Embora de difícil quantificação, um número significativo de homens e mulheres tem uma aversão intensa ao compromisso de uma vida a dois, em especial quando esse compromisso é formalizado pelo casamento.
A gamofobia ou medo do casamento é um distúrbio psíquico que se traduz num medo mórbido, irracional, desproporcional, persistente e repugnante do matrimónio.
Passo consecutivamente adiado ou totalmente evitado, uma vida em casal implica que as pessoas estejam preparadas para concessões mútuas, alguma renúncia e um equilíbrio que pode ser posto à prova pelas agruras da vida – na alegria e na tristeza, saúde e na doença, na riqueza e na pobreza…
Alguns solteiros convictos, cientes da irracionalidade da forma como encaram o casamento, são incapazes de lidar com a ideia de compromisso matrimonial. Nos homens esse medo está grandemente associado à perda de identidade, à visão do casamento como privativo da liberdade e à vontade de prolongamento de uma adolescência plena de folia e ausente de responsabilidades. Já nas mulheres, nomeadamente nas que estão habituadas a uma vida independente, o casamento surge como uma possibilidade terrível de submissão económico-financeira e perda de controlo.
Contudo, esta fobia é mais característica no sexo masculino, pois a mulher em razão do seu relógio biológico sente mais necessidade e urgência na constituição de uma união estável para formar uma família e ter filhos, ou seja, o vislumbre de um futuro consistente e duradouro.
As causas profundas da gamofobia radicam no inconsciente e nos mecanismos instintivos de defesa, que estão directamente relacionados com acontecimentos passados que fazem a ligação do casamento a um trauma emocional. Esse trauma pode ter sido vivenciado por alguém que é próximo (pais, irmãos, vizinhos) experienciado pelo próprio (caso de um casamento anterior que falhou) ou motivado por um facto exterior e ficcional mas que influi de modo decisivo na formação da personalidade, como por exemplo, o visionamento um filme ou série de televisão.
Todavia, psicólogos e psiquiatras são unânimes no que toca à principal razão de fundo da gamofobia: é a dificuldade de algumas pessoas em assumir a idade adulta que leva à falta de maturidade e consequente incapacidade para lidar com a responsabilidade de dar início a uma família, acto geralmente oficializado pelo casamento.
As manifestações da gamofobia variam de pessoa para pessoa e cada caso é um caso. Os sintomas mais usuais e visíveis são: ansiedade, ataques de pânico, boca seca, insónias, enxaquecas, batimento cardíaco irregular, palpitações, respiração ofegante, náuseas, suores, alergias e irritações cutâneas
A wedding cake, with a wedding cake on... mmnn
Um facto inegável é o de que uma relação estável, comprometida, não precisa necessariamente culminar no casamento.
Outro facto que não se questiona é o de que certezas ninguém as tem e erros todos cometemos.
Isto não invalida a que se dê alguma atenção aos sinais de alerta, por vezes de natureza aparentemente irracional, que nos impedem de levar adiante uma relação com alguém. Infelizmente, na ânsia de consumar um projecto de vida que muito queremos ou que achamos que é necessário à nossa progressão na vida adulta somos levados a arrastar uniões condenadas à partida, a situações que só trazem dor e sofrimento tanto a quem tem de cortar o laço como a quem é abandonado. Aqui tem de imperar não só o auto-conhecimento, mas também a capacidade de visualizar com clareza as consequências que pode acarretar uma decisão ou a sua omissão.
A terapia, a hipnose, a programação neuro-linguística são algumas formas de minimizar e eliminar a fobia ao casamento.
Conclusão: devemos dar a devida importância aos nossos instintos de protecção e distinguir o que é um receio perfeitamente ultrapassável de uma patologia que requer um pedido de ajuda e um processo de cura.
Dois filmes impressionantes: "A Guerra das Rosas" com Katheleen Turner e Michael Douglas e "Mr & Mrs Smith" com Angelina Jolie e Brad Pit - Até que ponto o medo de uma ruptura explosiva ou a descoberta de viver anos com um autêntico estranho pode condicionar um futuro compromisso, marcando negativamente indivíduos mais sensíveis e susceptíveis?
Sex and the City, episódio 60 - "Just say yes" e episódio 63 - "Change the dress" : a pressão de Aidan sobre Carrie para formalizar a união leva a manifestações de ansiedade e pânico. Será que Carrie sofre de ataques de gamofobia ou simplesmente, no fundo do seu coração, sabia que Aidan não era a pessoa certa?
20 comments:
Apesar da "Gamofobia", o que é certo é que os casamentos se vão sucedendo!:) Com mais ou menos sucesso...
Eu também tinha um misto desses sentimentos todos que enumera, e um dia cheguei mesmo a dizer : "a mim? a mim ninguém me apanha!"... até ao dia em que queria tanto ser apanhado que me virei ao contrário para a apanhar eu.
