Tuesday, February 26, 2008

Without_You_by_swishy_fresh


Talvez Fevereiro seja o mês do Amor. Talvez depois da chuva diluviana sonhe com dias longos, quentes e iluminados. Talvez não haja lógica nenhuma. Apeteceu-me ir buscar esta canção ao baú.

Adoro-a. Oiço-a sem parar. As vezes que me apetecer.

Gosto da força escondida na tristeza do poema. De simples e planas, as palavras tornam-se volumosas, potentes, com a textura própria de quem reconhece a grandeza do sentimento mas se resigna, melancólico, aos entraves da vida. É a inconfundível alma portuguesa, arrebatadora, mas que não sabe viver sem o peso do fado.

Como se a felicidade nunca estivesse completa. Como se o Amor perfeito não exista sem o seu quê de transgressão. Como se fosse o Amor retraído, separado, condenado, proibido, vivido em silêncio, sofrido, o maior e o mais valoroso.

Amália escreveu o fado e gravou-o em 1983. O V Império apresentou a versão ligeira em Tribute to Amália (2004), Kátia Guerreiro incluíu-o no seu trabalho de 2006.

Amor de fel, amor de mel
Tenho um amor
Que não posso confessar...
Mas posso chorar
Amor pecado, amor de amor
Amor de mel, amor de flor,
Amor de fel, amor maior,
Amor amado!

Refrão :
Tenho um amor
Amor de dor, amor maior,
Amor chorado em tom menor
Em tom menor, maior o Fado!
Choro a chorar
Tornando maior o mar
Não posso deixar de amar
O meu amor em pecado!

Foi andorinha
Que chegou na Primavera,
Eu era quem era!
Amor pecado, amor de amor,
Amor de mel, amor de flor,
Amor de fel, amor maior,
Amor amado!

Refrão

Fado maior
Cantado em tom de menor
Chorando o amor de dor
Dor d'um bem e mal amado!

Versão V Império
Fado Kátia Guerreiro

Foto encontrada
aqui

1 comment:

José Pires F. said...

Começo por te agradecer o interessante link, onde já fiz pequenas incursões, mas que ainda quero ler com mais vagar. E eu aqui tão perto e não conhecia.

Também aqui a poesia nas suas várias formas… não conhecia, nem os V Império, que só o nome me reporta a outros caminhos, nem este fado na voz da Kátia Guerreiro. Bem… não é uma voz que aprecie por aí além, talvez por isso.

Sobre o amor perfeito tenho uma tese. Ele existe, mas acontece por vezes, a maior parte, talvez, a nossa exigência não o deixa desabrochar. O amor é simples, nós os humanos é que aprendemos a complicar tudo, inclusive erguendo tremendas barreiras para não o vermos.

Abraço.