Tuesday, December 13, 2005


O teste secreto

Bem, já não é tão secreto assim, mas noutros tempos este teste passava de pais para filhos, de irmãos para irmãos. Conhecido como o «teste do egoísmo», consistia, logo que oportuno, em abrir primeiro a porta do carro à potencial parceira, verificando se ela depois se inclinava para retribuir o gesto, abrindo a porta do lado do condutor. Se a moça não se mexesse sequer, era seguramente uma pessoa egoísta, logo chumbada e sem qualquer hipótese.
Hoje em dia, com a existência de fecho centralizado e do comando do alarme, este teste caiu em desuso. Já foi certamente substituído por outro que desconheço, esse sim secreto e que estou mortinha por saber…

23 comments:

Desconhecida said...

Penso que não é necessário testes secretos. O egoismo, tal como outras coisas, notam-se à distância, percebem-se no dia a dia, nas mais pequeninas coisas...até nas palavras.

Eva Shanti said...

Desconhecida,

Não podia estar mais de acordo. Mas também acho que passamos a vida a testarmo-nos uns aos outros. É humano.

Bjs

CS said...

Concordo com as duas... e, por outro lado, não. Acho que não deviamos fazer testes, sim, mas acho que é inevitável. Discordo que o egoísmo se note à distância ou então eu sou completamente cegueta (ou lenta?).

Eva Shanti, já deves saber mas o filme do aménabar que gostavas de ver, se bem percebi, vai dar amanhã (4.ªf) na rtp1...
Já agora, o que significa eva shanti (ou é segredo?)

Living Place said...

Desconhecia esse teste, será que alguém me fez?
Ops ná me lembro.
O egoismo é algo que se vai aos poucos conhecendo, pois penso que ninguém se dá a conhecer logo assim de "rajada".
Quando olhei para a foto disse: "Faz lembrar Cuba" (e nunca lá estive), afinal adivinhei!

Isabel Filipe said...

hummmmmmmm

qunado são necessários testes...alog vai mal...há desconfiança no caminho...


beijuuuuusss

Eva Shanti said...

Maria Pedro,
Musas,
Isabel,
Desconhecida,

Obrigada pelas vossas visitas.

E Shanti não é nenhum segredo. Ainda bem que alguém perguntou, porque eu gosto sempre de falar nisso...

Shanti significa literalmente Paz em sânscrito, uma língua clássica da Índia, o equivalente asiático ao nosso latim, com a diferença de ainda hoje estar viva e ser uma das línguas oficiais da Índia.

O sânscrito é também uma língua sagrada, sendo o seu alfabeto originário o devanagari, "a escrita da cidade dos deuses".

O sânscrito existe há mais de 5 mil anos. É uma língua muito matemática (imagino que seja do tipo do latim e do alemão, com declinações) e, tal como a música, assenta na matemática. Daí o carácter sagrado, pois dizem os Mestres que tal como a música, o sânscrito tem o poder de tocar o coração e leva à iluminação da expressão criativa.


O sânscrito é também a linguagem dos mantras – palavras que, repetidas um sem número de vezes, têm o poder de remover os condicionamentos da mente, por estarem em sintonia subtil e direta com a harmonia invisível. Daí a sua utilização na meditação, pois enquanto estamos a repetir um mantra ou a visualizar mentalmente um símbolo estamos a «limpar» a mente de pensamentos.

OM SHANTI é um mantra e é também uma saudação, especialmente se colocarmos as mãos em forma de oração junto ao peito. É uma forma de desejar «a paz do universo» ao outro.

É difícil a tradução literal, mas aqui vai uma tentativa...

Om siginifica Deus, o Universo, é a vibração primordial, o som do qual emana o Universo, a substância essencial que constitui todos os outros mantras, sendo o mais poderoso de todos eles.

OM ou AUM, tal como Amen e Ahmeen significa o Divino que se manifesta tal como é. OM é o “verbo” em si, o som, a palavra; “no princípio era o verbo”, o que significa o primeiro som ou vibração do qual todos os outros nomes e formas derivam e ao qual todos retornam.