Mais tarde, o meu relógio biológico vinha a despertar ao mesmo tempo que o dela.
Hoje até tenho pena de não ter casado mais cedo. É caso para lembrar "nunca digas desta água não beberei!"
Bjs
Ora aqui está uma boa reflexão ... mulher, tu já alguma vez pensaste seriamente dedicar-te a tempo inteiro à investigação ???? (se é que já não o fazes) ...
Brilhante tu !!!!
Beijoca encaracolada !!!!
Minha querida Caracolinha,
Um palavra especial a V.Exa que, segundo ouvi dizer, anda pelos Algarves - não sei se é verdade ou nem por isso; foi um certo pássaro que me contou...
Espero que tenhas recebido o meu mail...
Entretanto, tinha um convite para te fazer, mas se andas longe da Capital, temos pena, fica para uma próxima!
Quanto à vida de investigação... Eu acho que sou uma pessoa prática, sou é uma curiosada da vida, lá isso sou!
E devia dedicar-me a ter juízo e ganhar €€€, essa é que essa, LOL!!!
Bjs
A lice,
Há quem diga que as uniões de facto (que são =/= casamento) andam a ganhar terreno e que o casamento como contrato merece uma revisão, não só para dar abertura a "casamentos" de pessoas do mesmo sexo, como para resolver outras questões.
O nº de casamentos versus o nº de divórcios também não nos dá uma perpectiva animadora...
Enfim, era uma boa matéria para outro post...
Tá difícil,
Parece-me que tudo aconteceu num timming perfeito: nem cedo de demais nem tarde demais.
Eu voto na felicidade acima de tudo, com ou sem casamento, aí já estamos no plano das opções individuais.
Bjs
Admito que exista esse distúrbio, mas não a aplico com leveza, a uma pessoa que por não aceitar a formalização burocrática e socializada de um casamento, únião ou relação - definam como quiserem, seja Gamofóbico.
(Bolas que nome feio !)
Uma coisa é ser-se capaz de aceitar ou não aceitar compromissos. Outra é imiscuir nisso o casamento, enquanto contrato, forma júridica de associação de bens. Pois é disso que se trata.
Uma relação para mim pode até vir a durar a minha vida toda, mas pode também acabar em qualquer momento. Isso não faz de mim uma pessoa leviana, devassa ou libidinosa. Apenas realista. S
Se experimentar o impulso da Mãe Natureza, para procriar, ou mesmo se isso acontecer, não é nem assim razão ou condição suficiente para casar. Casado fico eu quando assumo o compromisso, qualquer que ele seja. E não ponham cá Deus nisso !
Depois poder-se-á ser ou não honesto e responsável perante o compromisso, ou não. Mas isso é assunto, de um outro foro.
Há uns posts atrás, acho que aflorei a questão que a psicologia social explica, para certos factos da nossa história evolutiva.
Chamam-lhe Teoria da Estratégia Sexual (de curto ou longo prazo) e articula-se com a escolha de parceiros sexuais.
Depois há ainda este paradoxo. Na letra da lei, a poligamia é condenada. Na prática ela é perfeitamente concretizável, sem qualquer restrição legal. Basta que as pessoas envolvidas não se casem.
Particularmente gosto muito do modelo de Osho.
Mas o pessoal continua a casar. E a divorciar-se, claro, mas, ainda assim, casam-me! :)
Eva, tens que editar o post do video, pois tramou-te a paginaç~´ao do blog e porconseguinte, os links à direita passaram lá para baixo.
Em principio, com uma foto, basta torná-la mais pequena. com o video não sei.
Quanto ao casamento, enfim, já fui a bastantes. Alguns duram e estão ok.
Isso faz-me ficar feliz.
As coisas que esta rapariga vai buscar espanto até o mais distraído...estás uma verdadeira wihipédia amiga
Olha que esta heim?
Eu nem sabia que era doença lolololol
Mas realmente eu sou uma ave rara, casei com 20 anos, porque quis, tive um filho aos 22 e outro aos 27 por quis e continuo a achar o casamento uma maravilha!
Querida Eva,
Não conhecia este tipo de fobia....lol.
É mais típica dos homens? Se calhar manifesta-se de forma diferente, apenas isso. O que acho é que o casamento em si não mete medo (pelo menos a mim), o que mete medo a muita gente é o assumir o compromisso.:-)))
Faz-me lembrar a história daquele amigo meu que quando o padre lhe perguntou:
bla, bla, bla,na alegria e na tristeza para toda a vida?
Ele respondeu:
Sr. Padre, tem de ser para toda a vida? Nem ao menos uma vez?
LOL
As pessoas tem medo de compromissos...se é ou não fobia....sinceramente não sei.
