

Apesar de correcto, prefiro a visão positiva da coisa: o fim é um começo.

Bjs