Aquele desenho semelhante ao número 30 que aparece em quase todos os livros e entidades de Yoga é o OM.

Traçado em caracteres, é um yantra (símbolo visual que se utiliza na meditação). Pronunciado, é um mantra.

OM é o símbolo universal do Yoga, para todo o mundo, todas as épocas e todos os ramos de Yôga. Entretanto, cada Escola adopta um traçado particular que passa a ser seu emblema. Isto pode ser percebido por um iniciado pela simples observação da caligrafia adoptada.

OM SHANTI é, pois, uma saudação comum entre praticantes de Yoga, no ínicio e no fim da prática, por exemplo.

Bem mais correcto do que dizer NAMASTÉ, que significa «Olá» (ou «Adeus», se for dito na despedida) na linguagem comum da Índia, o hindi.

Há ainda praticantes de uma determinada escola de Yoga que dizem SwáSthya (=SUÁSTIA=) que significa auto-suficiência em sãnscrito e saúde em hindi, mas esta saudação é específica desta escola e não generalizada.

Complicado? Espero que não. Dentro do possível estou disponível para responder a enventuais dúvidas, embora não seja de todo expert na matéria.

Resumindo, escolhi «Shanti» para apelido, pois sou de paz!

Bjs e... OM SHANTI!

Eva Shanti said...

Já agora, alguém se lembra da música Shanti da Madonna? Na altura ela foi muito criticada pela pronúncia do sânscrito e por fazer uma canção de algo sagrado...

Bjs

CS said...

Ufa! Quem sabe sabe! Estou elucidada, obrigada, Eva! Shanti!

Mocho Falante said...

Bom mas quem não é egoísta???? Desafio-te a ler o belo livro de Richard Dawkins "O Gene Egoista" uma obra fundamental para quem acredita que existe altruismo...

Beijocas

Living Place said...

AH tão giro EVA.
Gostei. Tem um significado muito bonito.

Eva Shanti said...

Mochito,

Obrigada pela dica. Acredito que sim, que todos temos, pelo menos um, «gene egoísta».

Todos sem excepção, incluindo a Madre Teresa (que Deus me perdoe!), que me parece ter sido das pessoas mais altruísta que jamais houve.

Bjs

Sukie said...

Eu tenho o om tatuado abaixo da nuca. E tenho uma prima Eva. :) Beijinhos

kiko said...

Mas... repara... Se um abria a porta e o outro também, ninguém entrava no carro! Faz-me lembrar aqueles momentos desconfortáveis do "faça favor de entrar!" "Não, não, por quem sois, primeiro vós!" Mas, majestade, sois mui simpáticos, mas primeiro vós!" "Não, desculpe, insisto, primeiro v. senhoria!" "Mas por obséquio!" "Não não, primeiro os fuinhas!" "Não desculpe, se primeiro os fuinhas, em seguida os sarnentos!" "Desculpe, se é assim já não entro!" "Pois então até à próxima, foi um prazer!" :D ;)

armando s. sousa said...

Não fazia ideia que se fazia este teste.
Por vezes abro a porta à minha mulher ou outras pessoas e sendo verdade que nunca se inclinaram para abrir a minha porta, também nunca me passou pela cabeça chamar-lhe egoísta por isso.
Depois de ler o post também não me passa.
Acho que um gesto cavalheiresco não têm necessáriamente de ser retribuido por um outro gesto, excepto com um simples obrigado.
Um abraço

Eva Shanti said...

Quiosk,

Vamos lá ver se eu me explico melhor: o senhor abre a porta à senhora; a senhora entra e, já sentada, inclina-se para levantar o «pipo» (será que é assim que aquilo se chama?) e destrancar a porta do lado do condutor para o senhor poder entrar. Faz sentido?

Bjs

Eva Shanti said...

Armando,

«Acho que um gesto cavalheiresco não têm necessáriamente de ser retribuido por um outro gesto, excepto com um simples obrigado»

LINDO!

Mas que ainda há gente a utilizar esse teste lá isso há!

Há coisa de 2 meses saí com o meu melhor amigo e tivemos um ligeiro desentendimento. Ele abriu-me a porta do carro, eu entrei e não me mexi. Ele entrou no carro e disse-me: «Nem me abriste a porta!». Ao que eu respondi: «Pois não. Foi de propósito».