Beijos e bom fim-de-semana
Sou "gamofóbico". A tua reflexão está excelente. parabéns... mas como ainda tenho 23 anos... acho que talvez me cure... Até à próxima... gmc
Quando era muito pequena queria casar pela Igreja (porque achava que só assim é que os votos tinham valor, perante Deus), ter filhos e ser feliz para o resto dos meus dias.
Mais tarde, continuei a querer casar-me, mas não o verbalizava tanto.
Agora, depois de tudo o que tenho visto e vivido, confesso que não tenho vontade nenhuma de me casar e que a ideia em si mesma me causa arrepios. Acho que prefiro conhecer alguém e por ai ficar. O medo que eu tenho é completamente irracional... coisas da vida.
Excelente post, espero o próximo ;)!
.. Eva .. um amigo meu .. que por acaso é juiz .. diz que o casamento devia ser renovável de 5 em cinco anos .. .. e depois do desencanto .. sei lá .. A minha avó costuma dizer: "casamento é um .. e por erro .. " .. nos dias de hoje .. é preciso ter mesmo muita sorte para encontrar alguém com quem valha a pena viver .. e a oportunidade nem sempre vem na melhor altura .. às vezes penso que é melhor ficarmos sós .. e depois há coisas que exigem muito de nós .. sacrifícios que um casamento não consegue comportar .. e depois a correria desta vida .. quase sempre engolida apressadamente na maré dos dias .. enfim .. talvez um dia .. um pouco mais velho diga .. tenho pena de não ter arriscado mais .. falhado mais .. rido e chorado mais .. amado mais .. mas tudo nos prende .. do imaginário social aos compromissos profissionais .. pelo menos temos alguém que escreve para não nos sentirmos tão sós .. e essa pessoa és tu .. obrigado Eva.
Querida Eva:
GAMOFOBIA?
nunca ouvira falar, muito menos supunha que fosse patologia!...
gamo+fobia, é isso? gamo, de macho?
pois se ataca mais os homens...!
agora, para quê 'curar'? cada um é o que escolhe, não é?
isto suscita-me a questão de saber se é gamofobia aquilo que sente alguém que casou e por nada deste mundo quer repetir...
(aprende-se sempre aqui; obrigada pelo mail; procrastinando, vi-o só hoje)Bjos
Excelente reflexão sobre o contrato em causa ;-)
Desculpa não fazer um coment mais inteligente mas a minha opinião sobre o casamento anda a depender do dia a dia.ehehehe
Beijos
Titá,
Sei bem como o dia-a-dia pode influenciar a nossa percepção das coisas, especialmente se tivermos em conta que os contratos existem para regular situações e acautelar situações de incumprimento e ruptura.
Sim, o casamento é um contrato e, um dia destes, atrevo-me a falar disso com detalhe...
LR,
O temor patológico de casar ou gamafobia pode ser ocasionado por uma experiência anterior de fracasso. Imaginemos alguém que ganha medo de conduzir por ter tido um acidente de automóvel, como a gamofobia é a mesma coisas.
Quanto à raíz etimológica de gamofobia temos a palavra "gâmeta", ou seja, célula reprodutora masculina (espermatozóide) ou feminina (óvulo) que se une à célula oposta durante a reprodução sexual, para dar origem ao ovo ou zigoto.
:))))
A.S.,
Essa explicação tem um fundamento empírico, quer no facto do pico de divórcios em todo o mundo ser o 4º ano de casamento, quer porque as feromonas, responsáveis pela atracção sexual não duram muito mais do que 3 anos.
Depois da paixão, do enamoramento, tem de existir mais qualquer coisa. Penso que o mal está nos casais se preocuparem pouco com esse "mais qualquer coisas", para não falar do facto de que as pessoas mudam e, por vezes, os cônjuges evoluem em sentido diferentes e incompatíveis.
Lá está, outra matéria para desenvolver...
Quanto ao facto de "alguém que escreve para não nos sentirmos tão sós ..." É uma responsabilidade esse papel que queres dar...
Maria,
Há que distinguir a festa do casamento do compromisso de vida em comum.
As mulheres são educadas a sonhar com a festa do casamento. Muitas de nós preocupam-se com todos os detalhes do copo-de-água (o vestido, o bouquet, a decoração da Igreja e das mesas, o menu, os convites, a lista de casamento, etc.) menos com aquilo que realmente importa, ou seja, o outro, o noivo. Resultado, contentamo-nos com um espécime que esteja disposto a fazer esse papel e depois da festa, com uma vida em comum, apercebemo-nos que estava tudo perfeito excepto o "príncipe".
O casamento tem também outras implicações que são bem mais profundas do que se pode supor e, algumas vezes, pessoas que vivem juntas e que decidem "assinar o papel" começam a ter problemas onde antes não os havia (a não ser que as coisas já não estivessem bem e a cerimónia do casamento tenha sido usada como recurso para consertar o que já dificilmente tem conserto...).
Acho que não há nem razões para medos nem razões para pensar que o casamento é a única opção possível.
Portanto, mais matéria para desenvolver num próximo post - prometido!
Igo,
Se és ou não "gamofóbico" a resposta és tu que a tens ;) Mas não acredito. Um dia que tenhas a certeza dos teus sentimentos e se o casamento for a opção que queres seguir, então não haverá lugar para medos :)
Parrot,
Vivemos num mundo em que as pessoas têm medo de assumir responsabilidades. E isso reflecte-se em todas as áreas da vida. Já tiveste um superior hierárquico incapaz de tomar de decisões? Eu já perdi a conta deles, por isso é que decidi trabalhar por conta própria, o que tem vantagens e tem contras...
Musas,
Há casos de sucesso! Felizmente! :)
Xá-das-5,
Não noto nada no template.
Mais uma vez, cuidado para não confundir a festa do casamento com o compromisso, mais ou menos solene, de fazer uma vida em comum.
Mocho,
Sou um poço de sabedoria, tá visto! ;)
Rosa,
Haverá sempre casamentos e, nalguns casos, divórcios. Há quem seja apologista do "preto no branco", quem sinta essa necessidade ou seja por natureza mais formalista. Não é uma postura necessariamente má, até porque há cada coisa por aí...
Ana,
Há razões que o explicam, mas olha que as mulheres têm cada vez mais medo da sociedade conjugal... Atenção que mesmo nas uniões de facto, quando ambos contribuem para o empréstimo da casa que está apenas em nome de um, ao desfazer-se a união o outro pode ser ressarcido... Não é só por haver casamento que as rupturas são menos dolorosas e chatas. Quando há €€€ envolvido tudo muda de figura.
Aliás o peso do €€€ da vida do casal há-de ser tema de outro post...
Dii,
A experiência vamo-la adquirindo com a nossa vivência. Claro que a tua opinião é muito válida!
Mas atenção, no tempo dos nossos avós o casamento era encarado de outra forma e durabilidade nem sempre é sinónimo de felicidade...
Ordepadamar,
The last, bu not the least!
Não se podem qualificar as pessoas de "gamofóbicas" levianamente. Nem colocar nos outros esse rótulo nem autodiagnosticar-se, à semelhança dos hipocondríacos que acham qye têm todas as doenças que existem. Agora que a patologia existe, esse é um facto.
Quanto à Teoria da Estratégia Sexual, não o vou agora desenvolver, mas é criticável, tal como é o Darwinismo e seus seguidores. Um exemplo: http://www.cacp.org.br/critica%20a%20darwin.htm
Também discordo do modelo de Osho que se baseia nas tribos aborígenes, sociedades obviamente limitadas pelo seu tamanho. Tal como a economia de troca directa, qua funcionava entre pequenos grupos, teve de evoluir para a troca indirecta com a introdução da moeda, também a teoria de Osho é utópica em sociedades com dimensão que tem a nossa.
Sempre disse que leio Osho, mas que o faço com espírito crítico e este é um ponto em que discordo :)
Viabilidade da poligamia...
Marrocos, Senegal, Iraque, Síria e Argélia são alguns países que admitem legalmente o casamento polígamo.
A concepção judaico-cristã, salvaguardando a presunção da paternidade, optou pela monogamia.
Há dados históricos de que os homens das cavernas eram monógamos. Porquê? Porque a poligamia é uma dor de cabeça! Se a vida a 2 é complicada, imagine-se a vida e 3 ou a 4... E, se uma mulher é complicada, 2 ou 3, para não falar em mais, é um pandemónio! E ter de caçar e agradar áquela gente toda? Não, poligamia é para quem quer sarna para se coçar! Mesmo nos casamentos muçulmanos, só os homens muito ricos têm várias mulheres, pois o que dão a uma são obrigados a dar a outra...
A poliandria existe nalgumas tribos africanas, mas não deixa de ser complicado, até porque 1 mulher que tem relações com vários homens dificilmente saberá quem é que é filho de quem....
Bjs
A título de curiosidade, algumas fobias...
Androfobia - medo do sexo masculino
Genofobia- medo do acto sexual
Partenofobia -, medo das virgens ou de raparigas novas
Heterofobia - medo de pessoas homossexuais em relação a pessoas heterossexuais.
Bjs
Misogamia: do Gr. mîsos, ódio + gámos, casamento
s. f.,
qualidade ou estado de misógamo;
aversão ao casamento.
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Gamofobia
s. f.,
temor patológico de casar.
In http://www.priberam.pt
Namorei um homem por 12 anos e do nada ele rompeu nosso namoro alegando que faltava algo em sua vida, mas não sabia o que. Será que ele é um gamofóbico?
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