Daí que esse incidente esteja na base deste post, pois o teste existe, mas com fechos centralizados, tem os dias contados...

Bjs

Eva Shanti said...

moonj_Rita,

Bom gosto para uma tatuagem. Eu tenho escolhi um desenho geométrico omoplata direita - um dia destes mostro!

Se sou tua prima... Who Knows...

O Miguel Sousa Tavares é meu primo, mas tão tão afastada que nunca me atrevi da dizer-lhe nada.

Bjs

JNM said...

Adorei a explicação do sânscrito.
Todos conseguimos perde-nos em pensamentos de "ter", "ser", "conseguir"... Pensamentos "ex-persona" (o latim é mais a minha especialidade), ou seja, como se pudessemos fundar um ego assente no pressuposto de que nós, não somos nós. Digamos que olhamos para o nosso eu passado desde o nosso eu presente. Isto faz-nos desejar que a situação passada seja mantida ou modificada para melhor no presente.... bem já estou a divagar. O que eu queria mesmo falar (refilar) é sobre aquela história do ranhoso. Afinal, anda por aqui malta que até gostava de participar numas cenas engraçadas (escalada, montanhismo, pedestrianismo) mas anda envorgonhada...

Bota cá para fora.

Um beijo, ó assoadinha.

Eva Shanti said...

Arawn S,

«Teste do Beijo», esse é para ver se há química, certo? Supostamente, não será indicativo do carácter do outro, mas sim da compatibilidade a um outro nível... É isso?

Aguardo esclarecimento.

:)

Eva Shanti said...

Ahraht,

Confesso que a tua divagação me deixou confusa. Aquela do «ex-persona», num percebi!

Quanto a actividade outdoor, podes contar comigo. Gosto muito de caminhadas, trekking. Escalada, nunca fiz, só dei uns toques no rappel.

Mas já fui suficientemente maluca para ir para Marrocos, sozinha e juntar-me a um grupo de gente que não conhecia de lado nenhum para andar 12 dias pelas montanhas e subir o Atlas.

Foi uma experiência importante. Não só de relacionamento com os outros, mas também de sobrevivência. Foi num ano de seca e os cursos de água eram diminutos. Por exemplo, tive de escolher entre lavar os dentes ou guardar a água do cantil para a beber (escolhi a 2ª hipótese). Lembro-me de estar no meio do nada a comer uma laranja, pois precisava de alimento, não tinha nada para comer e ainda me faltavam ums kms até ao acampamento.

A subida do Altas também foi um feito. Perdi-me do trilho, estava a saltar de pedra em pedra e para me acalmar ia cantando: «Show mw the way to the next wiskhy bar, oh, don´t ask way...» Deu-me para aquilo! Saí do trilho, porque fui atrás de uns espanhóis que também não percebiam nada daquilo e acabei por ficar para trás. Vinha um casal de franceses a descer que me tentou dar uma ajuda e gritavam-me umas «francesices», mas onde eu estava não valia muito.

Pior, para lidar com a altitude, ia alternando um cubo de açúcar com uma aspirina... Não contei a ninguém...

Podia ficar horas a falar dessa viagem. Também tenho outras engraçadas, como a minha aventura de um total de 2 meses na Turquia. E claro, por hábito viajo sozinha, porque se estivesse à espera de quem me acompanhasse nestas aventuras ficava fechadita em casa.

Tenho é pena de não ter viajado 1/3 daquilo que gostava!

Bjs

kiko said...

Todo o sentido! Como ainda não tenho idade para conduzir, não sabia ;) :D:D bj

Vespinha said...

Desta não sabia!
Ele há cada uma...lol

Bj

Unknown said...

Estou de acordo com o Armando Ésse.
Sempre abri as portas e, no carro, não me lembro se alguma vez me abriram a porta por dentro.
Mas também nunca o esperei.
E talvez por nunca ter esperado, a porta foi aberta e eu não percebi a deixa.
Raios partam a educação que me deram, sem estas preciosas dicas.